Câmeras das fardas estavam desligadas; imagens mostram o homem entrando na viatura da PM antes de não ser mais visto pela família
A Polícia Civil investiga o possível envolvimento de dois policiais militares no desaparecimento de um homem há 24 dias em Laguna, no Sul. Nessa segunda-feira (8), o delegado Bruno Fernandes confirmou que a Justiça deferiu o pedido de afastamento dos agentes das funções. Eles teriam sido os últimos a verem Diego Bastos Scott, no dia 15 de janeiro.
Segundo o Comando da Polícia Militar de Santa Catarina, as câmeras utilizadas nos uniformes dos agentes durante a abordagem estavam desligadas. Uma investigação apura “se houve falha no sistema das câmeras ou se o desligamento foi proposital”.
Imagens de video monitoramento da rua que foram divulgadas em 18 de janeiro mostraram Diego, de 39 anos, entrando em uma viatura após a PM ter sido chamada para apartar uma briga entre ele e o pai, no bairro Progresso.
No boletim de ocorrências, porém, os agentes informaram que o homem havia deixado o local e não estava presente no momento do flagrante.
Após a filmagem ter sido divulgada por veículos de comunicação, os agentes foram transferidos para funções administrativas e ouvidos novamente. Em segundo depoimento, eles disseram que levaram o homem para um lugar ermo, para que ele não voltasse a incomodar parentes. Segundo a PM, familiares de Diego informaram que ele é dependente químico.
Investigação
O local exato em que o homem foi deixado pelos policiais não foi informado. A Polícia Militar abriu um inquérito para investigar o caso e, de acordo com Josias Machado, subcomandante do 28º Batalhão da PM, as investigações seguem em sigilo. O Ministério Público também acompanha.
— A intenção da PM é de que a situação seja esclarecida o mais rapidamente possível. Tudo ainda está muito nebuloso — disse Machado.
Os dois agentes não tiveram os nomes divulgados. Segundo a polícia, além de apurar o motivo das câmeras pessoais estarem desligadas, são investigados crimes de ordem militar e de transgressão disciplinar militar. O prazo do inquérito militar é de quarenta dias, prorrogáveis por mais 20.
Em nota, a PM informou também que “busca a verdade e preza pela correção das atitudes. Em conjunto com as demais forças de segurança do Estado, está apurando o fato com base na legislação vigente, fazendo buscas para tentar encontrar o homem desaparecido e mantendo contato com a família”.
Na segunda-feira (1º), a polícia fez buscas em uma piscina desativada na cidade. A família passou a informação de que Diego poderia estar lá. Os familiares também contrataram um caminhão para tirar a lama do local, mas nada foi encontrado.
O que diz a defesa dos agentes
Em nota, o advogado dos agentes informou que a câmera que fica com os policiais estava sem bateria. De acordo com Luis Fernando Nandi Vicente, o equipamento poderia “comprovar a versão apresentada pelos próprios policiais militares”.
Ainda conforme Vicente, os agentes “estão colaborando sempre que são chamados para prestarem esclarecimentos ou realizarem quaisquer diligências”.
Moradores que tiverem informações sobre o caso podem ligar para o Disque Denúncia, no 181, ou para a Polícia Civil no (48) 9 9118-3684.
Com informações do NSCTotal