O clima de tensão tomou conta da sessão ordinária da Câmara de Vereadores de segunda-feira (23). Tudo começou quando o vereador Edésio José Marchioro (PSD) respondeu a uma afirmação feita pelo vereador Osvaldo Cruzeta (PP), o Vá, na última semana. “Gostaria de falar sobre uma frase em que foi dita aqui e também na rua de que há vereadores apoiando e querendo legalizar a corrupção no município de Orleans. Quero dizer que este vereador tem caráter e opinião própria formada, não sinto vergonha de apoiar essa administração, até porque tenho ouvido muitas acusações e, até agora, nenhuma prova. Assim como respeito a opinião de outros vereadores, quero que respeitem a minha”.
Em seguida, Vá respondeu. “Eu falei aqui na sessão anterior, senhor Edésio, que tinha vereador que queria legalizar o roubo e é verdade. Ou você não sabe investigação do Gaeco que teve gente presa, gente pedindo propina? Não sou eu quem diz, é o próprio Gaeco e Ministério Público. Vocês votaram a favor do roubo sim na questão do mata-burro, que tinha sido autorizado o pagamento, mas que não tinham sidos construídos. Foram construídos depois para cobrir o furo que deixaram porque o Gaeco foi investigar. Vocês sabem, mas apoiaram o governo e votam a favor de roubo sim”.
Em seu discurso, Vá disse que reafirma tudo o que havia sido dito anteriormente. “Reafirmo isso porque as investigações apontam os desvios do recurso. Não era isso que você dizia há pouco tempo atrás, senhor Edésio, quando assumiu essa cadeira emprestada por alguns dias. Você disse, inclusive pra mim, que quando fosse demitido da Secretaria da Agricultura, seria porque eles queriam fazer falcatrua. Eu sempre tive muito respeito por vossa excelência e te respeito porque lhe conheço muito bem, já trabalhamos juntos, sei que você não é dessa máfia. Mas não concordo que você venha aqui e diga que estamos alegando coisas infundadas porque você disse para muitas pessoas que eles queriam que você assinasse notas frias para desvio de recurso público, foi isso que você disse. E agora você muda de posição do dia para a noite?”.
O vereador Edésio contra argumentou. “Você, vereador Osvaldo, mais do que ninguém, sabe no meu caráter, posição política e da minha honradez. Quando recebi um emissário em minha casa com uma proposta indecente, antes de assumir esta Casa, eu deixei bem clara a minha posição e proibi de fazer a proposta que queria. Tenho convicção absoluta que todos os vereadores que aqui se encontram votam em conjunto com a executiva e com a orientação de seu partido. Quando eu tiver que votar contra o partido a qual pertenço, primeiro vou pedir demissão e depois vou tomar posição contra”, afirmou. "Acima do partido está o nosso povo, este sim merece respeito", respondeu Vá.
O vereador Valter Orbem (PSD) entrou também na discussão. “Eu imaginava que alguém nesta Casa pudesse levantar um assunto da morte do Cabelinho. Aconteceu de vazar na internet declarações bastante comprometedoras do vereador Clesio. Quando ele cometeu suicídio, eu duvido que tenha um orleanense que não quisesse saber o que ele teria dito antes de morrer. E isso precisa ser investigado também, por que não esclarecer? É uma pessoa pública e que estava aqui dentro conosco, que eu tinha como uma pessoa séria e de boa índole, que talvez, com esses fatos que ele cita, ele acaba se transformando em vítima”, declarou.
Ainda durante sua fala, o vereador Valter defendeu-se. “A Câmara de Vereadores deveria ser tratada de forma um pouco mais harmônica, pois está sendo levado tudo para o lado pessoal, os rancores estão aflorando. Acho que deveriam repensar um pouco. Aqui dentro temos que trabalhar para buscar um entendimento. A justiça está sendo feita, os processos estão correndo. Os culpados irão de pagar. Eu não concordo quando dizem que o prefeito participa disso. Em momento algum eu vi o Gaeco, delegado, promotora eu juiz citar o nome do prefeito. Enquanto eu estiver consciente e acreditando que ele não tem participação, eu continuarei votando com minha consciência. Acredito que a justiça será feita e que os culpados serão punidos”.
O vereador presidente da Casa Legislativa, Mário Coan (PMDB), respondeu às acusações feitas por Valter. “O Lula e a Dilma também não foram citados nos processos, mas a situação do Brasil está aí. Eu só não me manifestei até agora porque eu respeito a hierarquia das leis no nosso município. Vai chegar a minha vez de eu relatar a verdade. Não a verdade individualizada da forma como seu grupo político fez. Eu sempre estive muito tranquilo com relação ao que foi feito e você deveria acompanhar as investigações. Vai chegar o dia em que vou ler todos os depoimentos do inquérito que a Polícia Civil fez em Orleans. Mas vou esperar a lei”, explicou ele.
