A palavra estupro por si só causa repulsa ao ser lida, escrita ou falada, e nunca como nos últimos tempos o ato de estuprar foi tão presente e tão violento como os casos que estamos vivenciando. A cada onze minutos uma mulher é violentada no Brasil. E muitas vezes ainda a culpa recai sobre a vítima.
Neste ano já usei este espaço para falar inúmeras vezes sobre violência sexual: nos lares, nas escolas, nas universidades, nas ruas, nos ambientes de trabalho, enfim em todos os lugares, alguns até inimagináveis, com o intuito de trazer a discussão às famílias, às instituições de ensino, à sociedade de uma forma em geral para que se busque alternativa para extirpar essa maldita cultura machista que amedronta e causa tanto sofrimento à mulher. Porém, a cada dia somos surpreendidos com casos aterrorizantes, a exemplo do que aconteceu no Rio de Janeiro com a adolescente abusada por trinta homens, e também uma de catorze anos no Piauí estuprada por cinco. Seja um ou vários, não importa a quantidade, trata-se de uma monstruosidade que não pode ser tolerada, pois compromete além da saúde física, e em maior proporção, a saúde emocional.
O que dizer de trinta monstros que foram capazes de tamanha atrocidade com uma menina desacordada? Independente da conduta que alegam sobre a jovem, vamos referenciar aqui um ser humano, uma menina, que poderia ser filha de alguns dos que lá estavam. Falamos aqui da figura da “mulher” que apesar da evolução do mundo continua sendo tratada como ser inferior, subjugada, porque a cultura do “macho” está tão enraizada na nossa sociedade, a ponto que o homem esquece que ele só existe porque teve uma mulher que o pariu; que a mãe dos seus filhos é uma mulher; que é no corpo da mulher que a vida se faz.
Dividem-se as opiniões, culpa-se a menina pelo seu comportamento fora dos padrões, por usar drogas, por usar roupas provocantes, por ter iniciado sua vida sexual aos treze anos, e tantos outros argumentos, mas nada disso dá o direito de marmanjos terem feito o que fizeram. Sexo em grupo não é crime desde que haja consentimento e consciência dos participantes, mas abusar de uma pessoa inconsciente é um ato de selvageria, é crime hediondo. É preciso que haja punição, pois é a impunidade que estimula tais atos, e faz com que a mulher cale, na maioria das vezes por medo, o que não significa dizer que é conivente, cúmplice, responsável pela situação. E o caso em questão é uma fiel demonstração disso, pois os bandidos ultrapassam os limites ao usar a internet para divulgar tamanha barbárie, porque sabem que nossas leis são frouxas. Eles não acreditam em punição, pois a prática de abuso contra meninas é rotina nas ditas “comunidades” e eles continuam dominando, ditam as normas, criam as próprias leis, roubam o direito dos mais fracos.
Estupro é crime, e como tal deve ser punido, pois nenhuma mulher merece passar por isso. É muita brutalidade e precisa-se de leis impactantes com punição dura, sem flexibilização para que haja intimidação em relação a essa prática que está se tornando rotina no país.