No entanto, muitas destas aves são encontradas mortas e é difícil diagnosticar a causa
Na temporada mais fria do ano, principalmente durante os meses de junho e julho, é comum avistar e até mesmo encontrar animais marinhos no litoral Sul de Santa Catarina. Baleias, pinguins e até lobos marinhos vêm para as águas do Sul a fim de se reproduzir ou se alimentar ou, ainda, para um descanso. Porém, nem todos sobrevivem, como é o caso de dezenas de pinguins encontrados mortos nos últimos dias na beira-mar Sul catarinense.
De acordo com o biólogo do Museu de Zoologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), Rodrigo Ribeiro de Freitas, há três anos a universidade faz um levantamento sobre as visitas destes animais marinhos. Porém, a causa das mortes, principalmente dos pinguins, é algo difícil de ser diagnosticado. "Hoje, os estudos do Museu de Zoologia da Unesc estão concentrados na identificação da espécie destes pinguins, assim como o sexo e a idade, pois a estrutura necessária para estudar a causa dessas mortes nós não temos", afirma Freitas.
Os pinguins encontrados no Balneário Arroio do Silva e no Morro dos Conventos esta semana, por exemplo, são da espécie Spheniscus magellanicus, mais conhecidos como pinguim-de-magalhães. No Arroio foram encontrados 36 animais mortos e mais 26 no Morro dos Conventos, todos na tarde dessa quinta-feira.
O biólogo também explica que algumas hipóteses podem ser levantadas como a causa das mortes. "O pinguim-de-magalhães migra para o litoral Sul atrás de alimentação e depois deve voltar para a sua colônia, onde se reproduz. As redes de pesca podem causar as mortes, claro, mas outros fatores também influenciam, como a poluição causada por esgoto ou óleo, que gruda na pena do pinguim; alguns fungos marinhos ou doenças congênitas, próprias da espécie animal; além do cansaço, pois eles nadam muitos quilômetros para chegar até aqui". Freitas destaca, ainda, que os indivíduos encontrados mortos no litoral Sul são, em maioria, bastante jovens. Por serem menos experientes eles podem ter se perdido da corrente marítima, o que é mais uma possível causa para as mortes.
Conforme o diretor de Meio Ambiente da prefeitura do Balneário Arroio do Silva, Eduardo Timboni Marzol, os estudos da Unesc são acompanhados pelo município, mas todos já estão acostumados a encontrar pinguins nas areias do balneário nesta temporada de frio. Marzol ressalta que os animais mortos são recolhidos da orla em uma parceria com a Secretaria de Obras do município.
A orientação da Polícia Ambiental de Maracajá é que as pessoas não se aproximem ou alimentem os animais marinhos quando eles ainda estiverem vivos, sob risco de algum ataque por parte do animal, que é considerado selvagem e tentará se defender.
Engeplus – Vanessa Amando