Chegada do verão e a exposição ao sol exigem atenção redobrada para impedir problemas mais graves
A busca pela pele bronzeada pode representar um grave risco à saúde se a exposição ao sol não for acompanhada de cuidados essenciais, incluindo horários adequados, protetor solar e acessórios como bonés e chapéus. Os descuidos podem provocar o surgimento do câncer de pele, o mais frequente no Brasil. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), para cada ano do triênio 2023 a 2025 são estimados 220.490 novos casos de câncer de pele não melanoma, o que representa um risco de 96,44 novas ocorrências a cada 100 mil homens e de 107,21 a cada 100 mil mulheres. Já na região Sul, em ambos os sexos o câncer de pele melanoma também é mais incidente quando comparado com as demais regiões.
Além da exposição solar, a médica oncologista Dra. Ana Cláudia Galdino, da Oncoclínicas, explica que os cânceres de pele não melanoma são representados principalmente pelo carcinoma basocelular (CBC) e pelo carcinoma escamocelular (CEC). “Em crianças e adultos jovens portadores de algumas síndromes hereditárias que envolvem defeitos na reparação do DNA, como a do nevo basocelular, albinismo e xeroderma pigmentoso, uma doença genética, não contagiosa que se manifesta com lesões cutâneas em as áreas do corpo mais expostas ao sol, há a maior possibilidade de desenvolvimento de CBC. Algumas terapias também podem levar ao aparecimento de CBC anos mais tarde, como a fototerapia para o tratamento de psoríase e a radioterapia no tratamento de tumores. Exposição ao arsênico e tabagismo também podem aumentar as chances de desenvolvimento do CBC”, ressalta a especialista.
Nos CECs, os principais fatores de risco são múltiplas queratoses actínicas, lesões que surgem em áreas fotoexpostas (mãos, rosto, ombros, couro cabeludo e colo) que variam de manchas de superfície rugosa e se tornam mais ásperas em relação ao restante da pele; pessoas imunossuprimidas, como transplantados – que têm 250 vezes mais probabilidade e relação de 3,5 CECs para cada CBC – e infectados por HIV, pacientes expostos a agentes carcinogênicos como tabagismo, além de arsênico, hidrocarbonetos e derivados do alcatrão, trauma local, cicatriz de queimadura, radiação ionizante, inflamação crônica e dermatoses como albinismo, xeroderma pigmentoso, lúpus, sífilis tardia, hanseníase e úlceras crônicas, entre outros.
Os cânceres de pele do tipo melanoma possuem como principal fator de ocorrênciaa exposição à radiação UV (UVA e UVB) da luz solar. “Histórico de mais de 10 queimaduras solares graves têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver melanoma em comparação com pacientes sem histórico de queimaduras solares”, alerta a oncologista. Além disso, a incidência aumenta com a idade. Em geral, a ocorrência é maior nos homens e o desenvolvimento deste tipo de câncer é aproximadamente 1,5 vezes maior que o de uma mulher.
Pessoas de pele clara, com sardas induzidas pela exposição solar, ruivos e pessoas de olhos azuis também apresentam maior probabilidade de desenvolvimento deste tipo de câncer “Aproximadamente 8% a 12% dos melanomas ocorrem em indivíduos com predisposição genética, ou seja, têm um membro da família com histórico da doença, o que aumenta o risco de três a oito vezes. Além disso, pessoas que têm dois ou mais membros da família portadores do problema também correm um risco particularmente alto”, destaca a oncologista.
Confira algumas precauções a serem adotadas:
– É necessário usar protetor solar mesmo na sombra ou em dias nublados?
Sim, especialmente em pessoas de pele clara ou com doenças cutâneas prévias, a sensibilidade à ação dos raios solares é importante o suficiente para poder induzir mutações celulares que aumentam o risco de desenvolvimento de câncer de pele;
– Queimadura por sol pode evoluir para câncer de pele?
Sim. A radiação ultravioleta é capaz de promover dano ao DNA pela produção de radicais livres, frutos da hidrólise da água. O estresse oxidativo tem o potencial de provocar mutações pontuais capazes de induzir e causar neoplasias da epiderme, notadamente carcinomas escamosos e melanomas. Isso acontece notadamente nos indivíduos de pele clara, que contam com menor adaptação natural aos efeitos das radiações ultravioleta;
– Pessoas de pele negra não precisam usar protetor solar?
O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer de pele é a exposição à luz solar, olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, história de queimaduras solares e sardas na infância. História familiar de câncer de pele também torna o indivíduo mais suscetível. Câncer de pele pode ocorrer em negros, porém a incidência é muito pequena. De toda forma, é recomendado que inclusive os indivíduos de pele negra utilizem protetor solar;
– Como proteger as crianças?
Barreira física com bonés, chapéus, camisetas e protetor solar;
– Uso de roupas bloqueadoras de raios solares dispensa protetor solar?
Não, além da barreira física com bonés, chapéus e camisetas, o protetor solar segue sendo recomendado;
– Qual o melhor horário para exposição ao sol?
O horário mais seguro para exposição ao sol é antes das 10h da manhã e após as 16h;