Há exatamente quatro anos escrevi neste espaço sobre a expectativa e a emoção do povo brasileiro para a Copa do Mundo, apesar das crises pelas quais o país atravessava. As cores verde e amarelo tomaram conta de tudo. Diante da imponência da Bandeira Nacional desfraldando ao som do mais lindo hino do mundo, o espírito patriótico reavivou.
A alegria das músicas, as lindas imagens coloridas, as atraentes vinhetas cercearam nossa razão, e tomados de emoção alimentamos a esperança da realização de um lindo sonho, para um mês depois passarmos pelo maior vexame com a derrota de uma seleção desorganizada, sem espírito de equipe, desequilibrada, arrogante, que deixou marcas indeléveis.
Quatro anos se passaram e cá estamos nós para registrar o cenário que hoje se desenha, bastante diferente de 2014. Muita coisa mudou, mas para pior. O mar de lama em que a nação foi jogada pelo desgoverno, violência, corrupção, desemprego, foi tirando o ânimo dos brasileiros, e graças a coragem dos operadores da Lava Jato desfez-se a máscara com a prisão de dirigentes do mais alto escalão (FIFA) prejudicando a imagem do futebol. Talvez seja esse um dos motivos para a nossa indiferença, mas ainda assim prefiro acreditar que é fruto do amadurecimento do povo percebendo que um país não se faz só com futebol e carnaval; existem questões mais importantes a serem pensadas. E tudo depende da atitude do povo…
O nível de violência aumenta a cada dia, o número assustador de desempregados, a recente paralisação dos caminhoneiros provando ser possível unir forças e lutar pelos nossos direitos. Apesar de terem sido traídos pelo comodismo dos que esperam pelos outros, os heróis da estrada provaram que eles podem parar o país, e quase o fizeram.
Esses e tantos outros motivos encontraremos para entender a inércia que se abate sobre o brasileiro, mas ainda acredito que junto com a maturidade do povo, outro grande motivo é a indefinição na política da nação. A incerteza tolhe todas as esperanças. Estamos a quatro meses da grande eleição nacional e sequer temos candidatos definidos. Como ter cabeça para o futebol se quase 80% dos candidatos cogitados estão envolvidos em crime de corrupção? A ganância pelo poder corrói o caráter. Quem poderá assumir o comando deste barco à deriva para dar uma direção digna? Está difícil…
Recentes pesquisas mostram que mais de metade da população está indiferente à Copa do Mundo. E para ratificar a teoria de que a consciência cidadã começa a despertar, 77% dos brasileiros estão mais interessados pela Lava Jato do que pela Copa do Mundo. É um sinal de que as urnas em outubro podem trazer surpresas. Quem sabe é a hora de oxigenar a política brasileira, fazer um recomeço apostando no novo, fazendo com que os parasitas deem lugar à gente com vontade de mudar.
Diante disso, vale lembrar que passada a Copa do Mundo, defendida um grupo seleto de jogadores, acontecerá o maior evento nacional, e a bola estará nas mãos de milhões de brasileiros que com garra e determinação irão às urnas apostar no gigante chamado BRASIL. É a nossa vez…