Uma equipe, formada por oito especialistas, está trabalhando no estudo técnico preliminar para o restauro do Cemitério dos Imigrantes de Azambuja, considerado o primeiro cemitério dos imigrantes italianos no Sul do Estado de Santa Catarina. O Centro Universitário Barriga Verde (Unibave) foi contratado pela prefeitura de Pedras Grandes para elaboração do estudo técnico preliminar, memorial descritivo, projeto básico, executivo e demais estudos necessários para o projeto de restauro.
Parte da equipe já esteve no local para realizar os testes com as fichas elaboradas, bem como alguns testes com equipamentos que serão utilizados como estação total e GPS. O prazo para a elaboração do projeto é de seis meses e deverá passar pelo Conselho de Patrimônio do Município. O local conserva relíquias históricas, como cruzes de ferro, lápides inscritas na língua italiana e túmulos que datam do final de século XIX.
A equipe que atua no projeto é composta por arqueólogos, museólogos, engenheiros, técnico de geoprocessamento, historiador, arquiteta, conservador e restaurador. Conforme o historiador e museólogo, Idemar Ghizzo, que chefia a equipe multidisciplinar, há relatos orais de que o primeiro sepultamento teria ocorrido em um local próximo ao assentamento dos imigrantes e, mais tarde, transferidos para o local onde hoje se encontra o cemitério histórico, ocorrido ali um ano após a chegada dos pioneiros. Um imigrante italiano faleceu ao ser atingido na cabeça por um grande galho de árvore.
“É um dos mais importantes registros do período da colonização iniciada em 1877 em Azambuja que o município começa a restaurar, como homenagem aos imigrantes”, afirma o prefeito Agnaldo Filippi.
Para realizar os estudos preliminares do projeto de restauração do cemitério e identificar todos os túmulos, a Prefeitura de Pedras Grandes e o Unibave celebraram um contrato cujo investimento é de R$ 105 mil, por meio de Processo Administrativo n° 40/2023, e o prazo de execução é até 31 de dezembro deste ano.
História
No livro escrito pelo desembargador Vieira Ferreira, que registra a memória sobre a fundação, pelo engenheiro Joaquim Vieira Ferreira de uma colônia de imigrantes italianos em Santa Catarina denominada Azambuja, há um precioso recorte a propósito do cemitério local:
“O alto monte à esquerda de quem chega pela estrada marginal ao rio Pedras Grandes foi o ponto de partida na construção do povoado. No sopé, à sombra da floresta, se pôs, por necessidade no momento, o primeiro cemitério, onde foi sepultado um colono atingido pelos galhos de uma árvore na continuação da derrubada com a cooperação dos imigrantes recém-chegados. Construiu-se outro depois, na encosta de um pequeno vale.
Abriram-se duas ruas, a principal à margem direita do rio Pedras Grandes e a outra pela do Cintra, a começar de sua confluência. No ângulo formado a montante pelos dois rios aplanou-se uma praça triangular, além da qual se elevava a última projeção do morro divisor de suas águas”, registrou Vieira Ferreira na obra intitulada Azambuja e Urussanga.