Trânsito

BR-282 registra 462 mortes em cinco anos

De janeiro deste ano até o início da tarde desta segunda-feira (13) foram registradas 61 vítimas na rodovia.

Divulgação

Nos últimos cinco anos, 462 pessoas morreram vítimas de acidente de trânsito na BR-282 em Santa Catarina. De janeiro deste ano até o início da tarde desta segunda-feira (13) foram registradas 61 mortes e 818 acidentes com 958 feridos. Os dados são da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Quatro das últimas mortes aconteceram no intervalo de apenas cinco horas. Entre as vítimas, o líder da banda Garotos de Ouro, Airton Machado, que morreu em um acidente no trecho do município de Águas Mornas, na madrugada desta segunda-feira (13).

A BR-282 é a maior rodovia em extensão de Santa Catarina. São 680,6 quilômetros que cortam o Estado e liga a Capital ao Extremo-Oeste. Entre 2018 a 2020, a rodovia foi a segunda estrada federal em solo catarinense com maior número de mortes, atrás apenas da BR-101. Foram 364 vítimas na BR-101 e 286 na BR-282.

Em 2020, segundo a PRF, houve 615 acidentes, com 35 mortes no trecho Florianópolis a Lages. Nos últimos 10 anos totalizaram aproximadamente 12,9 mil acidentes e 418 vidas foram perdidas nessa extensão da rodovia.

A rodovia é alvo de debates e propostas para melhorar a segurança e a fluidez. A BR-282 é essencial para o escoamento da produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina, mas se tornou um gargalo logístico aos portos catarinenses.

O projeto BR-282 + Segura e Eficiente da Fiesc (Federação das Indústrias de Sant Catarina) propõe um conjunto de obras, estimada em R$ 192,9 milhões, para melhorar a segurança e a fluidez do trecho que vai de Lages a Florianópolis.

Entre as propostas estão a implantação de 68,9 km de faixas adicionais em locais onde ocorrem as ultrapassagens mais perigosas; readequações em interseções; relocações de sarjetas de drenagens e reforço da sinalização.

Realizada pelo engenheiro Ricardo Saporiti, o projeto mostra que os investimentos estimados – numa etapa inicial nos segmentos prioritários, entre Santo Amaro da Imperatriz e Alfredo Wagner, cujas terceiras faixas já estão projetadas -, é de aproximadamente R$ 46 milhões.

De acordo com o projeto, reduziria, substancialmente, o elevado índice de acidentes, assim como os custos operacionais aos usuários da rodovia.

O Grupo ND, em parceria com a Fiesc, também se engajou para melhorias nas rodovias federais catarinenses, com a campanha “SC não pode parar”. Em agosto, na cidade de Chapecó, o foco foi as BR-282 e BR-163. O seminário da campanha contou com a presença de lideranças e empresários da região.

“Nós sabemos que a estrutura de mobilidade do Estado está muito aquém e foi negligenciada por questões políticas nas últimas décadas. Nesse momento se faz necessário uma grande aliança entre a boa imprensa e o bom poder econômico, com a Fiesc liderando esse contexto”, disse, na oportunidade, o presidente do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli.

No seminário, foi proposta obras de adequação da capacidade, melhoria da segurança, eliminação de pontos críticos e 33 quilômetros de terceiras faixas no trecho entre Chapecó e São Miguel do Oeste, na BR-282.

Sem perspectiva de melhoria a curto prazo

Não há perspectiva, a curto prazo, de melhorias ao longo da BR-282. Em audiência pública ocorrida no mês passado na Comissão de Infraestrutura do Senado, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, informou que, de fato, hoje existe apenas um contrato de obra na rodovia que é uma adequação de capacidade que vai de Chapecó a São Miguel do Oeste, passando por Maravilha e engloba a BR-158 que vai de Maravilha até a divisa.

Sobre a possibilidade de construção de terceiras faixas no trecho da BR-282 entre Florianópolis e Lages, o ministro da Infraestrutura disse que não existe nenhum projeto para intervenção no local.

“De fato não temos projeto, de Florianópolis e a Lages, mas temos o estudo de viabilidade e se mostra viável a duplicação de boa parte do trecho”, afirmou.

No seminário da campanha “SC não pode parar” em Chapecó, o secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade, Thiago Augusto Vieira, frisou que o governo do Estado estaria disposto em assumir parte das obras.

Ele pontuou três modelos para o trecho da BR-282: a verificação dos trechos críticos que possam receber intervenção imediata do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), gestor da rodovia; participação do governo catarinense na liberação de recursos; e, para médio e longo prazo, a concessão da rodovia.

Porém, o aporte financeiro de mais de R$ 465 milhões do governo do Estado para obras em rodovias federais em Santa Catarina, a BR-282 ficou de fora.

Serão repassados R$115 milhões para duplicação da BR-470, entre Blumenau e Indaial, e para pavimentação da Serra da Rocinha, em Timbé do Sul. Os outros R$350 milhões vão para obras nas BRs 163, 280 e na 470, entre Navegantes e Gaspar.

Projeto de concessão está parado

Há um projeto no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) que visa a concessão, por 30 anos, da infraestrutura com pavimentação, ampliação da capacidade, recuperação, operação, manutenção, conservação, monitoramento e implementação de melhorias na BR-282, uma extensão total de 310,3 km, compreendendo o trecho entre o entroncamento com a BR-101, em Palhoça, e o entroncamento com a BR-470.

No ano passado, o Ministério da Economia, responsável pelo PPI, informou que o projeto está sendo reavaliado e que poderia ser concedido em um segundo momento para garantir viabilidade econômica para o trecho.

“Chegamos a um estágio em que a reparação não resolve mais. Tornou-se imperiosa a duplicação da rodovia federal BR-282 para interromper os terríveis e irreparáveis danos humanos e econômicos. É preciso sustar o implacável morticínio que vem ensangüentando a BR-282 sem poupar jovens, crianças e adultos”, disse o presidente da Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina), José Zeferino Pedrozo.

Números trágicos na BR-282

2017
Acidentes – 1.821
Feridos – 1.699
Mortos – 93

2018
Acidentes – 1.516
Feridos – 1.630
Mortos – 107

2019
Acidentes – 1.431
Feridos – 1.952
Mortos – 100

2020
Acidentes – 1.252
Feridos – 1.510
Mortos – 101

2021 (até 12 de setembro)
Acidentes – 818
Feridos – 957
Mortos – 61

Com informações do site ND Mais

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