Iniciativa do Executivo visa a criação de um local adequado para abrigar esse grupo de pessoas, mas moradores se posicionam contrários.
A criação de um espaço adequado para abrigar os ciganos que chegam a Içara gera debate no município. A iniciativa, de autoria do Executivo, pretende garantir condições adequadas para a realização dos acampamentos desses grupos, buscando manter as tradições deles, ao mesmo tempo em que cuida da organização da cidade. Apesar da boa intenção, a proposta não está sendo bem vista por uma parcela dos içarenses.
O local apontado para receber o acampamento é um terreno localizado entre os bairros Jaqueline e Tereza Cristina, que é utilizado, atualmente, para a criação de gado. Entretanto, os vizinhos se manifestam contrários à instalação dos ciganos nesse espaço, pois acreditam que os recursos e o local deveriam ser revertidos para a população em geral e não apenas para um grupo.
“Podiam construir ali uma creche, um ginásio de esportes, que não seriam úteis apenas para os dois bairros, mas para toda a cidade”, ressalta a assistente social Carla Carvalho, que está na organização de um abaixo-assinado contra a instalação do acampamento no local.
Para demonstrar o posicionamento contrário, os moradores dos dois bairros participaram, na noite dessa segunda-feira (26), da sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Içara, buscando o arquivamento do projeto. Após uma longa discussão, os vereadores aprovaram o requerimento nº 111/2017, que solicita o agendamento de uma reunião entre o Legislativo e as Secretarias de Assistência Social e Planejamento Urbano do município, para tratar do assunto.
Escolha do local
Conforme o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Içara, Arnaldo Lodetti Júnior, o local entre os dois bairros foi escolhido por se encaixar em alguns requisitos. “É um terreno que não fica muito afastado da cidade e que a Secretaria de Assistência Social consegue ter fácil acesso. Também não tem moradores próximos, já que o mais perto fica a uns 40 metros. Tem também vegetação, muro e cerca; então seria uma ilha para eles ficarem”, explica.
O projeto visa atender uma lei federal e internacional, voltadas ao amparo das pessoas nômades. Segundo o secretário, a Administração Municipal tem o conhecimento de que há manifestação contrária dos moradores e espera que os representantes a procure para tratar sobre o assunto.
Objetivo da instalação
De acordo com o relator do projeto na Câmara, o vereador Lauro Nogueira, a criação de um espaço adequado é fundamental para manter a organização do município, ao mesmo tempo em que proporciona qualidade de vida a essas pessoas.
“Há sempre muitas reclamações de empresas e de moradores quando os ciganos chegam à cidade e se instalam em qualquer lugar. Mas não se pode proibi-los de chegar, e sim aceitá-los. Eles têm uma cultura e é preciso respeitá-la. É necessária uma estrutura para recebê-los e dispor de meios de mantê-los. Além disso, se não der estrutura, não se pode cobrar deles também”, destaca.
O objetivo de criar o acampamento é proporcionar a essas pessoas um espaço adequado para viverem, com água, energia elétrica e banheiro, que são itens que eles nem sempre têm acesso nos outros locais onde se instalam. Uma reunião entre o Executivo e o Legislativo está marcada para a tarde desta terça-feira (27), e deve discutir ainda o projeto.
Com informações do Portal DN Sul