A pesquisa foi publicada no início deste ano

Foto: Leo Munhoz, Arquivo NSC Total
Um estudo da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, acendeu um alerta preocupante para as próximas décadas: até 2100, o nível do mar pode subir até 1,9 metro, colocando em risco inúmeras cidades costeiras de Santa Catarina, incluindo boa parte da Grande Florianópolis. A projeção considera um cenário de continuidade nas altas emissões de carbono. A pesquisa foi publicada no início deste ano, segundo informações de O Globo.
Utilizando dados da Climate Central, uma organização especializada na avaliação de riscos costeiros, os pesquisadores demonstram que a perda de gelo na Antártida pode causar impactos devastadores na costa catarinense. Na Ilha de Santa Catarina, por exemplo, praticamente todas as áreas sentirão as consequências da elevação do mar.
Os bairros do Norte da Ilha, como Daniela, Jurerê, Estação Ecológica de Carijós, Vargem Pequena, Recanto dos Açores, Ratones, Cachoeira do Bom Jesus, Vargem de Fora e Vargem do Bom Jesus, estão entre os mais vulneráveis. Na Barra da Lagoa, quase metade do território poderá ser submerso. Regiões como Carianos e Tapera também correm sério risco de inundação.
Já no continente, em Florianópolis, áreas como Abraão, Itaguaçu, Coqueiros e Estreito são apontadas como zonas de risco. Em São José, bairros como Serraria, Jardim Santiago, Ipiranga, Barreiros, Praia Comprida, Ponta de Baixo e toda a extensão da Avenida Beira Rio também podem ser tomados pelas águas.
Palhoça e Biguaçu sob ameaça direta
Na cidade de Palhoça, o centro e bairros como Aririú da Formiga, Vila Nova/Barra, Rio Grande e Ponte do Imaruim são áreas críticas. Maciambu e a famosa Praia da Pinheira também estão sob risco de submersão total.
Em Biguaçu, os bairros Centro, Praia João Rosa, Prado e Saudade podem ficar debaixo d’água caso as projeções se confirmem.
Outras regiões catarinenses em alerta
O impacto não se limita à Grande Florianópolis. Outras áreas de Santa Catarina também enfrentam ameaça de inundação, incluindo:
Governador Celso Ramos, especialmente na Praia de Canto de Ganchos e Quinta dos Ganchos;
Tijucas, com foco na região de Santa Luzia e BR-101;
Paulo Lopes, nas proximidades da Praia da Gamboa e Rio da Madre;
Garopaba, na área de Areias de Palhocinha;
Imbituba, em locais como Sambaqui, Riacho Ana Matias e Lagoa de Imaruí;
Laguna, especialmente na Bifurcação e bairro Estreito;
Araranguá, nas localidades de Hercílio Luz, Ilha, Vila Campesina e Balneário Morro dos Conventos;
Além de Bombinhas, Porto Belo, Balneário Camboriú, Navegantes, Itajaí, Piçarras, Joinville, São Francisco do Sul, Itapoá, entre outras.
Impactos se estendem pela América do Sul
A ameaça não se restringe ao Brasil. Em toda a América do Sul, cidades costeiras ou próximas a grandes corpos d’água também estão na zona de risco. Porto Alegre, mesmo longe do litoral, está vulnerável devido à proximidade com rios suscetíveis a transbordamentos.
Outros exemplos incluem o Rio de Janeiro, Buenos Aires (Argentina), Maracaibo (Venezuela), e Punta del Este (Uruguai), todos ameaçados por inundações e perda de territórios.
Necessidade urgente de ação
Segundo Benjamin Grandey, principal autor da pesquisa, a situação reforça a urgência na redução das emissões de gases de efeito estufa e na adaptação das cidades costeiras. A organização ambiental Earth também alerta que, além de cortar emissões, é fundamental investir em medidas de adaptação, como barreiras de contenção e sistemas de proteção contra inundações.
O alerta serve como um chamado para governos e sociedade se prepararem para os desafios climáticos que, ao que tudo indica, já não são mais uma questão de “se”, mas de “quando”.