Se o tempo fechado que persiste na região provoca transtornos nas cidades, como buracos nas estradas, alagamentos, o meio rural da região também sofre com as consequências do clima chuvoso. Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri, Roberto Longhi, ainda não há uma estimativa oficial dos prejuízos, mas as hortaliças, o plantio de fumo e a pastagem para a alimentação de gado leiteiro e de corte são os que mais estão afetando os agricultores do Sul de Santa Catarina em decorrência da chuva.
O produtor Sérgio Novack, que investe na produção de hortaliças, como alface, couve-flor e brócolis, que abastecem fruteiras e pequenos mercados da região de Criciúma, contabiliza os prejuízos em pouco mais de 3 hectares destinados a plantação. No plantio de couve-flor, as perdas chegaram a 35%, já na de brócolis e alface as perdas chegam a 15% em ambos os casos. Embora no caso de brócolis e alface, as perdas são consideras ainda pequenas, a qualidade do produto interfere totalmente. “Vai tudo para os animais”, resumiu Sérgio, ao falar das hortaliças que não são comercializadas. “A planta precisa da luz solar para fazer a fotossíntese, para que cresça. Como nos últimos dias não houve isso, a planta não cresceu e não se desenvolveu”, afirmou Roberto.Outro problema com a chuva são as pragas que aparecem nas plantações, outro fator que faz o produto encarecer.“Mesmo colocando o defensivo, com a chuva, o produto perde a eficiência, gerando mais um custo para o produtor”, declarou o engenheiro agrônomo da Epagri.Por enquanto, Sérgio afirma que ainda não repassou os preços para os atravessadores, que por sua vez, repassam aos mercados. Mas, se o mau tempo persistir, o agricultor não descarta alterar os preços.
Aos 18 anos, o filho de Sérgio, Wellington Novack, planta tomates desde o começo do ano, mas desde o 15 anos “testa” algumas culturas, mas optou pela fruta após a boa colheita no começo do ano. Com a ajuda do pai, o jovem agricultor planta o fruto em meio hectare na propriedade da família. Nesta semana começou a segunda colheita da fruta de 2015. Além da chuva atrapalhar a qualidade do produto, houve uma queda na produtividade. “Se em cada pé, nós tínhamos cinco frutos, hoje nós estamos com três apenas”. Embora os custos com a chuva encareçam o valor final do produto, o valor do quilo saindo da propriedade está em torno R$ 2 o quilo.
Mas, Wellington ainda olha para o céu. Se as chuvas continuarem, o jovem agricultor estima que a colheita do tomate apenas irácobrir os custos, ou no máximo, gerar um pequeno lucro. Caso o tempo volte a firmar, a expectativa é que com os ganhos que Wellington possa receber, seja investido na plantação de tomates. “Quero dobrar a área destinada para este cultivo, mas ainda estou esperando como vai ser o plantio desse ano que vai até a semana do Natal”, explicou.
Os agricultores da região terão que aguardar mais um pouco pelo tempo aberto. Segundo o climatologista da Epagri de Urussanga, Márcio Sônego, o tempo chuvoso permanece até a primeira quinzena de novembro na região. O tempo deve abrir e firmar apenas a partir da segunda quinzena, mas ainda com temperaturas amenas. “Em dezembro, teremos temperaturas mais condizentes com o período do ano com temperaturas oscilando em torno dos 28º, até lá várias culturas que precisam do calor para se desenvolver sofrerão com a instabilidade do tempo”, afirmou Sônego.
Com informações do Portal Clicatribuna