“Lá eu tenho um Boletim de Ocorrência tramitando em relação à calúnia, em relação à divulgação de informação de sigilo público. Sou professor universitário, pai de família, gerente de empresa, vereador muito mais ilibado, senhor Valter Orbem, do que vossa excelência possa pensar. Estou aqui para o que der e vier e a hora que eu falar aqui nesta tribuna, você vai ver o que é um discurso bonito. Vou narrar aqui as coisas como foram feitas na nossa cidade, vamos ver para quem a população vai dar razão”, continuou.
O presidente da Casa Legislativa, Mário Coan, relembrou ainda do descontentamento do vereador em memória, Clesio de Oliveira Sousa, com a Administração Municipal. “Teu prefeito, que era meu amigo, Valter Orbem, foi inclusive no escritório da empresa que trabalho dizer que todos vocês votariam em mim. No mês de outubro, vocês não conseguiram montar uma chapa nesta Casa porque o vereador Clesio já dizia que votava pra mim. O dia que eu ler o depoimento dele nesta Casa, o depoimento da mulher do falecido Clesio, da filha dele, e, se precisar, eu trago a mãe dele para falar sobre o que ela pensa da minha pessoa e também o que ela pensa das pessoas que formam o grupo do qual você faz parte. Talvez vossa excelência pensará diferente disso”.
“Se você olhar as atas desta Câmara de Vereadores, muitas vezes, o vereador Clesio de Oliveira Sousa questionou os atos desta Administração Municipal, mesmo pertencendo ao governo que você faz parte. Eu não preciso que vocês paguem pessoas para denegrir minha imagem, esses também vão responder na justiça, eu vou solicitar que a lei puna os culpados e que coloque na cadeia quem é desonesto com o dinheiro público. Quero ver alguém provar qualquer coisa contra quem é honesto. Eu tenho crédito, tenho moral, tenho competência”, completou.
O presidente da Casa Legislativa falou ainda que qualquer denúncia a respeito de corrupção no Poder Legislativo deve ser encaminhada para o Ministério Público. “Se existem obras no nosso município, quem assume um cargo público tem a obrigação de gastar o recurso público somente em benefício das pessoas da cidade a qual governa. Nesta Casa não tem corrupção, se vossa excelência acha isso, pode fazer uma denúncia ao Ministério Público. Quero alertar que existem denúncias contra a administração da qual você faz parte e elas logo virão à tona e um dia você vai ver quem está certo e quem está errado. Então não provoque quem tem dignidade, quem tem honradez, porque você excelência não está em condição de questionar nenhum dos atos públicos ou privados da minha vida”, concluiu.
Infestação de mosquitos
Ao utilizar a tribuna, o vereador Cristian Berger (PPS), o Kiki, leu um relato, feito através de carta, de uma orleanense que mora próximo à sede do Samae, sobre um problema enfrentado por moradores da redondeza. "Trata-se da infestação de uma espécie de mosquito que vem dificultando a rotina diária. Eles estão presentes em nossas casas durante todo o dia, sendo que no período da noite aumenta consideravelmente o número desses bichos nas residências".
No desabafo, ela aponta uma possível causa do problema. Entretanto, ressalta que o intuito de relatar o fato é exclusivamente com o objetivo de resolvê-lo e não de apontar culpados. "Grande parte dos moradores residentes na localidade mencionada tem a grande lagoa de esgoto do Samae como a principal causa para o aparecimento dos mosquitos, uma vez que, em outras partes da cidade, não existe foco e registro destes insetos".
Na carta, foram relatados ainda os problemas e privações enfrentados. "Nós nos tornamos cidadãos impossibilitados de manter nossas casas com as portas e janelas abertas; nossos filhos e filhas não podem usufruir de piscinas, pois as larvas do mosquito tomam conta da água; nossas refeições estão sendo prejudicadas, uma vez que os tais bichos caem em panelas e pratos em quantidade considerável; não temos a liberdade de receber visitas, principalmente em período noturno; vendas e locações de imóveis já foram canceladas em face destes problemas".
Para finalizar, a moradora solicitou que seja fiscalizada e averiguada, por parte dos vereadores, a causa para que o problema seja resolvido.
