Paulo Junior da Costa, 22 anos, foi morto por dois homens na véspera do Ano-Novo, ao fazer uma corrida via aplicativo para Laguna.
Por quatro dias, a família do universitário e motorista de aplicativo Paulo Junior da Costa, 22 anos, encontrado morto com um tiro no rosto, sexta-feira (4), em Santa Catarina, conviveu com a angústia pela falta de informações sobre o paradeiro do jovem e com extorsão praticada por criminosos que alegavam ter sequestrado o motorista.
O desabafo foi feito pelo pai do rapaz, o caminhoneiro Flávio Paulo da Costa, 49 anos, durante velório do filho, em Guaíba (RS), cidade onde morava e onde ocorre o sepultamento, no cemitério municipal, ao final da tarde deste sábado (5).
O estudante de Engenharia Mecânica na UniRitter havia saído de Porto Alegre na véspera de Ano-Novo para levar dois homens até Laguna, mas acabou assassinado pela dupla e enterrado em uma cova rasa, em uma matagal da cidade, no litoral sul catarinense.
Conforme o pai da vítima, ele recebeu ligações e mensagens via celular de desconhecidos que exigiam dinheiro para “liberar” o filho de um suposto cativeiro. “Desde o começo, fui vítima de chantagem. Mandavam depositar dinheiro em conta bancária. Eu quase fiz isso. Cheguei a entrar em uma lotérica com R$ 3 mil, mas desisti. Até ontem (sexta-feira) continuavam ligando. Tudo isso a gente passou para a polícia investigar”, lamentou o pai.
Recebendo abraços de conforto de parentes, amigos e vizinhos na porta do salão nobre das Capelas do Narciso, onde o corpo de Costa foi velado, o caminhoneiro lembrou da última conversa que teve com o filho, por telefone, às 20h43min de 31 de dezembro, dia do desaparecimento.
“Estava em casa, preparando o churrasco. Percebi que faltaria carvão e liguei para ele, pedindo que comprasse ao voltar para casa. Ele respondeu: Tá bom. Tô indo pai. Mas ele já estava com os bandidos”, lamentou Flávio.
Costa foi atraído para a morte por dois homens que chamaram uma corrida via aplicativo da Uber, no bairro Sarandi, zona norte da Capital, por volta das 17h do último dia de 2018. Os passageiros eram Wesley Nunes Ferraz, 27 anos, e Jackson do Nascimento, 20 anos, catarinense, que estava refugiado na casa de Ferraz. Conforme a polícia, a dupla tem antecedentes por homicídio, tráfico, roubo, furto e lesão corporal.
O destino dos dois bandidos era Laguna, de onde Nascimento teria fugido com medo de outros criminosos locais. Ele estaria voltando atendendo pedido de uma namorada para que comemorassem juntos o Réveillon. O sistema de aplicativo da Uber indica que Costa perdeu o contato com a empresa quando se deslocava por Santo Antônio da Patrulha, no litoral norte gaúcho.
“Inicialmente, se tratava de uma corrida, mas durante o percurso as coisas se alteraram por circunstâncias que ainda não sabemos. Os dois (Ferraz e Nascimento) são criminosos, pessoas com desprezo pela vida humana e sem apego a valores morais”, comentou a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP de Porto Alegre.
Ferraz e Nascimento foram presos em Laguna pela polícia local. Ferraz foi levado para Porto Alegre por conta de uma ordem de prisão temporária contra ele. Nascimento, que indicou o local onde estava o corpo da vítima, foi autuado em flagrante por ocultação de cadáver e segue preso em Laguna. Um acusa o outro pela morte do motorista. A Polícia Civil catarinense e o DHPP abriram inquéritos para investigar o caso. Para a delegada Roberta, as hipóteses para o assassinato ainda estão em aberto. Aparentemente, se trata de um latrocínio (roubo com morte).
“A motivação é uma questão complexa, e, neste momento, não se pode fazer uma avaliação definitiva. Sabe-se que eles se apropriaram do veículo da vítima”, disse Roberta. O automóvel da vítima é um Grand Siena, ano 2015, comprado havia dois meses pelo pai de Costa, e que foi localizado pela polícia em Orleans distante 80 quilômetros de Laguna.
“Dei esse carro para ele. Fazia estágio pela manhã, aqui em Guaíba, e estudava à noite, em Porto Alegre. Resolveu trabalhar à tarde com aplicativo para ganhar um dinheirinho e garantir a gasolina para ir à faculdade”, lembrou o caminhoneiro. O pai contou que, nas poucas horas de lazer do filho, o rapaz aproveitava para jogar futebol. Gremista fanático, foi velado com uma bandeira do clube sobre o caixão.
Com informações do site Diário Catarinense