A força que as bravenses fizeram para conseguirem ocupar estes espaços é maior do que a exigida dos homens em cargos semelhantes. É o que afirmam as protagonistas.
Exemplo de representatividade feminina em ambientes ainda considerados predominantemente masculinos, Pescaria Brava se destaca no sul catarinense neste Dia Internacional da Mulher.
Na Câmara Municipal, elas são a maioria entre os servidores e na bancada, ocupam um terço das vagas. A presidente da casa, vereadora Rosilene Faísca da Silva, é também a prefeita interina, assessorada por três mulheres, que chefiam a metade das secretarias.
A força que as bravenses fizeram para conseguirem ocupar estes espaços é maior do que a exigida dos homens em cargos semelhantes. É o que afirmam as protagonistas.
Bastam minutos de conversa para sobrar exemplos de valentia, resiliência e coragem para transpor o machismo que persiste, inclusive por parte de outras mulheres.
Primeira mulher a comandar a prefeitura
“Há pessoas, inclusive, que não concordam que mulheres recebam mais que os maridos. Mas eles têm que entender que as mulheres estão aí. A porta abriu para todos. Para mim é uma felicidade comandar uma Câmara com a maioria sendo mulheres”, diz Rosilene, conhecida como Léia.
Primeira a ocupar o cargo de prefeita interina, Léia divide a bancada na Câmara com mais duas mulheres, as vereadoras Margarete Martins e Raquel Cardoso. Margarete é a primeira mulher negra a ocupar uma vaga entre os vereadores, e Raquel atuou seis anos como secretária de Assistência Social no município.
“Nós mulheres fazemos de tudo um pouco. Entendemos do lar e das nossas profissões, de política e da família. A mulher tem multifunções”, detalha a vereadora Raquel.
Talita Santos, vereadora eleita e atualmente secretária de Educação de Pescaria Brava, tem opinião semelhante em relação à importância da presença de mulheres em ambientes considerados para os homens, principalmente na política.
“Eu tento mostrar, não apenas para as mulheres, mas para todos que vão votar: aquela pessoa vai falar por ti. E nada mais justo do que mulheres falarem por mulheres”, diz Talita.
“Não se trata apenas de preencher cotas de gênero”
Sobre presença ainda maior na política e em postos de comando, Janaina Felipe Lemos Botega, secretária de Assistência Social, afirma: “Não se trata apenas de preencher cotas de gênero, mas de garantir que as vozes, preocupações e perspectivas das mulheres sejam ouvidas e consideradas nas políticas públicas, inclusive que seus direitos sejam defendidos”.
À frente da secretaria que tem como público alvo a maioria homens, a da Agricultura e Pesca, Jane Pereira diz que, na Agricultura a maior parte da equipe de trabalho é formada por mulheres.
Para as que pretendem ocupar lugares semelhantes, Jane aconselha: “É preciso buscar seu espaço por meio de luta, trabalho e dedicação”.