Trabalhos realizados
Na oportunidade, os vereadores de situação destacaram os trabalhos realizados na atual gestão. O vereador Rodinei Pereira (PSD), o Galego, falou sobre as ações feitas no distrito de Pindotiba. "Quando o prefeito Marco assumiu, ele pegou a obra da creche em andamento e deu sequência. A empresa parou e recomeçou. Hoje nós estivemos lá e está sendo finalizada esta semana. Uma creche muito bonita, com a licitação pronta já dos móveis para no início do ano que vem começar. Foi começada também a reforma e ampliação do posto de saúde. Hoje parece um micro hospital, a comunidade está feliz, elogiando. Em seguida, no mês de agosto, foi doado um Fiat Uno 2010 para agilidade dos trabalhos feitos na comunidade. Amanhã se instala uma empresa lá para começar a cobertura da quadra de esporte do distrito de Pindotiba. Lá está transformado em um canteiro de obras. Desde que a gestão iniciou, sempre tem algo sendo feito", afirmou.
O vereador Edésio José Marchioro (PSD), por sua vez, falou sobre as obras reivindicadas na região de Brusque do Sul, Curral Falso e Três Barras. “Na escola Martha Cláudia Machado temos um trabalho já pronto, sendo resolvido o problema de alagamento no local. Falta agora a retificação do pátio da escola, até porque foi desmanchado o parquinho e uma série de coisas para fazer a drenagem. Temos agora também duas pontes de concreto sendo feitas, uma em Três Barras e outra em Curral Falso. Hoje conversei com o secretário de Infraestrutura sobre um problema relativamente sério, da estrada do Rio Minador. Ele nos garantiu que o maquinário estará lá essa semana fazendo as obras necessárias. Para minha alegria, um ponto de ônibus será colocado na comunidade de Brusque do Sul e outro em Três Barras. Temos também um problema muito sério. Está começando, na comunidade de Chapadão, a tiragem de argila da comunidade, provocando estrago das estradas. Peço que fosse, antes de dar a licença para operar a argila na comunidade, que se colocasse uma cláusula em que obrigaria a empresa também de deixar as estradas em boas condições, principalmente em relação às comunidades de Brusque e Chapadão. Lá há muitas granjas de galinha que dependem de estradas boas”.
Entretanto, o vereador Joao Teza Francisco (PSD) questionou as afirmações. “Quanto ao que Galego falou em relação ao distrito de Pindotiba, eu quero que ele traga, na próxima reunião, o motivo de o posto de saúde de lá estar sendo investigado pelo Gaeco. Se você puder responder agora, até posso abrir um espaço pro senhor. Eu li no processo da Comissão Processante que está sendo investigado, parece que teve um projeto que era maior que o terreno, não sei se é da administração anterior ou da atual. Eu gostaria que o vereador trouxesse o que está acontecendo para estar sendo investigado. Eu acredito que o posto seja bonito, mas isso não adianta quando se está sendo investigado”.
Outras questões
Dão falou também sobre a área da saúde e iluminação pública. “Eu venho à tribuna mais uma vez para falar sobre aquele valor que foi pedido ao secretário estadual de Saúde, João Paulo Kleinubing. Ele me ligou e disse que a documentação está 100% na Agência de Fomento de Santa Catarina – Badesc, dependendo de algumas coisas para liberar o recurso para a Fundação Hospitalar Santa Otília – FHSO”, contou.
“Veio um projeto para esta Casa que pedia um aumento de mais de 60% da taxa de iluminação pública. Ele foi rejeitado por unanimidade. O prefeito teve coragem de fazer por decreto o aumento. Eu não sei se isso tem legalidade. Esse decreto eu peguei na minha mão. Eu acho que é vergonhoso ser vereador onde se rejeita um projeto de aumento na taxa de iluminação pública para que não pese no bolso das pessoas e o prefeito então faz um decreto. Não posso concordar com isso”, afirmou ele. “É verdade, nós rejeitamos, não concordamos que o prefeito aumentasse o valor da iluminação pública, então foi sem autorização da Casa Legislativa”, completou o vereador Vá.
Vá questionou também a transparência por parte da Administração Municipal. “Eu vi uma revista que foi divulgada. No fim dela, falava em investimento de R$ 30 milhões. Mas era bom que se colocasse também o valor arrecadado nestes mil dias de governo, que foi mais de R$ 150 milhões arrecadados. Nestes R$ 30 milhões de investimento, tem muito recurso do governo federal e estadual, de emendas parlamentares, financiamento do Badesc. Então precisávamos saber, na verdade, o valor investido de dinheiro próprio, tendo em vista o que foi arrecadado. É importante que se divulgue isso para que a sociedade possa acompanhar e para que ela não seja enganada, iludindo através de publicidade, sendo que foi gasto um valor em propaganda”.F
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