Saúde

Casos de dengue antecipam pico e colocam Santa Catarina em alerta para início de 2025

Até 4 de novembro deste ano, o Estado registrou 340 mortes e 350 mil casos da doença, números três vezes maiores que os de 2023

Foto: Patrick Rodrigues

Santa Catarina enfrenta um cenário preocupante com a dengue. Até 4 de novembro deste ano, o Estado registrou 340 mortes e 350 mil casos da doença, números três vezes maiores que os de 2023, quando 98 óbitos e 119 mil casos foram confirmados, segundo a Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica (Dive). A proliferação do Aedes aegypti em áreas urbanas e rurais, impulsionada por condições climáticas favoráveis, acende o alerta para uma epidemia que pode atingir seu pico entre janeiro e fevereiro de 2025.

Mudança no perfil epidemiológico

Antes restrita a outras regiões do país, a dengue se tornou parte do cotidiano dos catarinenses. O mosquito, que encontrou no Estado um ambiente ideal para se reproduzir, não chega mais de fora: ele agora se instala de forma local. Especialistas apontam a necessidade de medidas urgentes para combater o avanço da doença.

— “É inadmissível perdermos vidas para a dengue. Isso evidencia falhas na saúde pública e a urgência de ações estruturadas”, alerta Alexandra Boing, epidemiologista da UFSC.

A Dive projeta que, diferentemente de anos anteriores, o aumento dos casos pode se antecipar para novembro e dezembro devido às altas temperaturas e à proximidade de dias mais chuvosos.

Medidas de enfrentamento

A Secretaria Estadual de Saúde intensificou esforços para conter a doença. Entre as ações estão capacitação de profissionais, aplicação de inseticidas, ampliação de leitos clínicos e campanhas educativas. Uma iniciativa importante foi a vacinação em regiões prioritárias, como Joinville, Jaraguá do Sul e a Grande Florianópolis, voltada para adolescentes de 10 a 14 anos. No entanto, a adesão ficou abaixo do esperado.

— “É fundamental que os jovens e seus responsáveis busquem a vacinação para evitar formas graves da doença”, enfatiza João Augusto Brancher Fuck, diretor da Dive.

Em Joinville, o método Wolbachia foi implementado. A técnica utiliza uma bactéria que impede o desenvolvimento de vírus como dengue, Zika e chikungunya dentro do mosquito, reduzindo a transmissão.

O papel da população

Apesar das medidas governamentais, a colaboração da população é indispensável. A eliminação de criadouros, como locais com água parada, é crucial para frear a proliferação do mosquito.

— “A responsabilidade é compartilhada. O poder público precisa atuar continuamente, mas a população tem um papel fundamental na prevenção”, reforça Fuck.

Dengue em números

A dengue apresentou um aumento significativo em Santa Catarina. Entre 2018 e 2023, a doença cresceu 225 vezes, segundo estudo da UFSC. O número de óbitos também subiu proporcionalmente ao crescimento dos casos, refletindo a gravidade da situação.

Além disso, 283 municípios catarinenses já registraram casos prováveis em 2024, com Joinville, Blumenau, Itajaí e Florianópolis liderando os números de óbitos. Municípios menores, como Indaial e Camboriú, também aparecem com números preocupantes, mostrando que o problema atinge todo o Estado.

Desafios e críticas

Faltam investimentos em saneamento básico e infraestrutura urbana, elementos essenciais para mitigar a proliferação do mosquito. Segundo o professor Fabrício Menegon, também da UFSC, enquanto cerca de 52% dos municípios catarinenses contam com redes de esgoto, o restante ainda carece de ações estruturais.

— “Culpabilizar os cidadãos pelo aumento de casos não resolve o problema. É preciso investir em agentes de saúde, campanhas educativas contínuas e obras de saneamento”, ressalta Menegon.

Mesmo com ações estaduais e municipais em andamento, o combate à dengue exige esforços integrados e contínuos. Com o cenário atual, o desafio é não apenas enfrentar a epidemia, mas evitar que ela se torne ainda mais letal em 2025.

Informações retiradas do NSC Total

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