Segundo a polícia local, eles teriam inalado gás, supostamente monóxido de carbono.
A polícia chilena está investigando o que pode ter causado a morte de seis turistas brasileiros – cinco deles catarinenses – em um apartamento na cidade de Santiago, no Chile. Segundo a polícia local, eles teriam inalado gás, supostamente monóxido de carbono.
As vítimas são um casal de Biguaçu, na Grande Florianópolis, Fabiano de Souza, de 41 anos, e Débora Muniz Nascimento de Souza, de 38 anos; os filhos Karoliny, que completaria 15 anos nesta semana, e Felipe, de 13; Jonathas Nascimento Krueger, de 30 anos, irmão de Débora; e a esposa dele, Adriane, que é de Goiânia. Eles estavam com a viagem de volta marcada porque a mãe de Débora e Jonathas faleceu em Florianópolis no dia anterior.
De acordo com a engenheira civil especializada em prevenção contra incêndio e professora da Unisul Daniela Milanez Zarbatto, é bem provável que, com o frio intenso no Chile, o apartamento estivesse todo fechado, sem qualquer fresta ou janela aberta. “E se o aparelho estava com problemas, o processo da combustão liberou muito monóxido de carbono, que acabou rapidamente consumindo todo o oxigênio do ambiente. Como havia seis pessoas no local, isso deve ter acelerado o desmaio coletivo, e, posteriormente, as mortes”, avalia.
“Quando não há ventilação e os equipamentos estão sem manutenção, eles podem provocar a queima do oxigênio, ou melhor, do ar respirável, que é composto de vários gases, cada um em porcentagens diferentes. O ar respirável é composto de 21% de oxigênio, 2% de gases nobres, 1% de gás carbônico e 78% de nitrogênio”, explica Daniela.
A engenheira ainda diz que os sintomas vão depender da quantidade de monóxido de carbono no local. Geralmente, começa com uma náusea, causando também tontura e dor de cabeça. Permanecendo no local, pode começar a comprometer o sistema nervoso, a pessoa começa a ficar confusa e pode perder a consciência. O quadro vai se agravando cada vez mais, até levar à morte, “que é o que provavelmente deve ter acontecido com eles”, comenta. “A falta de manutenção associada à falta de ventilação permanente devem ter sido a causa provável das mortes”, complementa.
Daniela acrescenta que, como prevenção – valendo para todos os casos –, todos os aparelhos a gás devem somente ser instalados em ambientes que tenham ventilação permanente. “O sistema de gás é um conjunto de central de gás (armazenamento em cilindros), tubulações adequadas e dimensionadas para atender a pressão de uso e vazão mínima, registros de corte para fechamento em caso de vazamentos, válvulas que regulam a pressão de uso e os aparelhos regulados para o limite de liberação de monóxido de carbono”, detalha.
Orientação do Corpo de Bombeiros
O capitão Marcos Leandro Marques, chefe da Seção de Atividades Técnicas do 8ºBBM de Tubarão, explica que os aquecedores de água a gás, que são os mais comuns nos prédios residenciais, precisam estar com a manutenção correta e funcionando bem. “Além disso, precisa estar num local ventilado permanentemente, que é o que sempre cobramos nas vistorias, em cozinhas e áreas de serviço, que geralmente é onde fica o aquecedor de água a gás”, especifica. “Esta ventilação permanente é a responsável para que se tenha um índice de oxigênio adequado para o queimador funcionar bem e ter a queima completa. Quando tem pouco oxigênio, existe a queima incompleta, que acaba liberando o monóxido de carbono, que é tóxico”, explica. “Uma outra forma de garantir a segurança das pessoas que estão na edificação é colocar detectores de fumaça e monóxido de carbono. Estes detectores têm preços acessíveis e alertam as pessoas tanto de um incêndio como de vazamento de monóxido de carbono, uma vez que ele é incolor e inodoro”, sugere.
Com informações do Jornal Diário do Sul