Economia

Diagnóstico do projeto DEL é apresentado em Braço do Norte

Cerca de 90 pessoas, dos mais variados segmentos, foram entrevistadas na segunda etapa do projeto de Desenvolvimento Econômico Local – DEL, desenvolvido pela Facisc e encabeçado pela Acivale. São 15 cidades catarinenses envolvidas no projeto, sendo que Braço do Norte é a primeira do sul do Estado a aderir.

O diagnóstico das entrevistas foi apresentado na noite de terça-feira, 17, nas dependências da Churrascaria Castelinho, a empresários, representantes de entidades e poderes executivo, legislativo e judiciário.

De acordo com o presidente da Acivale, Roberto Michels, a intenção do programa é instituir um modelo de gestão, capaz de contribuir para o desenvolvimento da cidade planejando os próximos 20, 30 anos. "Por isso, a importância das entrevistas e do diagnóstico. O próximo passo é a institucionalização do DEL, com a formação do conselho e a criação das Câmara Técnicas. A Acivale estará sempre à disposição e o projeto precisa da participação efetiva de todos", completou.

O coordenador Estadual de Projetos da Facisc, Osmar Vincentin, apresentou as constatações das entrevistas. De acordo com o estudo, Braço do Norte tem um alto grau de empreendedorismo, o que é positivo para o município, se for bem utilizado. "Porém, 85,7% das entrevistas apontou que os imóveis são extremamente caros. Esse é um dos itens que podem estimular o crescimento do município, mas não o desenvolvimento", salientou.

Outros pontos positivos levantados foram a implantação da rede de esgoto, a qualidade do fornecimento de energia elétrica e que, no geral, há nos munícipes sensação de segurança. Também foi apontado, pelos entrevistados, um certo potencial turístico – mas não a vocação turística, a qualidade da matriz genética, a instalação do Senai e a produção e transformação de alimentos. Na contramão, foram apontados como pontos negativos os serviços de telefonia e internet – como ruins e caros, a falta de um parque industrial e o dilema entre agronegócio e meio ambiente.

O estudo apontou ainda que Braço do Norte tem um baixo nível de desemprego e conta com 'potencialidades' como os processamentos de alimentos, frigoríficos, geração de energias limpas e tecnologia da informação – TI. Além disso, são classificados como 'fortalezas' do município o empreendedorismo, o povo acolhedor, a segurança, a economia diversificada, a qualidade de vida, a geração e distribuição de energia, a agricultura adaptada em pequenas propriedades e as molduras.

Já como 'ameaças' foram constatadas as enchentes, a possibilidades das cidades em volta crescerem sem que Braço do Norte acompanhe, o êxodo do capital intelectual e o aumento da criminalidade e da favelização (devido o crescimento sem planejamento). As 'fraquezas' do município, para os entrevistados, são as poucas opções gastronômicas, de lazer e entretenimento, a falta de área industrial, incubadoras de empresas e condomínios empresariais, a falta de política de desenvolvimento urbano e rural e de atração de investimentos, o grande número de loteamentos irregulares, a pouca infraestrutura e mobilidade, a falta do anel viário e do transporte público coletivo, além da defasagem na atuação do meio ambiente (poluição hídrica, dejetos suínos, ocupações em áreas de risco) e, por fim, a falta de consenso sobre o Plano Diretor.

Conforme o estudo apresentado, Braço do Norte tem ainda como oportunidade a crescente produção agrícola, a localização geográfica privilegiada e a ampliação dos esportes, principalmente os praticados ao ar livre.

Finalizando o evento, o empresário Silvio Bianchini fez um apelo para que as lideranças municipais participem com entusiasmo do projeto. "Esta é a chance que nós temos para fazer Braço do Norte crescer", destacou.

Já o vice-presidente Regional Sul da Facisc, Carlos Becker Fornasa, comentou que a iniciativa é da Acivale, porém, o projeto DEL é da população.

Projeto DEL

O DEL consiste no envolvimento representativo da comunidade. Entidades públicas e privadas, clubes de serviços, associações de classe, educação e meio ambiente, movimentos organizados, associações comerciais e poderes executivo, legislativo e judiciário devem estar representados. E então, cria-se um conselho com essa representatividade.

O modelo surgiu na Alemanha, onde existem conselhos de desenvolvimento que pensam o município para o futuro. A Facisc adaptou o projeto para ser implantado nos municípios de Santa Catarina.

O que caracteriza o processo do programa DEL é a atuação dos munícipes na formulação de estratégias, na tomada de decisões econômicas e na sua implementação.

Colaboração: Suham Dellatorre

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