A chuva durou um pouco mais de uma hora. Cerca de dez minutos de granizo mudaram a paisagem das ruas.
Olhares voltados para o céu. O tempo aberto com sol, em questões de minutos deu lugar a nuvens escuras. Passos acelerados de quem circulava a pé, de bicicleta, e ritmo acelerado até mesmo de quem trafegava de carro pela região. A chuva veio com força acompanhada de pedras de gelo em Tubarão, Capivari de Baixo, Pescaria Brava e alguns pontos isolados de municípios vizinhos.
Conforme reportagem do jornal Notisul, o granizo era tanto que transformou a paisagem, deixou asfaltos e gramados brancos. “A quantidade de pedras parece ter se concentrado no centro da Cidade Azul, mas, não dá para escapar, isso é o verão! Chamamos este fenômeno de sistema conectivo”, informa o secretário de defesa civil da prefeitura de Tubarão, Rafael Marques.
Com o tempo quente e abafado, unido a uma maior disponibilidade de umidade relativa do ar no ambiente, resultam nas severas chuvas de curta duração. Vários raios e trovoadas também assustaram muito.
A chuva, formada por este sistema conectivo, pode vir acompanhada com ventos fortes, grande quantidade de raios, e queda de granizo. Sempre pontual, ocorrendo geralmente entre o meio da tarde e o início da noite. “Só para se ter uma noção, hoje (ontem), durante o temporal, choveu em torno de 28 milímetros em aproximadamente dez minutos, o equivalente a 140 milímetros em uma hora. A média mensal é de 170”, informa Rafael.
Como na semana passada, várias ruas ficaram embaixo d’água. Os motoristas tiveram que enfrentar grandes alagamentos. Entre os bairros mais atingidos da Cidade Azul destacam-se as vias principais da Vila Moema, próximo ao Fórum, a avenida Marcolino Martins Cabral, em frente ao Giassi Supermercados, além de localidades das Oficinas, Andrino, Santo Antônio de Pádua e São Martinho.
“Os ventos chegaram a 60 quilômetros por hora e isso ocasionou o destelhamento de 30 casas. Pode ser que em determinado lugar tenha havido uma rajada mais forte. Estávamos atentos no sistema e localização de radar da defesa civil, mas é algo tão rápido que, em instantes, a tempestade se formou”, enfatiza Rafael.
Nos municípios vizinhos a Tubarão, segundo dados da defesa civil regional, três casas foram afetadas em Capivari de Baixo e uma casa ficou sem as telhas em Pescaria Brava. “Continuamos de plantão para qualquer eventualidade. Tivemos registro de duas ou três árvores caídas. Disponibilizamos lonas para os atingidos que tiveram prejuízos em suas residências”, detalha o coordenador da defesa civil, Anderson Martins Cardoso.
Outros municípios da Amurel também tiveram prejuízos com as fortes chuvas de granizo e vendavais registradas na tarde de ontem.
Em Capivari de Baixo, por exemplo, os integrantes da defesa civil ficaram em alerta até o início da noite. Pelo menos três casas foram destelhadas e os moradores já contabilizam os prejuízos. “As ruas ficaram cobertas de pedras de gelo, algumas ruas estavam alagadas, mas foi tudo muito rápido e passageiro. Em torno de 20 bocas de lobo do nosso município não são limpas há muito tempo, e isso ocasionou grandes cheias. Vamos providenciar este processo de limpeza em parceria com outras secretarias o quanto antes”, pretende o responsável pela defesa civil do município, Onássis da Silva.
Já em Pescaria Bravia, a chuva densa causou mais buracos em alguns acessos de estradas de chão. Segundo o coordenador regional do órgão, Anderson Martins Cardoso, uma residência ficou sem telhas devido à ventania.
Raios causam estragos
Pelo menos dois casos de raios que caíram em localidades de Tubarão foram registrados, na tarde de ontem, durante a tempestade que deixou alguns estragos na cidade. O mais grave ocorreu no bairro Santo Antônio de Pádua. A pensionista Maria Margarida Porto Paes morava há 40 anos na residência incendiada. O fogo iniciou após uma faísca de um raio que caiu próximo à sua casa. “Só vi um clarão dentro da cozinha quando já estava fora. Não quis ir muito longe com receio de se molhar. A intensidade da chuva já tinha diminuído. Corri para uma vizinha e pedi ajuda. Estou muito triste, não sei como recomeçar”, lamenta Maria Margarida.
O tenente do Corpo de Bombeiros de Tubarão, André Corrêa Araújo, confirma que foram utilizados oito mil litros de água para conter as chamas. “Tivemos o apoio de sete soldados. Pelo fato do imóvel ser de madeira e também com um sistema de energia mais antigo podem ter influenciado no incêndio. Não é possível precisar que um raio tenha atingido o local, talvez ele possa ter caído próximo daqui”, observa André.
O outro relato ocorreu em frente à entrada principal do Farol Shopping. Um raio pode atingiu o topo da fachada do empreendimento. “Pediram para entrar e não sair do local. Vi alguns pequenos escombros caírem no chão. Ficamos cerca de 20 minutos sem poder sair”, detalha o office boy Jonathan Henrique dos Anjos.