Segurança

Alunas denunciam professor de karatê por crime de estupro em Içara

Boletins de ocorrência já foram abertos e o caso já está sendo investigado pela Polícia Civil

Foto: Divulgação

Os depoimentos de duas adolescentes moradoras de Içara, no Sul de Santa Catarina, têm ganhado repercussão na internet e em todo o Estado. Nos relatos, elas denunciam por crime de estupro um professor de karatê que integrava o quadro de profissionais da prefeitura da cidade. Boletins de ocorrência já foram abertos e o caso já está sendo investigado pela Polícia Civil.

Uma das meninas, de 16 anos, explica que resolveu denunciá-lo após ver que outra adolescente também teria sido vítima do mesmo homem. “Eu só tive coragem de falar isso agora, depois de perceber que não estou sozinha nessa. Foram quase dois anos lutando contra isso todos os dias. Tive medo de contar para alguém”, relatou.

A publicação foi feita nessa quarta-feira (18) junto com o registro de um boletim de ocorrência. Segundo depoimento da mãe da menina, o caso aconteceu em julho de 2020. Na época, sua filha estava na parada de ônibus quando o professor ofereceu uma carona.

Durante o trajeto, como consta no depoimento, ele teria dito que precisava passar em casa para pegar dinheiro e abastecer o carro. Quando os dois chegaram à residência, a jovem teria pedido um copo de água. Ele, então, teria a convidado para entrar e a puxou para um quarto, onde, segundo o depoimento, aconteceu o crime sexual. Após o ato, ele ainda teria tomado um banho e oferecido uma cerveja à garota.

“Como se não bastasse tudo o que ele fez comigo, me vendo chorar, pedindo para parar, ele ainda foi me consolar, como se aquilo não fosse nada para mim”, desabafou a menina.

A adolescente diz que tomou coragem de revelar o ocorrido após uma colega compartilhar na internet um episódio de violência sexual envolvendo o mesmo professor de karatê e, ainda sim, ele seguir dando aulas.

“Não sou a primeira e nem a última vítima desse ‘professor’. Ele ainda continua dando aula para crianças e adolescentes, segue atuando como personal trainer, arbitrando em competições estaduais e nacionais”, completou a garota no relato.

Segundo o delegado Rafael Iasco, um inquérito policial será instaurado para investigar os fatos. A vítima também deve ser submetida a exame de corpo de delito.

“Esse caso tem que ser tratado de forma muito séria, responsável. Tem que ser realizada uma investigação com cautela para apurar os fatos. Deve haver provas para poder questionar o acusado, para dar andamento às investigações”, informa o delegado.

Mais uma adolescente denunciou o professor

Outra adolescente de 14 anos também denunciou o professor nas redes sociais e na Promotoria de Justiça de Içara. Ela conta que ele a convidou para ir até a sua casa para conversar sobre assuntos do karatê. O episódio aconteceu em abril de 2021.

Segundo a adolescente, durante o caminho, ele fez uma pausa para comprar bebidas e, quando os dois chegam na residência, o professor iniciou os abusos. Inicialmente, ele teria convidado a garota para o quarto enquanto tocava seu corpo.

“Recusei, mas ele insistiu e me pediu para fazer [sexo] oral. ‘Tira a camisa’ foi uma das falas que mais me assustou. De tanto recusar, ele se cansou e começou a se masturbar olhando para o meu corpo. Essa cena me traumatizou. Cansei e grite ‘Para! Eu não quero ver’”, contou a menina.

De acordo com a menina, depois do episódio, ele tomou banho e a levou para casa. “Tomei coragem e só depois de dois meses consegui me abrir para minha mãe, pois tinha medo dele fazer algo para mim”, diz a adolescente.

Em declaração à Promotoria, a mãe da adolescente relatou que o professor continuou enviando mensagens de cunho sexual para a filha. Ela também afirmou que tem prints comprovando a situação.

Afastamento

Em nota, a Prefeitura de Içara informou que o professor “não faz mais parte do quadro do município há alguns meses e que os casos citados estão sob responsabilidade da polícia”.

A Associação Team Everaldo, a qual o professor fez por quatro anos, também se manifestou. Segundo o técnico Everaldo Pereira, assim que aconteceu a primeira denúncia em 2021, “já foram tomadas providências contra o acusado, porém, não haviam provas nem vestígios”.

Na época, conforme o técnico, foi registrado um boletim de ocorrência e feito o pedido de afastamento do professor. Contudo, a associação decidiu se manifestar agora, após a aluna expor a situação nas redes sociais e outra denúncia vir à tona.

“Eu tenho três filhas mulheres dentro do karatê. Para mim é muito difícil essa situação. Tem sido muito triste para os pais e para os alunos”, comenta o técnico. Atualmente, a associação tem um projeto com mais de 500 alunos na região.

O professor também foi afastado do quadro de profissionais da FCK (Federação Catarinense de Karatê). Em nota, a instituição informou que já se manifestou junto ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).

“Não compactuamos com nenhum tipo de assédio, discriminação, racismo ou outros crimes. Somos uma entidade esportiva que prima pelos bons princípios e se coloca à disposição para apurar se houve algum ato que configure infração ética ou disciplinar no âmbito da nossa corporação”.

Ele também foi demitido da academia Espaço Fitness, onde atuava em Içara. “Não compactuamos com nenhum comportamento que viole a integridade de uma pessoa. Nosso foco é total em nossos alunos e, por isso, a decisão”, informou em nota.

A academia acrescentou que durante o tempo em que ele trabalhou no local nunca houve denúncia ou relato de alunos sobre qualquer conduta indevida por parte do homem.

A reportagem tenta contato com o professor de karatê, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Com informações do ND+

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