Quando começou o trabalho de monitoramento de mamíferos marinhos no litoral centro-sul, entre as praias de Garopaba e Rincão, Pedro Volkmer, professor do curso de engenharia de pesca do campus da Udesc em Laguna, resolveu aos poucos registrar as espécies de aves que habitam essa região, resultando num Catálogo de Identificação de Aves Marinhas. “Não existe nenhum trabalho sistematizado desse tipo realizado na costa Sul do Estado”, afirmou Volkmer.
De 2013, quando o número era de 39 espécies, até 2015, já são 56 identificadas. Geralmente a avaliação destes, cujo objetivo é verificar tanto a distribuição quanto a quantidade de indivíduos, é necessário um período entorno de três anos. “Com o tempo fui identificando seus hábitos e quais eram migratórias ou sazonais. Depois do diagnóstico iniciei o cruzamento do catálogo de imagens com a literatura existente sobre aves em Santa Catarina”, disse o professor.
De acordo com a pesquisa algumas semelhanças e curiosidades foram descobertas. As áreas de maior concentração e diversidade costumam ser frequentemente nos mesmo lugares, principalmente nas desembocaduras de rios. Classificadas com aves “marinho costeiras”, é possível identificar espécies em todas as praias monitoradas como o Maçarico-Branco, Pernilongo-de-Costas-Brancas e o Piru-Piru.
O Colhereiro, uma ave diferenciada que parece ter uma colher no bico, e também o Irerê, geralmente costumam ser vistos em regiões mais alagadiças, próximo à Praia do Sol, na desembocadura do rio. Algumas não gostam de ficar sozinhas, sempre em bando as aves Trinta-Réis e Chimango são vistas em grande quantidade. Mais raras, as Batuíras passam até despercebidas por serem semelhantes a outras aves pequenas, de andar apressado e coloração camuflada.
Com o número da anilha na pata, um tipo de anel, o Maçarico-de-papo vermelho, foi uma descoberta interessante. Ao procurar informações sobre o número registrado, Volkmer descobriu que além de ser migratório, o animal foi anilhado em Portugal. “Vi poucos em bando na Praia do Rincão. Descobri que existe uma preocupação com os indivíduos que visitam o Brasil, uma subespécie que vem registrando declínios significativos com o passar dos anos”, disse.
Se você ficou interessado pelo comportamento das aves aqui na região, é possível observar todos os dias ao entardecer, um hábito comum das mais variadas espécies. Muitas migram para região da Madre e Ribeirão Pequeno, onde estão os seus “ninhais”. É lá onde estão áreas alagadiças, quando muitos vão para dormir e descansar. “Alguns também se escondem atrás das Dunas. É difícil ver uma ave à noite”, ressalta o professor.
Uma das propostas deste catálogo é transformá-lo em um pequeno livro de campo e levar este trabalho para outras pessoas conhecerem.