Mais de uma década se passou desde que se iniciaram as discussões sobre o fim das pensões alimentícias para ex-governadores catarinenses, e agora volta à tona o assunto, numa tentativa, talvez, de ludibriar o povo para as próximas eleições, passando a imagem de políticos do bem, preocupados com o bem-estar e o desenvolvimento do estado, pois é vergonhoso o abuso que fazem com o dinheiro público para manter mordomias e vida fácil da classe política do país.
É vergonhoso saber que nossos representantes fazem da política uma profissão e fazem do cargo público um trampolim para ganhar poder político usando e abusando do poder que lhes é inerente para legislar em causa própria, manipular pessoas, comprar consciências, vender dignidade. É inadmissível que tenhamos de aceitar a convivência com tamanha inversão de valores e desrespeito humano. É triste saber que somos os responsáveis por tê-los posto onde estão, mas se o fizemos foi porque neles acreditamos, infelizmente.
É revoltante saber que nosso estado anualmente consome R$ 3,7 milhões em aposentadoria a oito ex-governadores e às viúvas de outros três, lembrando que não importa o tempo de permanência no cargo para gozar do benefício, a exemplo de um que assumiu o governo por meros seis meses e recebe o benefício integral. Quantos salários mínimos poderiam ser pagos a quem precisa? Quantas escolas poderiam ser reformadas? Quantas creches construídas? Quanta medicação nas prateleiras do SUS? E quantas outras coisas mais…
Paralelo a isso acompanhamos a farra do dinheiro público pelos deputados e nos decepcionamos com as manchetes que acompanhamos nas mídias, como por exemplo: “Contrato entre Assembleia Legislativa de Santa Catarina e terceirizada prevê quatro ascensoristas ao custo mensal de R$ 6,2 mil cada”. Com todo respeito ao profissional que fica dentro do elevador para recepcionar visitantes e apertar botões, mas que professor de escola pública que estudou, trabalha dentro e fora da escola, enfrenta o descaso da sociedade, até apanha de aluno, que ganha um salário de seis mil reais? Quanto ganha um profissional da saúde para zelar por tantas vidas? Qual o salário de tantos outros profissionais que investem na sua formação e apenas sobrevivem numa sociedade tão desigual?
O que temos acompanhado no cenário nacional nos dá conta que chegamos a um nível de desrespeito sem precedentes. O balcão de negócios, o toma lá dá cá virou rotina na política brasileira. Não fazemos nem ideia quanto custa a permanência de um corrupto no poder. A única certeza que temos é de que a impunidade existe, que o dinheiro fala mais alto, que os nossos políticos ignoram que a corrupção empurra a nação para trás, emperra o desenvolvimento.
É preciso educar as novas gerações para a cultura de que é possível ser competente e honesto desde que se cultue a integridade de caráter. E é contando com a integridade de caráter que esperamos que se acabe de vez a farra do dinheiro público a começar pelas gordas pensões vitalícias de nossos governadores que deveriam ser o exemplo maior no estado.