Agroindústria sofre com redução do mercado interno e falta de milho.
A redução no mercado interno e a falta de milho têm afetado cada vez mais os produtores e as agroindústrias de Santa Catarina. Algumas agroindústrias estão com dificuldades até de comprar ração para entregar aos produtores. Em um aviário, os frangos ficaram três dias sem receber comida, apenas com a água, como mostrou o RBS Notícias desta sexta-feira (27).
Em Lindóia do Sul, no Oeste, quase 200 frangos morreram nesta semana. Alguns por falta de comida, mas, principalmente, esmagados embaixo do comedouro, tentando encontrar algum alimento.
"Quando vem um pouco de ração, o frango amontoa, pula um em cima do outro, ficam se arranhando, abrem os cortes em cima do frango. Então, para a ave é difícil. Quando elas veem que o comedouro liga, vêm tudo junto, todas querem se alimentar na mesma hora, mesmo minuto", explicou o avicultor Nelson Santiani.
Para alimentar os 12 mil frangos desse aviário, seriam necessárias cerca de duas toneladas de ração por dia. Contudo, as aves recebem 500, 700 quilos, quantidade que nem chega até o final do aviário.
Férias coletivas
O setor que seguia bem, mesmo em tempos de dificuldades econômicas, começou a sentir a crise. A redução do consumo interno levou agroindústrias a dar férias coletivas. É uma forma de evitar demissões e manter os 60 mil empregos diretos em Santa Catarina.
Porém, essa não tem sido a única medida adotada. Uma empresa de Seara, no Oeste, fechou um turno. Outra, em Concórdia, na mesma região, seguiu o mesmo modelo e teve que remanejar 100 funcionários.
"Já há uma tendência do setor hoje de reduzir um pouco a sua produção por queda de consumo e às vezes até do consumo de produtos mais elaborados. Você começa a adaptar a sua produção para esse novo cenário de consumo", disse o presidente do Sindicarne, Ricardo Gouvêa.
Outro problema é que algumas empresas vêm atrasando pagamentos. A assessoria da agroindústria no qual o Santiani é integrado reconheceu que o abastecimento está prejudicado e afirmou que pediu ração para outras agroindústrias para atender a demanda. Sobre os lotes com pagamento atrasado, a empresa diz que está trabalhando para colocar todos os pagamentos em dia.
"Este ano, por enquanto, foi a agricultura que segurou o Brasil de pé. Então, se está desse jeito agora, o que no ano que vem nós vamos fazer?", disse Santiani.
Com informações do site G1 SC