Enquanto trabalhadores continuavam a cavar e medir os canteiros na Praça Anita Garibaldi, em Urussanga, na manhã deste sábado, moradores chegavam próximos dos locais de movimentação da obra vestindo roupas pretas, em sinal de luto. Surpresos, observavam as raízes de uma figueira centenária expostas após o início do projeto de revitalização do lugar feito pela Prefeitura Municipal na quarta-feira (3).
"Não tenho conhecimento do que está acontecendo. Agora que cheguei e sentei na praça que estou vendo as coisas. Não aceito isso, está tudo errado, nem era para ter iniciado a obra. Não pode acontecer algo desta proporção sem o povo ser consultado", afirmou o morador do bairro Figueira, Lourenço Mariot. "A nossa praça é aconchegante, repleta de árvores. Não é qualquer cidade que tem um jardim como este. Venho do interior para aproveitar este maravilhoso local. Gosto dele como ele está, pois a praça está bonita assim", acrescentou Luiz Carlos Maximiliano, da comunidade de Rio Carvão, enquanto os amigos conversavam aproveitando a sombra de uma árvore.
Um grupo de moradores se reuniu próximo ao local da obra para discutir ações, visto que o projeto não foi apresentado à população. O vice-prefeito de Urussanga participou do debate com o intuito de dialogar e sanar os questionamentos dos cidadãos. Após denúncias, o Ministério Público está investigando a obra, já que a praça é o entorno do patrimônio histórico tombado pela Fundação Catarinense de Cultura – FCC, órgão que também recebeu denúncias e não tinha conhecimento do projeto.
Profissionais da FCC estarão na cidade na segunda-feira para fazer uma visita técnica. Para marcar o ato, o grupo realizou um abraço simbólico afirmando que irão buscar seus direitos para opinar sobre as alterações na praça. "Viemos exercer nosso papel de cidadãs preocupadas com nossa cidade e o que estão fazendo com ela. Levamos questionamentos, pedimos esclarecimentos, conversamos. Juntos somos mais fortes e o povo precisa ser ouvido", frisaram as urussanguenses Mariele e Michele Bonetti.
O turista dos Estados Unidos, Mark Frappier acompanhou a manifestação e ficou assustado ao tomar conhecimento de que árvores serão cortadas para dar lugar a edificações. "Quando vim a Urussanga nas outras vezes só vi mudanças para melhor como a limpeza no chafariz e mais iluminação. Agora fiquei decepcionado com o que está acontecendo. Esta praça é bonita e não deveriam colocar um banheiro bem aqui no meio, poder ser em outro local. O que me chamou a atenção foi a exposição da raízes desta árvore antiga. Ela possui um grande valor turístico. Hoje o mundo está em projeto para preservar árvores e não cortá-las, pois quantos menos árvores tiverem em um lugar, menos pessoas também permanecerão nele", ressaltou.
Com informações de Eliana Maria Maccari
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