Falar de violência hoje virou rotina, pois está presente nas mais variadas formas e em todos os setores: na política, no futebol, nas escolas, nas famílias, nas igrejas, nas ruas, nas instituições, governos, enfim em todos os âmbitos sociais, merecendo assim ser repensada, estudada, refletida. Não se trata de um fenômeno novo, pois toda trajetória da humanidade é marcada pela violência entre os seres humanos com inúmeras tragédias que mutilaram psicológica e fisicamente muitas gerações, sendo a mulher a maior vítima, pois historicamente sempre foi subjugada ao homem. Embora nas últimas décadas venha lutando para conquistar liberdade, respeito e representatividade, ainda falta muito para ocupar o espaço merecido.
Os índices das pesquisas sobre a violência contra mulheres são assustadores, muito embora ainda exista grande número delas que prefere se manter no anonimato por medo ou vergonha de denunciar. Ainda assim, dados recentes apontam que uma em cada três mulheres sofreu algum tipo de violência no último ano. A cada hora no Brasil 500 mulheres são vítimas de agressão física.
Além disso, temos: agressão verbal, ofensa sexual, ameaça com faca ou arma de fogo, assédio e abuso sexual, nos lares, nas ruas, nas escolas, em transporte público, enfim não existem fronteiras para que a mulher seja violentada. Mais de doze mil mulheres são agredidas por dia.
Porém, o mais lamentável é que a maioria das agredidas prefere calar, o que dificulta ainda mais o mapeamento do problema para a busca de soluções, muito embora as leis aqui criadas sejam frouxas e nossa justiça muito morosa. A impunidade faz com que o problema se agrave e as ameaças e agressões estão dando lugar a crimes bárbaros como temos visto ultimamente. Cresce assustadoramente o número de mulheres assassinadas por violência de gênero, chegando a um patamar de, em média, quinze mortes por questão de gênero.
Dentre tantos, o caso da menina assassinada esta semana dentro da escola; alguns casos aqui mesmo em nossa região de mortes bárbaras pelo simples fato de a mulher exercitar seu direito de escolher seu parceiro, assustam-nos. O que temos visto nos últimos tempos por parte dos homens em não aceitar a recusa de uma mulher é impressionante. Basta a mulher querer romper o relacionamento para ser espancada, assassinada, mutilada.
Que tipo de homem é este que considera a mulher propriedade sua? Que covarde é este que não se garante diante de uma recusa? Se diz tão macho, mas só se garante matando? É o machismo predominando…
Muito embora a mulher tenha realizado inúmeras conquistas, ainda está longe de se tornar realmente independente, pois nossa sociedade é discriminatória, o machismo impera, os homens são violentos e incapazes de ver a mulher com igualdade de direitos. O mundo evoluiu, mas o “macho” carrega consigo ainda aquele princípio que ele mesmo criou: “se não for minha, não será de mais ninguém”… Isso não existe; ninguém é de ninguém. Somos todos passageiros neste mundo e temos direito de exercitar nossa liberdade. É preciso que o “ser humano”, refiro-me aqui ao “homem”, repense o que está fazendo, recrie suas ideias, respeite o direito da mulher dando a ela a liberdade de escolher.
Homem, se tua companheira não te quer mais, deixa-a seguir seu caminho, da mesma forma que você seguirá o seu, caminhando ambos em busca da felicidade.