Nos próximos três meses, o volume de chuvas deve diminuir em comparação com o verão

Foto: Lucas Amorelli, Arquivo DC
A Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) confirmou, na última quinta-feira (10), o encerramento do fenômeno La Niña, que influencia o comportamento do clima global. O evento, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, vinha contribuindo para períodos mais secos no Sul do Brasil, mas com efeitos pouco significativos em Santa Catarina, segundo especialistas.
De acordo com o meteorologista Marcelo Martins, da Epagri/Ciram, a atuação do fenômeno no estado foi discreta. “A influência do La Niña foi praticamente nula em Santa Catarina. No verão, por exemplo, o impacto direto foi irrelevante”, destacou.
Com o fim do La Niña, Santa Catarina entra agora em um período de neutralidade climática. A previsão para os meses de abril, maio e junho é de instabilidade e variações acentuadas no tempo. A Epagri alerta para uma combinação de estiagens pontuais, especialmente em abril, e eventos de chuva intensa concentrada em curto espaço de tempo, além da possibilidade de temporais com granizo, raios e ventania.
Previsão para abril, maio e junho em SC
Nos próximos três meses, o volume de chuvas deve diminuir em comparação com o verão. A média mensal de precipitação deve ficar entre 80 mm e 140 mm nas regiões entre o Planalto e o Litoral, e de 130 mm a 190 mm no Oeste e Meio-Oeste. As chuvas previstas ocorrerão principalmente devido à passagem de frentes frias, sistemas de baixa pressão e vórtices ciclônicos.
Outro destaque do outono são os ciclones extratropicais, que devem ocorrer com maior frequência nas regiões litorâneas do Uruguai, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esses sistemas trazem consigo ventos fortes, mar agitado e risco de ressaca — o que pode representar perigo para a navegação.
Apesar do início de estação mais ameno, a tendência é de queda acentuada nas temperaturas a partir de maio, com o frio ganhando força no Sul do país. A formação de geadas é esperada entre o Extremo Oeste e o Planalto. A partir de junho, massas de ar polar devem atingir o estado com mais intensidade, aumentando o risco de geadas e até mesmo episódios de neve nas áreas mais altas.
A nebulosidade baixa e a ocorrência de nevoeiros também devem marcar presença ao longo da estação, reduzindo a visibilidade em algumas regiões.
E o que é o La Niña, afinal?
O La Niña acontece quando as temperaturas da superfície do Oceano Pacífico Equatorial permanecem, por pelo menos cinco meses consecutivos, abaixo de -0,5°C. Esse resfriamento altera os padrões de troca de calor com a atmosfera, gerando efeitos em diversas partes do mundo. Em Santa Catarina, o fenômeno costuma estar associado à redução das chuvas e ao aumento da intensidade dos temporais durante o verão.
Com o ciclo do La Niña encerrado, a NOAA prevê que o cenário de neutralidade climática deve permanecer, com mais de 50% de chance de continuidade entre agosto e outubro, o que pode influenciar diretamente as condições do inverno e da próxima primavera.