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Diocese de Criciúma inicia estudo da Campanha da Fraternidade

O segundo estudo da Campanha da Fraternidade ocorre neste sábado, 11 de fevereiro, a partir das 08h30min, no Teatro Célia Belizária, em Araranguá.

Nesta quinta-feira, 09 de fevereiro, a Diocese de Criciúma realizou em Içara o primeiro estudo da Campanha da Fraternidade de 2012. Cerca de 180 pessoas participaram do evento realizado no período da manhã no Auditório da Cooperaliança e à tarde no auditório da Paróquia São Donato.

Composto pelo bispo Dom Jacinto Inacio Flach, padres, religiosas, coordenadores diocesanos e paroquiais de pastorais e movimentos, dentre outras lideranças e leigos, o grupo apreciou a temática sob a assessoria do Frei José Bernardi. Capuchinho da província do Rio Grande do Sul, o religioso dedica-se à formação na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, em Porto Alegre (RS) e também é Secretário Executivo Nacional da Pastoral de DST/Aids. Frei Bernardi atua há 12 anos no acompanhamento e convivência com pessoas portadoras do vírus.

“É uma alegria para mim, poder compartilhar deste momento. Tive o privilégio de participar do grupo que fez toda a discussão, desde o final de 2010 até agosto de 2011, e que elaborou o material, especialmente o texto-base da Campanha da Fraternidade 2012. Foi um espaço muito bom de aprendizagem, de discussão e também para podermos contribuir neste espaço que a Igreja oferece anualmente”, ressaltou o frei, no início de sua apresentação.

Segundo ele, o tema “Fraternidade e Saúde Pública” não trata-se de um tema “pacífico”: “Quando se fala em saúde no Brasil, num país nas proporções que temos, estamos diante de uma realidade muito grande e que por isso, envolve também muitos interesses.Nas últimas campanhas eleitorais, qual foi o tema que nenhum candidato deixou de falar? O tema da saúde”, explica.

De acordo com Bernardi, o que a Igreja espera, através da CF 2012, é provocar mudanças nos governos para que os gestores da saúde possam melhorar o serviço e ampliar a sua disponibilidade para que a população seja atendida em sua integralidade. “A Campanha da Fraternidade quer mostrar em quantas coisas crescemos e evoluímos pelo SUS. Se hoje o sistema é ruim, muito pior era antes que ele se instalasse”, garante.

Frei José Bernardi relata que no Brasil, quase 90% dos leitos de UTI estão ocupados por pessoas que não tem perspectiva de evolução no quadro clínico. Sobre o dado, propôs a reflexão acerca dos custos, da qualidade e do significado de se fazer isso.

Apresentando o objetivo geral da CF 2012, o frei ressaltou a importância de se preservar a vida com saúde e de recuperar a solidariedade para com os doentes nas famílias e comunidades.

Igreja contribui com a saúde no país

O assessor do estudo diocesano da Campanha da Fraternidade informa que em 1979 a CF embarcou numa mobilização nacional pela reforma sanitária. O lema da época foi “Saúde para todos”. Em 1990 influenciou na criação do SUS.

Dentre as oito metas da ONU estabelecidas no início dos anos 90 até 2015, a Igreja colaborou com as três relacionadas à saúde. A “redução da mortalidade infantil” através dos trabalhos da Pastoral da Criança, principalmente no uso do soro caseiro e no incentivo ao aleitamento materno (em 1980, a estimativa era de 69,12 a cada mil nascidos com menos de um ano de idade e em 2010 o número baixou para 19,88).

A “melhoria da saúde materna” através do apoio integral e orientação e supervisão nutricional às gestantes, sua preparação para o aleitamento e encaminhamento para consultas pré-natal.

Entretanto, o assessor destacou as atuais preocupações quanto ao aumento do índice de gestações na adolescência e dos partos cesáreos (38% em 2000 e 47% em 2007) e mortes neste tipo de concepção.

A Igreja Católica também colaborou no “combate a epidemias e doenças”, com ações de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis, o alerta sobre cuidados necessários em relação a doenças que se disseminam como hipertensão e diabetes e colaboração na eliminação da hanseníase e tuberculose, através do apoio prestado pela Pastoral da Saúde.

A meta de “garantia da sustentabilidade ambiental” também estabelecida pela ONU, através de oito temas abordados pela Campanha da Fraternidade: 1979 (Preserve o que é de todos), 1986 (Fraternidade e Terra), 2002 (Fraternidade e Povos Indígenas), 2004 (Fraternidade e Água), 2007 (Fraternidade e Amazônia) e 2011 (Fraternidade e Vida no Planeta).

Fatores de transição intervem na saúde no Brasil

Frei José Bernardi passou aos participantes do estudo um panorama geral da saúde no país e apontou quatro fatores intervenientes. A “transição demográfica”, com o aumento na média de idade da população brasileira (hoje a expectativa de vida é de 73 anos, mas há mais de 30 mil pessoas com mais de 100 anos em todo o país). A “transição epidemiológica”, com a mudança no perfil das doenças que atingem a população brasileira (30% dos óbitos se devem a problemas com doenças cardiovasculares, sendo que 20% dos homens e 25% das mulheres são hipertensos; o dado mais alarmante é de que dos 11 milhões de diabéticos, apenas 7,5 milhões deles tem conhecimento da doença). A “transição tecnológica”, onde a tecnologia avança na medicina, porém aumenta o custo e periga desumanizar e a “transição nutricional”: se antes a maior preocupação era com a desnutrição, hoje é com a obesidade, decorrente da mudança de hábitos alimentares.

Saúde é um direito, não um favor

O assessor chamou a atenção para o cuidado quanto a promessas políticas: “Se eu preciso, eu não vou pedir um favor, eu vou exercer o meu direito. Os impostos pagam o direito da população”. Frei José salientou ainda sobre a importância da prevenção, que nasce do sentir-se bem em todos os sentidos. “É sempre bom lembrar isso. A saúde não acontece no hospital. Quando se pensa em saúde, logo se pensa em doença”.

A saúde na Bíblia

No período da tarde, Bernardi concluiu o estudo falando sobre a saúde na dimensão bíblica, e destacou o livro do Eclesiástico, de onde também foi extraído o versículo que dá nome ao lema da CF 2012: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8). O frei citou ainda trechos do livro de Jó, no Antigo Testamento e no Novo Testamento a história sobre o cego de nascença e a parábola do Bom Samaritano. Assim, destacou a importância do silêncio em acompanhar e sentir a dor do outro e que fragilidade se cura com proximidade, atitude revelada nos sete verbos da parábola. Segundo o assessor “a doença não tem origem no pecado”.

Próximos estudos

O segundo estudo da Campanha da Fraternidade ocorre neste sábado, 11 de fevereiro, a partir das 08h30min, no Teatro Célia Belizária, em Araranguá.

Antes disso, na noite desta sexta-feira, 10, às 19h30min, a Diocese de Criciúma promove um estudo sobre a Pastoral de DST/Aids no Auditório da Paróquia São José, também assessorado pelo Frei José Bernardi.