A PF também identificou que os envolvidos criaram divisões bem estruturadas, com cada grupo desempenhando papéis específicos no golpe.
O general Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, é apontado como o principal estrategista por trás da tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder, segundo o relatório da Polícia Federal (PF). O documento, que indiciou 37 pessoas, incluindo Bolsonaro e Braga Netto, descreve o general como o “arquiteto” da trama.
De acordo com o relatório, Braga Netto teria sido o responsável pela “operacionalização” do golpe, planejando a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria ativado após execuções de figuras-chave, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Indiciamento por três crimes graves
Braga Netto e Bolsonaro foram indiciados pelos crimes de:
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos): refere-se à tentativa de impedir ou restringir o funcionamento dos poderes constitucionais por meio de violência ou ameaça.
- Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos): tentativa de destituir o governo legitimamente eleito.
- Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos): formação de grupos estruturados para cometer crimes de grande impacto.
Esses crimes permitem condenação mesmo que as ações planejadas não tenham sido concretizadas.
Estrutura da organização golpista
O relatório de 884 páginas detalha a existência de seis núcleos golpistas:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: atuava disseminando fake news para desacreditar as urnas eletrônicas e o resultado das eleições.
- Núcleo de Incitação Militar: buscava o apoio de militares para aderirem ao plano golpista.
- Núcleo Jurídico: elaborava documentos e argumentos para dar respaldo legal às ações planejadas.
- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas: responsável por apoiar a logística e ações práticas.
- Núcleo de Inteligência Paralela: realizava investigações sobre alvos, incluindo trajetos e rotinas.
- Núcleo Operacional para Medidas Coercitivas: planejamento de ações específicas, como ataques ou sequestros.
A trama golpista
O plano mais recente revelado pelos investigadores incluía o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, além da possibilidade de sequestrar o ministro do STF. A PF também identificou que os envolvidos criaram divisões bem estruturadas, com cada grupo desempenhando papéis específicos no golpe.
Provas e avanços da investigação
As evidências foram reunidas ao longo de quase dois anos de investigação, incluindo quebras de sigilo telemático, bancário e fiscal, além de buscas, apreensões e colaborações premiadas. O relatório foi encaminhado ao STF, e cabe agora ao Ministério Público decidir quem será denunciado formalmente à Justiça.
Outros nomes indiciados
Além de Bolsonaro e Braga Netto, estão na lista:
- General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O relatório coloca Braga Netto como peça-chave na tentativa de golpe, reforçando sua posição como “a cabeça pensante” da operação. O caso segue para análise do STF, que decidirá os próximos passos no processo judicial.
Com informações do Metrópoles e do g1.