27 detentos produzem em média 250 metros quadrados de lajotas por dia nas duas fábricas do presídio Santa Augusta
O envolvimento com o tráfico de drogas mudou a vida de S.B. O pintor natural de Laguna acabou preso e condenado a nove anos e oito meses de detenção. O pagamento pelo erro cometido está a três meses do fim, no presídio Santa Augusta, em Criciúma e um trabalho desenvolvido por ele dentro da instituição contribuiu para a abreviação da pena. Ele está entre os 27 detentos que produzem lajotas em uma das duas fábricas instaladas no prédio. O material tem como destino as ruas incluídas no projeto Pavitotal, do Governo do Município em parceria com as comunidades.
Consciente do caminho falho e determinado a recuperar as vias corretas da vida, S.B. elenca dois grandes motivos para suar a camisa na fábrica de lajotas. O salário mínimo e a cesta básica ganhos com o trabalho vão para a mulher e os dois filhos. Além do incentivo financeiro e o abrandamento da pena, aprender uma nova função abre novas portas para quando conquistar a liberdade. “É uma oportunidade para nós nos capacitarmos e termos mais chances de conseguir um emprego lá fora. A discriminação de parte da sociedade faz com que muitos não abram portas para nós, mas outros têm humildade”, acredita.
Para integrar a equipe da fábrica de lajotas, S.B. pediu à direção do presídio e pode ser considerado um privilegiado por estar entre os que estão na atividade. Conforme o gerente responsável pelo presídio, Jovino Bagio Zanelato, há lista de espera de detentos querendo trabalhar. Para ele, a ocupação reflete em uma sensível melhora de comportamento. “Detento sem função geralmente dá problema e nesse trabalho eles se ocupam o dia inteiro e à noite o que querem mais é descansar”, relata.
Um dos indicativos da melhora de comportamento foi registrado no fim do ano passado. De acordo com Zanelato, todos os encarcerados que participam do projeto voltaram ao presídio após o término do benefício de saída temporária. O mesmo não aconteceu com outros detentos. Isso que a função requer muito esforço e dedicação no dia-a-dia. “Trato os presos como se fossem funcionários. Do muro para cá, das 7h30 às 16h, eles são trabalhadores comuns e têm de cumprir metas. Pouco interessa o que fizeram para estar aqui, porque a dívida deles está sendo paga”, diz o encarregado do projeto Pavitotal nas fábricas de lajotas do Santa Augusta, Dominício Freitas Sobrinho.
S.B. e os 26 colegas produzem em média 250 metros quadrados de lajotas por dia nas duas fábricas do presídio Santa Augusta. Com mais outras duas instaladas na Penitenciária Sul, a produção chega a 500 metros quadrados diários. “Uma rua, em média, tem 200 metros de extensão, os presidiários fazem material suficiente para pavimentar uma via em três dias. Nosso objetivo é implantar mais uma fábrica em cada penitenciária e baixarmos para dois dias de trabalho para obter o mesmo resultado”, revela o coordenador do Pavitotal, Jean Batista Custódia.
Desde o início da produção, no ano passado, ao todo 40 mil metros quadrados de lajotas saíram dos presídios para as ruas de Criciúma. Com o material dado pelo Governo do Município e as comunidades contribuindo com o pagamento da mão de obra, ao todo 24 vias em diferentes bairros receberam pavimentação. O objetivo, segundo Custódia, é chegar a perto de 200 em 2012.
O Projeto Pavitotal encaminha mais seis ruas para inauguração em breve. A pavimentação chegou para a população residente no bairro Argentina com cinco ruas: Antônio Bernardo Rechi, 1675-20, Erasmo Burato Geremias, José Gerônimo e Natal. O bairro São Defende, com a Rua Antônio de Bona, também foi contemplado.
Colaboração: João Pedro Alves