Supermercados afirmam que apenas repassam nas gôndolas a subida dos fornecedores; arroz, feijão e óleo de soja estão mais caros.
Os consumidores notaram: os alimentos estão mais caros nas últimas semanas nos supermercados de Criciúma. O município segue a tendência nacional: levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado ontem aponta que o preço da cesta básica está mais alto em 17 capitais brasileiras, sendo Florianópolis a que teve maior aumento, de 9,80%.
Em Criciúma, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), está avaliando as notas fiscais nos supermercados para verificar se há algum aumento abusivo dos preços na cidade. A Associação Catarinense de Supermercados (Acats) responde que apenas repassa nas gôndolas o que lhes é apresentado pelos fornecedores.
Em um supermercado voltado ao público de classe C e D no bairro Maristela, os produtos vendidos no varejo tiveram aumento nos últimos dias, especialmente o arroz, feijão e óleo de soja. No entanto, como estratégia de venda, a gerência optou por manter o preço da cesta básica padrão da loja: R$ 65,90 a sacola com dois pacotes de massa e biscoito, dois quilos de feijão e açúcar, três de arroz, um de sal, farinha de mandioca, milho e trigo, uma lata de sardinha e um pote de café.
Porém, na compra em separado, com o aumento do preço do arroz e do óleo, o chefe de loja, Fábio Simão, aponta que muitos clientes mudam os hábitos de consumo. “Ao invés de comprar arroz e óleo, estão levando mais massa, que manteve o mesmo preço, a gente até fazendo alguma promoção, e a banha de porco, que inclusive já acabou do estoque”, explica.
No supermercado, o óleo de soja antes vendido a R$ 5,99 passou a custar R$ 6,20. O saco com cinco quilos de arroz aumentou de R$ 16 para R$ 19, em preço promocional. O analista de mercado Tiago Colombo explica que diferentes motivos levaram ao aumento dos produtos da alimentação básica do brasileiro.
“Tem a ver com o dólar alto, a exportação, demanda mundial de produtos básicos e até mesmo desemprego”, avalia. Segundo Colombo, a saca do arroz aumentou 100% do ano passado para este, hoje custando R$ 120 os 50 quilos. De acordo com o analista, os aumentos não refletem uma prática abusiva da cadeia de produção, mas sim a conjuntura econômica mundial.
“O produtor normalmente planta em agosto e setembro, colhe em fevereiro e março e geralmente já vende. Quem está ganhando a mais são os grandes produtores que conseguiram segurar o seu estoque. O pequeno que vendeu lá atrás não ganhou absolutamente nada a mais”, aponta Colombo. Os grandes optam por vender ao mercado externo, cuja demanda aumentou por causa da queda de exportação do arroz asiático.
Os produtos industrializados, como por exemplo a massa, não apresentam aumento, de acordo com Colombo, porque a recessão mundial causada pela pandemia do coronavírus, com a consequente perda de poder aquisitivo da população, fez com que a procura pelos alimentos básicos aumentasse. “O feijão já era um item caro e com a escassez em meio à pandemia, quando as pessoas compram produtos mais básicos no mercado, pela demanda e procura, aumenta o valor”, conclui.
O aumento desagradou aos consumidores, que precisam optar entre maior gasto nas compras, troca de produtos ou até levar em menor quantidade. Vanusa de Freitas, 31 anos, faz as compras da família de três pessoas. “Não encontro nada que era do preço anterior, mesmo procurando a marca mais barata. Tenho trocado o óleo pela banha de porco e ao invés de comprar pão, por exemplo, levar a mistura para fazer em casa. O que dá pra economizar, a gente economiza”, explica.
O Procon deve nos próximos dias lançar o parecer sobre o aumento dos preços nos supermercados em Criciúma, após inúmeras denúncias de consumidores sobre o encarecimento dos alimentos nas gôndolas.
“Encontramos uma dificuldade na análise da nota fiscal da carne. A forma como a carne é comprada dá a dificuldade de interpretação do valor final a ser colocada na gôndola ao consumidor. Solicitamos esse esclarecimento de interpretação ao supermercado. Não conseguimos concluir ainda se houve ou não o aumento abusivo”, explicou o coordenador do Procon de Criciúma, Chalton Schneider.
Com informações do site TNSul