Formação de professores e investimento em materiais didáticos estão entre as medidas citadas
O Ministério da Educação (MEC) divulgou na última terça-feira (28) que 61% das crianças que estudam em escolas da rede pública de Santa Catarina foram alfabetizadas na idade certa em 2023. Houve um aumento em relação a 2021, quando a taxa de alfabetização foi de 55%.
Os dados fazem parte dos primeiros resultados divulgados pelo Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, programa do governo federal que tem o objetivo de garantir que os alunos de 6 e 7 anos aprendam a ler e a escrever.
Segundo o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Santa Catarina (Undime-SC), Alex Tardetti, o resultado do MEC é positivo em Santa Catarina, ainda que não tenha retornado ao índice pré-pandemia.
— É um índice bom. A gente gostaria que fosse 80%? Com certeza. Mas a gente tem todo um histórico pandêmico. Os primeiros, segundos e terceiros anos do ensino fundamental foram os níveis mais afetados na pandemia. Porque não se faz alfabetização à distância — avalia o presidente.
Em relação às outras unidades da Federação, Santa Catarina teve a sexta maior taxa de alfabetização de crianças no índice do MEC. Em 2019, o Estado estava em segundo lugar, atrás apenas do Ceará.
Medidas estaduais
Segundo Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, os resultados do MEC mostram que os estados com programas de alfabetização mais desenvolvidos conseguiram se recuperar melhor da pandemia.
— A alfabetização é de responsabilidade dos municípios. Só que os municípios brasileiros, em Santa Catarina também, são muito pequenos, e geralmente têm dificuldade de estruturar suas próprias políticas de alfabetização. Então os governos estaduais têm um papel muito importante de apoiar os municípios — explica.
O especialista cita o exemplo do Ceará, cuja taxa de alfabetização é a maior do Brasil, de 85%. Segundo ele, o estado nordestino investe desde 2007 em ações como materiais, formação de professores, acompanhamento pedagógico e incentivos como bolsas para educadores e premiações por escolas.
Em Santa Catarina, a Secretaria da Educação trabalha desde 2023 na construção da Política de Alfabetização do Território Catarinense, em colaboração com o MEC e com entidades municipais.
Segundo o presidente da Undime-SC, Alex Tardetti, a reconstrução da alfabetização pós-pandemia passa por três eixos principais: formação de professores, investimento em infraestrutura e reeducação de alunos afetados pela pandemia.
A formação de professores passa não apenas pela formação inicial, mas também pela chamada formação continuada, com cursos e capacitações permanentes aos educadores.
— O aluno é protagonista de todo o processo. Só que isso precisa passar pelo crivo de um profissional que saiba o que está fazendo, então não tem como a gente não falar em formação de professores. Nosso trabalho é fiscalizar e fortalecer para que as entidades que estão comandando a formação deem para o Estado as informações de como estão ocorrendo essas formações — diz Alex.
Já o investimento em infraestrutura tem a ver com construir bibliotecas e salas temáticas de leitura, ambientadas para a alfabetização, com material didático complementar e capaz de engajar os alunos.
Outra política pública é a recomposição da aprendizagem de turmas do 4º e 5º ano, que tiveram o processo de alfabetização prejudicado na pandemia.
— Temos que implementar um programa que vá ao encontro das nossas dificuldades. É lógico que não é possível estancar tudo o que perdemos na pandemia. Vão ficar algumas sequelas a muitos estudantes. É uma força-tarefa, entre família, escola e sociedade, que temos que conduzir — reflete.
Em nota para a reportagem, a Secretaria do Estado de Educação explicou que “tem investido continuamente em políticas públicas voltadas para a educação básica, proporcionando recursos e apoio para crianças se alfabetizarem na idade certa” e que aderiu ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Veja a nota completa abaixo.
“O Governo de Santa Catarina tem investido continuamente em políticas públicas voltadas para a educação básica, proporcionando recursos e apoio para crianças se alfabetizarem na idade certa.
Desde o primeiro ano da nova gestão, a Secretaria de Estado da Educação trabalha na construção da Política de Alfabetização do Território Catarinense, em regime de colaboração com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime/SC) e outras instituições.
O Estado aderiu ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Um dos eixos do programa é o da Infraestrutura, que prevê assistência técnica e financeira do Ministério da Educação para que as redes possam dispor de materiais e instalar espaços de incentivo a práticas de leitura.“
Com informações do NSC Total