A população questiona se os alimentos são contaminados por causa da poluição do rio. Especialistas não descartam a possibilidade, mas também não confirmam
Pescar no Rio Tubarão não é uma atitudade nova, mas uma cena no mínimo inusitada tem chamado a atenção: é cada vez mais comum encontrar no centro da cidade de Tubarão homens e até mulheres com tarrafas e varas nas mãos à espera de peixes. O tamanho e o tipo são os mais variados.
Mas tem quem duvide se o produto é indicado para o consumo, já que a água na área central tem grande concentração de esgoto. Especialistas não confirmam a contaminação, mas também não descartam a possibilidade.
No último domingo, o leitor do Notisul Christopher Argimon passava pela ponte do Morrotes e registrou a grande quantidade de peixes capturados no local. Ele fez fotos e também um vídeo, que pode ser visto logo abaixo.
“Vi alguns homens tarrafeando sobre a ponte e, para minha surpresa, havia vários tipos de peixes, como tainha e cascudo. Alguns tinham até dois quilos”, relata.
O empresário Ivan Machado come peixe uma vez por semana e pesca com a família no rio de vez em quando. “Se o peixe sobrevive é porque a água do rio não faz mal algum. Mas comeria somente de locais pescados longe do centro”, avalia Ivan.
O gerente regional da Fatma em Tubarão, Rui Bitencourt, afirma que, para saber se são ou não contaminados, somente se fizer uma análise laboratorial. “Nunca fizemos, mas acredito que, se houver contaminação, serão constatados resíduos na carne ou gordura do animal. Para encontrar no organismo, teria que ser contaminado por substância tóxica”, observa.
Rui explica que a verificação pode ser feita em Lages e que já tentou enviar peixes para serem avaliados após um período de mortandade registrada na região. “Eles não aceitaram porque mandamos os peixes mortos, e deveriam estar vivos”, lembra.
O ideal é que a pesca seja mais próxima da foz
Visualmente, não dá para saber se os peixes capturados no Rio Tubarão estão contaminados ou não. Essa confirmação é possível apenas com análise laboratorial. De acordo com o gerente regional da Fatma em Tubarão, Rui Bitencourt, o fato de encontrar animais maiores ou menores, sujos ou limpos, não implica na incidência de contaminação.
“No caso de as pessoas pegarem peixes menores, pode ser que esteja ocorrendo uma pesca intensa, sem dar tempo para eles crescerem. Quanto à cor, é por causa da água ter grande concentração de sujeira”, avalia Rui.
A pesca no rio não é proibida, mas o gerente faz um alerta para quem quer garantir qualidade: “As pessoas precisam ter consciência de que não pode pescar no centro da cidade. Quanto mais perto da foz do rio, melhor. O pescador terá um peixe de maior qualidade”.
É bastante comum encontrar os pescados em maior quantidade no centro porque as águas são mais quente e contém alimentos. “Isso não significa que necessariamente esteja contaminado, mas não dá para descartar, tem que fazer análise”, reforça.
Para muitos, a pesca é apenas uma diversão, para outros é o sustento da família. O empresário Ivan Machado questionou um homem que pescava sobre a ponte da Dilney Chaves se ele não se preocupava com a poluição. “Ele me respondeu dizendo que era o sustento da família”, conta Ivan.
Notisul