Indícios levam delegado a acreditar em "fato mais grave já investigado sobre corrupção em administração pública"
O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), formado por Ministério Público de Santa Catarina, Polícia Civil e Polícia Militar prendeu na manhã desta quinta-feira sete pessoas em Içara: quatro agentes públicos, dois empresários e uma pessoa ligada a um partido político. Segundo o promotor Maurício Medina, todos estão sendo investigados por ilícitos cometidos na prefeitura de Içara. “Estamos apurando a formação de uma quadrilha que seria utilizada para manipular licitações, superfaturamento e desvio de recursos. Tudo isso para benefício próprio”, explicou Medina.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na prefeitura. Documentos a partir de 2010 foram recolhidos para que o grupo possa investigar e encontrar ainda mais evidências sobre as ilicitudes cometidas. “Investigamos que a administração municipal valia-se da facilidade para cometer os atos”, ressaltou o promotor, que não tem uma estimativa do valor desviado. “Só poderemos divulgar os nomes e dar valores após as investigações, que não têm data para terminar”, completou ele.
De acordo com o delegado Airton Ferreira, essa é a denúncia mais grave das últimas duas décadas na região. “Estou em Criciúma desde 1992 e é esse é o fato mais grave já investigado sobre corrupção em administração pública. Com certeza há mais pessoas envolvidas e buscaremos responder à sociedade o mais rápido possível”, salientou Ferreira.
Um mandado de prisão não foi cumprido porque os policiais não encontraram a pessoa. Conforme o promotor Maurício Medina, as investigações iniciaram há cerca de seis meses e o fato em Içara difere-se do ocorrido em Criciúma, no caso da repavimentação das obras do esgoto, iniciado após a CPI do Esgoto da Câmara de Vereadores. “A situação fática é outra. Em Criciúma encontramos um fato que já havia ocorrido, por isso não foram necessárias prisões. Já em Içara, o fato supostamente acontecia até hoje”, concluiu Medina.
As sete pessoas presas temporariamente ficarão em delegacias por até cinco dias. Os nomes não foram divulgados pelo Gaeco para não atrapalhar nas investigações. "Há indícios de que as licitações fraudavam e superfaturavam de 10% a 15%", complementou o delegado Airton Ferreira.
Engeplus/Nícola Martins