Na Região Carbonífera, empresas de metalmecânico, química e máquinas de agronegócio são as mais afetadas. Situação pode gerar uma retração do mercado.
Frente à crise do coronavírus, a busca pela retomada econômica se tornou o principal anseio dos representantes de setores produtivos, entre eles, o industrial. Embora haja uma recuperação acelerada em virtude do início da vacinação e das reformas no que se refere à esfera federal, um fator preponderante tem preocupado os empresários: o aumento excessivo no valor dos insumos. Na Região Carbonífera (Amrec), as empresas mais afetadas são as de metalmecânico, máquinas e equipamentos de agronegócio e as químicas.
“A gente continua bastante otimista com relação às vendas e ao mercado, está muito positivo. A grande preocupação é que houve um aumento muito alto de determinadas matérias-primas e isso está fazendo com que a rentabilidade das empresas diminua. Elas não conseguem repassar os custos que estão tendo ao produto final. Também está sendo multiviabilizado, por exemplo, a indústria nacional repassou às empresas que têm um determinado monopólio e elas colocam o preço que querem, isso está inibindo”, explica o presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Moacir Dagostin.
Na prática, conforme Dagostin, quem produz tem que repassar o valor mais caro ao produto final para não haver um prejuízo. “Mas existem encomendas a serem realizadas. O comprador não aceita o repasse do aumento de preço muito alto. Essa está sendo uma dificuldade encontrada no mercado, então existe uma demanda, as pessoas querem comprar, mas não querem pagar o preço”, acrescenta. A escassez de insumos, como registrado durante a pandemia, não é mais um problema para a região. “Inicialmente é porque havia falta, mas, neste momento, o que está acontecendo é que existe o produto, mas com o preço muito alto. Então, por exemplo, quem aumentou a produção tem que vender com o valor 40% mais caro, daí o mercado se retraí, isso tem gerado um pouco de inflação”, completa.
Dagostin ainda relembra que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) – que mede o valor de matérias-primas, bens e produtos finais da indústria está aproximadamente 25% ao ano. “Nunca esteve tão alto”, enfatiza. A necessidade, de imediato, seria um equilíbrio entre o mercado interno e externo. “Como o produto importado está muito mais caro em função do imposto, existem várias ações junto ao Governo Federal para que ele reduza o imposto de importação desses insumos que são muito caros no Brasil”, complementa o presidente.
Aço, papelão e resina plástica são os principais insumos que tiveram aumento. “De um lado temos vendas e demanda, mas para atender a demanda o setor passa trabalho para buscar essas matérias-primas e, com o preço muito alto, que não é possível repassar. É necessário esse equilíbrio, mas o que está travando o mercado é a negociação com os fornecedores no sentido do preço. Mas a demanda existe, tem um aquecimento”, ressalta Dagostin.
Fretes também influenciam
O valor dos fretes também tem pressionado os custos do setor industrial. “Influencia completamente o aumento desses preços, tanto do mercado interno como do externo. Principalmente as importações da China, que é um volume muito alto aqui para região, os valores aumentaram demais e isso também precisa ser repassado”, acrescenta Dagostin.
Embora o cenário demonstre preocupação dos empresários, indústrias procuram otimismo para retomada plena da economia regional. “A nossa preocupação é que com isso possa haver, em curto prazo, uma retração do mercado por causa desses preços um pouco altos. De outro lado, a gente mantém um otimismo quanto às reformas que estão sendo feitas a nível federal, realmente este ano virá com o Produto Interno Bruto (PIB) crescente”, finaliza o presidente da Acic.
Com informações do site TNSul