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Acadêmica de Criciúma é vítima de racismo

Foto: Divulgação

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Um grave caso de racismo aconteceu neste final de semana no Balneário Rincão. A jovem Kássia Hellen Dias Vargas, de 22 anos, participava de uma festa da turma da faculdade quando foi agredida verbalmente por um homem que participava da confraternização. Conforme os relatos da mãe da garota, Cristiane Vargas, a filha foi menosprezada e xingada perante os amigos por conta da cor da sua pele. “A pessoa disse que se recusava a sentar na mesma mesa que ‘aquela negrinha’. Como se não bastasse ainda ofendeu de outras formas, a chamando de mal educada e que só estava na turma por causa das cotas”, informou.

De acordo com Cristiane, a filha chegou a tentar conversar educadamente com o senhor, mas neste momento ele lhe dirigiu ainda outro xingamento, desta vez a chamando de “negra macaca”. Ao ver a filha arrasada com a situação, a mãe, junto com uma irmã e uma amiga que faz parte do movimento Coletivo Afro, e também estavam em outro evento no Balneário Rincão, foram até o local para tentar conversar e resolver a situação, mas acabaram também sendo alvo de declarações racistas. “Chegando lá ele nos falou que não acredita que nós estávamos nos prestando àquele papel.Nos chamou de negrada fraca e disso que nosso lugar era outro”, relatou.

Durante a discussão, conforme Cristiane, foi possível perceber que as pessoas em geral não estão preparadas para lidar e defender vítimas em situações de racismo. “Até então uma situação como essa nunca tinha acontecido. Era apenas com os outros. Percebi que o preconceito está muito mais perto que imaginamos e nós, que temos mais informação, precisamos fazer algo para mudar esse cenário. Não vamos deixar assim”, garantiu.

A família já procurou a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) para registrar um Boletim de Ocorrência e vai seguir com os procedimentos legais na tentativa de punir o responsável pela situação. “Esse homem precisa se retratar. Não quero indenização. Quero apenas que ele entenda a importância e a força da cultura afro e nunca mais faça isso com as pessoas”, completou.

Juntar provas

Em casos como esse, como a agressão é verbal, a recomendação dos especialistas é juntar o maior número de provas para registrar um Boletim de Ocorrência, para que seja aberta uma investigação. “A pessoa deve juntar o maior número de testemunhas, e quando houver, registros de gravações, fotos e vídeos. Hoje em dia, com os celulares isso ficou mais fácil”, afirmou o advogado Sérgio Graziano.

A pessoa que ofendeu pode responder por injúria racial, que ocorre quando acontece a ofensa a honra com o uso de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. A pena é detenção de 1 a 6 meses ou multa. A ação penal pública é condicionada, ou seja, quando a manifestação está condicionada a vontade do ofendido.

A pessoa ainda pode responder pelo crime de racismo, que se refere a um coletivo ou um determinado grupo. Considerado mais grave, o crime é inafiançável e imprescritível. A pena é de reclusão de 1 a 3 anos e multa. E a ação penal pública é incondicionada, ou seja, quando não depende de representação do ofendido.

Com informações do Portal Clicatribuna