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Chuva no RS traz efeitos no preço pago a produtores de arroz, soja e leite de SC

Chuvas afetaram produção no Rio Grande do Sul, o que aumenta a demanda das culturas produzidas em Santa Catarina

Foto: Eduardo Valente, GOVSC

O preço de produtos, como por exemplo o arroz, sofreu um aumento em maio, conforme o Boletim Agropecuário do mês, divulgado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). A cadeia de carnes também sofreu impacto. Já o milho manteve os preços semelhantes aos de abril.

Segundo a Epagri, essas flutuações têm relação com as produções impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. É o caso do arroz, cujo estado gaúcho é o maior produtor brasileiro. O Estado é também o segundo maior produtor de soja e o terceiro maior produtor de leite do país.

Impacto em cada cultura

Arroz

O preço do arroz em casca em Santa Catarina teve valorização na primeira quinzena de maio, após uma trajetória de queda até abril. A analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural, Glaucia Padrão, afirma que o comportamento foi influenciado pela enchente prolongada no Rio Grande do Sul, que fez com que a média estadual do preço passasse a marca de R$ 100 a saca com 50 quilos — um aumento de 3% em comparação com abril.

Mesmo com 80% da safra já colhida no Rio Grande do Sul antes das enchentes, ainda há incertezas quanto ao percentual de perdas do que ainda está nas lavouras ou armazenado. Isso deve manter os preços mais elevados, segundo a estimativa da Epagri.

O órgão estima que em Santa Catarina a safra 2023/24 de arroz terá uma diminuição de 8,11% na produção em relação à anterior. Os motivos para isso incluem a redução de 0,9% na área plantada e os problemas climáticos que afetaram a produtividade.

Até agora, a produção estimada no Estado é de de 1,16 milhão de toneladas, equivalente a 99% da área plantada já colhida. Restam apenas áreas de soca no Litoral Norte.

Com uma safra menor, as importações de arroz devem ser ampliadas nos próximos meses. Entre janeiro e abril, Santa Catarina importou cerca de 11,2 milhões de dólares em arroz e derivados, um aumento de 160,97% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Soja

O preço pago aos produtores catarinenses de soja, em abril, ficou em R$ 117,25 a saca de 60 quilos, 5,8% a mais do que no mês passado. Em fevereiro e março deste ano, os valores haviam tido quedas. Na comparação com março de 2023, no entanto, os preços caíram 12,9%. Estas mudanças são influenciadas pela expectativa de uma boa safra nos Estados Unidos e pela recuperação da safra argentina.

Haroldo Tavares Elias, analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, explica que o aumento nos preços em abril e no começo de maio foi influenciado por uma série de fatores:

Aumento da demanda interna e das negociações de soja no mercado brasileiro, impulsionadas pela valorização do dólar em relação ao real, tornando as commodities brasileiras atrativas no mercado internacional;
Impacto das enchentes no Rio Grande do Sul na qualidade das lavouras que permaneciam em campo antes das enchentes (cerca de 22%);
Rumores de uma possível greve na Argentina, que é o principal país exportador de farelo de soja;
Aumento da demanda externa e interna pelos derivados de soja brasileiros (óleo e farelo).

Leite

O preço do leite, pago ao produtor catarinense em maio, segue em aumento pelo sexto mês seguido. Considerando a movimentação do mercado do leite “spot” (comercializado entre indústrias) e UHT (longa vida), este aumento deve continuar.

O analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Tabajara Marcondes, explica que o aumento deste mês tem relação com as enchentes no Rio Grande do Sul, já que o estado gaúcho responde por aproximadamente 13% do leite cru adquirido pelas indústrias inspecionadas no Brasil e com importante participação no mercado de leite e derivados.

No entanto, projeções mais precisas só serão possíveis depois do período mais crítico das enchentes.

— De qualquer maneira, já é fato que o mercado mudou completamente em relação ao final de abril e primeiros dias de maio, com elevação significativa nos preços do “leite spot” e leite UHT, o que deve se estender para outros produtos — diz.

A média do preço mais comum pago aos produtores catarinenses das principais regiões produtoras, em maio, ficou em R$ 2,41, aumento de aproximadamente 3,5% em relação ao mês anterior. Os dados são levantados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa).

Milho

O boletim de maio mostra uma redução na produção total de milho em Santa Catarina: estima-se que foram 2,26 milhões de toneladas, queda de 21,8% em relação à safra anterior. Os preços caíram cerca de 6,6% entre janeiro e março de 2024. Já nos primeiros 15 dias de maio, os valores subiram 3,7%.

A tendência é de futura recuperação nos preços do cereal no mercado interno e externo, considerando dois fatores: o aumento no consumo de milho no Brasil (para rações e etanol); a menor produção nacional na safra 2023/24; e, no cenário internacional, a redução de 10 milhões de toneladas na safra mundial de 2024/25.

Feijão

Os preços pagos aos produtores de feijão-carioca de Santa Catarina reduziram cerca de 20% em abril, na comparação com março. O preço médio estadual passou de R$ 226,10 para R$ 180,97 por saca de 60 quilos.

Já para o feijão-preto, o preço médio pago aos produtores teve um recuo de 35,5% em relação ao mês anterior, passando de R$ 310 para R$ 199,94 por saca de 60 quilos. Até a primeira quinzena de maio, as perdas da safra de feijão gaúcho não se refletiram no mercado. A safra catarinense de feijão (somada a primeira e a segunda safra) deve chegar a 117 mil toneladas, 2,82% a mais do que na safra anterior.

Trigo

Em abril, os preços médios recebidos pelos produtores catarinenses de trigo permaneceram estáveis em relação ao mês anterior. Na comparação anual, no entanto, a variação é negativa. Os preços recebidos em abril deste ano foram 21,31% menores do que os registrados no mesmo mês de 2023. Para a safra 2024/25, que começa a ser plantada no Estado a partir da segunda quinzena de maio, o custo referencial estimado, levantado pela Epagri/Cepa, está em R$ 4.898,92 por hectare, uma diminuição de 4,21% em relação aos custos referenciais estimados na safra anterior.

Bovinos

Na primeira quinzena de maio, o preço médio estadual da arroba do boi gordo não teve alterações em relação ao mês anterior. Quando se leva em consideração o valor recebido pelos produtores em maio de 2023, a queda foi de 16%.

Os preços de atacado da carne bovina apresentaram variações distintas, de acordo com o tipo de corte: alta de 0,8% na carne de dianteiro e queda de 0,9% na carne de traseiro em comparação com o mês anterior.

Conforme demonstram os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), de janeiro a abril deste ano foram produzidos e abatidos no Estado, 211,4 mil cabeças, crescimento de 7,3% em relação aos abates dos primeiros quatro meses de 2023.

Com informações do NSC Total

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