Quanto mais cedo o diagnóstico, mais altas são as chances de cura que podem girar em torno de 95% nos estágios iniciais, avalia a oncologista Eloísa Lúcia Acorsi
O câncer de mama é o mais comum em mulheres em todo o mundo, perdendo somente para o câncer de pele não melanoma e a quinta causa de morte por cânceres em geral, totalizando 626.679 óbitos num contexto mundial e causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.
No Brasil, para este ano de 2020 foram estimados 66.280 novos casos. O último dado de mortalidade foi de 17.572 mortes, segundo dados de 2018 do Instituto Nacional do Câncer (INCA). As regiões sudeste e sul são as que apresentam as maiores taxas, com 14,76 e 14,64 óbitos por 100.000 mulheres, respectivamente.
Segundo a oncologista clínica do Centro Médico Unimed, Eloísa Lúcia Acorsi, a incidência e mortalidade do câncer de mama tende a crescer progressivamente com a idade, sendo mais comum após os 50 anos. “Na população feminina, abaixo de 40 anos, essa neoplasia é menos prevalente. A mortalidade está ligada principalmente a estágios clínicos da doença mais avançados, a comorbidades do paciente (doenças prévias como diabetes e doenças cardíacas). Aproximadamente 5% das pacientes têm doença metastática ao diagnóstico”, ressalta.
A mamografia, orienta a Drª Eloísa Acorsi, é o método de imagem principal para o diagnóstico. O Ministério da Saúde preconiza a realização a cada dois anos a partir dos 50 anos de idade, podendo ser realizada após os 40 anos. Acrescenta que o ultrassom de mamas é um exame complementar ao diagnóstico, mas sendo importante, principalmente, em mamas mais densas e em mulheres jovens.
Diz a oncologista que o autoexame das mamas é simples e contribuiu para o diagnóstico e deve ser feito todo mês, sendo que a melhor época para sua realização é após o período menstrual. Para as mulheres que não menstruam mais, deve ser realizado em um dia fixo do mês.
Os tratamentos para a doença localizada na mama, incluem cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, hormonioterapia. “Nos últimos anos têm-se evoluído muito em termos de tratamento, sendo que as cirurgias da mama e axila têm sido menos agressivas e o tratamento sistêmico da quimioterapia tem evoluído com estudos da biologia tumoral e desenvolvimento de drogas-alvo, que apresentam menor toxicidade e consequentemente com menores efeitos colaterais”, salienta.
Os fatores de risco para o câncer de mama incluem exposição hormonal – como reposição via oral com terapias de hormonais (reposição hormonal), idade da primeira menstruação precoce (antes dos 12 anos) e menopausa tardia (após 55 anos), nunca ter gestado ou primeira gravidez após os 30 anos de idade e uso prolongado de contraceptivos orais.
Segundo a Drª Eloísa, fatores comportamentais como sobrepeso e obesidade cada vez mais tem sido associado ao câncer, inclusive ao câncer de mama, a irradiação do tórax (em pacientes que realizaram radioterapia prévia), o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo por longo período, são reconhecidos como fatores de risco para câncer de mama pela International Agency for Research on Cancer (IARC)).
Em torno de 5% a 10% são relacionados à herança de mutações genéticas, sendo a principal relacionada aos genes BRCA1 e BRCA2 que aumentam o risco para o desenvolvimento de câncer de mama e de ovário.
“A prevenção do câncer de mama pode ser realizada com o controle de fatores de risco conhecidos e que podemos modificar no decorrer dos anos com a mudança do estilo de vida como ponto chave para prevenção não só do câncer e sim de várias outras doenças”, orienta a médica.
Necessário também incluir hábitos como uma alimentação saudável e equilibrada, evitando excessos de gordura e consumo de álcool. A prática de exercícios físicos regulares e a manutenção de um peso ideal (evitando sobrepeso e obesidade) são fatores que contribuem para a prevenção primária da doença.
PANDEMIA E EXAMES
Com a pandemia da Covid-19, até 75% das mulheres deixaram de fazer seus exames de rotina segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia. “A nossa orientação para as mulheres é que não deixem de realizar o autoexame e os exames de rotina. O atraso no diagnóstico está relacionado diretamente com a diminuição das chances de cura”, alerta a oncologista.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) indica que 70% dos procedimentos para retirada de tumores malignos em geral deixaram de acontecer em abril. Dados do DataSus mostram que houve redução de procedimentos em pacientes oncológicos neste ano. Entre janeiro e julho, foram realizadas 80.235 cirurgias em oncologia. No mesmo período do ano passado, foram 91.153 registros.
O Outubro Rosa foi criado no início da década de 1990 com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. “Sabe-se que quanto mais cedo o diagnóstico do câncer de mama, mais altas são as chances de cura que podem girar em torno de 95% nos estágios iniciais”, conclui.
Com informações do HCNoticias