A professora e colunista Ana Maria Dalsasso alerta os pais quanto a forma de criação dos filhos.
Estamos assistindo todos os dias a uma sequência de fatos hediondos que apavora não só brasileiros, mas o mundo todo. A violência tornou-se a principal manchete de todo e qualquer veículo de comunicação. É violência na família, é violência social, ambiental, ética, política, enfim nada mais hoje escapa dessa “praga” que assola a humanidade, desespera famílias, desencanta crianças, destrói sonhos, ceifa vidas.
É urgente que se busque uma resposta para o comportamento violento do jovem
O fato ocorrido na escola de Suzano/SP abalou a todos, servindo de alerta para que estudos sejam feitos na busca das causas que têm levado adolescentes e jovens a cometer crimes tão bárbaros, bem como buscar alternativas para pôr fim a este quadro assustador que se instalou nas escolas.
Nos últimos anos, já são oito atentados cometidos por alunos e ex-alunos em colégios brasileiros, e cada vez mais violentos, podendo se dizer que “cada vez mais requintados e com maior número de vítimas”. Uma espécie de evolução no aprendizado do crime. É urgente que se busque uma resposta para o comportamento violento do jovem e uma forma de implementar medidas para contê-lo, pois são inúmeros os fatores influenciadores no comportamento dos adolescentes, desde a convivência familiar, o meio com o qual se relaciona, o que ele vê na internet, até (é possível) a genética.
É preciso estar atento a tudo o que se passa com o filho.
Mas, por que razões pessoas na plenitude da vida, cheias de facilidades, com tantas possibilidades e sonhos a serem vividos, têm perdido o sentido de viver? Pesquisas apontam que mundialmente há um aumento significativo de pessoas com transtorno de ansiedade e com depressão, sendo o Brasil apontado como o quinto do mundo em número de pessoas depressivas.
A precocidade e o viciamento nas tecnologias, a negligência dos pais em não estabelecer limites, a falta de atitude perante os desmandos de filhos, a competitividade do mundo moderno, a ausência de projetos de vida, a superproteção, uso de drogas, baixa autoestima, pais ausentes e liberais, enfim tantos outros fatores desencadeiam a agressividade. É preciso estar atento a tudo o que se passa com o filho.
A família é a responsável pela formação ou deformação do caráter dos filhos, pois é ali que são vividas as primeiras e melhores lições de amor, de respeito, de responsabilidade, de ética, dignidade, comprometimento. E as lições apreendidas no seio familiar os acompanharão pelo resto de suas vidas.
Seria sua atitude uma maneira de mostrar ao mundo sua existência? Um grito de socorro? Ninguém saberá…
Os pais precisam aprender a viver com os filhos, mas um viver gostoso, compartilhando brincadeiras, dedicando tempo a eles, não necessariamente em quantidade, mas em qualidade. Dar informações e não conviver com os filhos de nada adianta.
Voltemos à tragédia de Suzano: Guilherme 17 anos, filhos de pais usuários de drogas, criado pelos avós, órfão de pais vivos a vida toda, e agora órfão da avó, falecida há um mês, viciado em vídeo game, talvez vítima de bullying, fora da escola há dois anos…
O que se passava na cabeça deste menino? Ficou invisível e arquitetou tamanha tragédia. Seria sua atitude uma maneira de mostrar ao mundo sua existência? Um grito de socorro? Ninguém saberá… O que sabemos é que pessoas inocentes, com projetos de vida e sonhos a realizar obrigatoriamente embarcaram com ele na loucura que era só dele.