O plano envolvia o assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Investigações da Polícia Federal (PF) trouxeram à tona gravações de áudio que mostram militares de alta patente discutindo um plano de golpe de Estado após o segundo turno das eleições de 2022. As informações são do g1.
De acordo com as apurações, o general da reserva Mario Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência, desempenhou papel central na articulação. O plano envolvia o assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Abaixo, destacamos os principais trechos das gravações que explicitam os preparativos para o golpe:
“Quatro linhas da Constituição é o c*”**
Em um dos áudios, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu argumenta com o general Mario Fernandes sobre a necessidade de agir rapidamente, defendendo uma intervenção:
— O senhor me desculpe a expressão, mas quatro linhas é o c***. Nós estamos em guerra, eles estão vencendo, está quase acabando, e eles não deram um tiro por incompetência nossa — afirmou.
“Guerra civil agora ou guerra civil depois”
O general Mario Fernandes também recebeu áudios do general Roberto Criscuoli, que abertamente discutiu a possibilidade de uma guerra civil:
— Se nós não tomarmos a rede agora, depois eu acho que vai ser pior. Na realidade, vai ser guerra civil agora ou guerra civil depois. Só que a guerra civil agora tem um significativo, o povo tá na rua, nós temos aquele apoio maciço. Daqui a alguns meses esse cara vai destruir o Exército, vai destruir tudo — disse Criscuoli.
Acampamentos e manipulação popular
As investigações apontam que os acampamentos em frente aos quartéis no final de 2022 eram parte de uma estratégia coordenada pelos militares. Mario Fernandes sugere em um áudio a importância de inflamar a população:
— Talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer: o clamor popular, como foi em 64. Nem que seja pra inflamar a massa, para que ela se mantenha nas ruas — comentou.
Pressão para “segurar a PF”
Em outro áudio, Mario Fernandes pede ao ajudante de ordens de Bolsonaro que o presidente pressione o Ministério da Justiça para impedir ações da Polícia Federal contra acampamentos golpistas:
— Os caras não podem agir, a área é militar, mas, p*, já andou havendo prisão realizada ali pela Polícia Federal. Então, p*, seria importante, se o presidente pudesse dar um “input” ali pro Ministério da Justiça, pra segurar a PF — afirmou.
Divisão interna no Exército
Os áudios também indicam divergências entre os militares. Reginaldo Vieira de Abreu relata ao general Fernandes que, entre os oficiais de alta patente, apenas três estavam dispostos a apoiar o golpe:
— Kid Preto, cinco não querem, três querem muito, e os outros, zona de conforto. É isso. Infelizmente.
Braga Netto como “arquiteto do golpe”
A PF considera o general Braga Netto, ex-vice na chapa de Bolsonaro, o principal responsável por planejar o golpe. Em uma conversa, Fernandes sugere a Bolsonaro substituir o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por Braga Netto:
— P*, cara, tava pensando aqui, sugeri ao presidente até, p*, ele pensar em mudar de novo o MD [Ministério da Defesa], p*. Bota de novo o general Braga Netto lá. General Braga Netto tá indignado, p*, ele vai ter um apoio mais efetivo — disse.
Contexto das investigações
Esses áudios reforçam as conclusões da PF, que indiciou Jair Bolsonaro e outros 36 nomes por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa. O caso está sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF), e as autoridades continuam investigando possíveis desdobramentos e novos envolvidos.
Informações retiradas do g1