A professora e colunista Ana Maria Dalsasso comenta sobre os fatos envolvendo brasileiros em vídeos polêmicos na Rússia, durante a Copa do Mundo.
Falar de educação é falar de atitude, porque nosso comportamento social será o reflexo da educação que recebemos. Precisamos ser exemplo, e para ser exemplo precisamos ter atitude, ensinando e vivenciando os valores inerentes a todo cidadão de bem, através da postura e comportamento que temos na escola, família, igreja, meios de comunicação, empresas, amigos, enfim em qualquer situação e em qualquer lugar do mundo.
E falando em mundo, a Copa, como qualquer evento, sempre deixa lições preciosas que merecem reflexão, uma vez que a imagem de uma nação é exposta exatamente pela educação dos seus representantes.
Serão muitas as lições que ficarão do evento, mas comecemos pela desagradável atitude de alguns brasileiros, todos letrados, que na Rússia induziram uma torcedora à gravação de um vídeo com palavras desrespeitosas sobre “mulher”, repetidas inocentemente uma vez que ela não domina o nosso idioma.
Impressionada com a alegria contagiante, característica do povo brasileiro, entrou numa brincadeira de mau gosto. O que mais indigna qualquer um, é saber que os tais indivíduos são pessoas dotadas de um nível superior de conhecimentos: advogado, policial, empresário, ex-secretário de governo, enfim seja o que for, deveriam ser exemplos, porque afinal são autoridades em quem acreditamos que nossos filhos possam confiar e estar protegidos.
Vergonhoso para o policial que aparece, no exercício da função, em vídeos em campanha em defesa da mulher por ser discriminada, mas longe da farda é um otário como tantos outros. E o advogado que na imponência de sua toga e com um discurso rebuscado lança-se numa defesa invejável quando nos tribunais, impondo credibilidade e respeito, mas longe da toga não passa de um imbecil.
Discurso e teoria não caminham juntos. E assim, todos, não só os do vídeo indecoroso, mas todo e qualquer cidadão, de qualquer nação do mundo, tem o compromisso de respeitar sua pátria dentro e fora dela. Independente de classe social, nível cultural, posição que ocupa, o respeito, o compromisso e a humildade são virtudes que devem fazer parte do cotidiano.
Há quem defenda a atitude covarde desses cidadãos, e eles próprios justificam que foi apenas uma brincadeira mal interpretada. Será que se fosse com uma filha deles, a mãe, uma irmã, enfim alguém da família, encarariam dessa forma? E como as famílias deles estão encarando essa atitude? É preciso lembrar que, quando vamos para outro país é necessário termos bom senso e agirmos com precaução, porque estamos diante de outra cultura e toda discrição é importante. E como diziam meus pais: “na casa dos outros o comportamento tem de ser melhor do que em casa”.
Lembrem-se: não está havendo exagero em relação ao fato, mas estamos cansados de ver denegrida a imagem do Brasil lá fora, e atitudes como essa contribuem para que as pessoas reflitam que a educação é o reflexo do país, e sendo um processo contínuo acontece a todo tempo, em qualquer lugar ou situação, das mais variadas maneiras.