Oncoplástica une tratamento oncológico e estético; escolha pelo método deve considerar características individuais
Cercado por insegurança e medos, o câncer de mama traz desafios para as mulheres, dentre os quais o receio com a aparência dos seios após o procedimento cirúrgico. Parte fundamental no tratamento, ele consiste na retirada parcial ou total das mamas, sendo base fundamental no combate à doença. Neste contexto delicado, o olhar estendido não somente à saúde, mas também à autoestima da mulher é refletido nos avanços da oncoplástica, que une o tratamento oncológico com técnicas da cirurgia plástica. Modalidade utilizada desde os anos 60, tem o objetivo de retirar o tumor e, simultaneamente, preservar ou restaurar a estética, promovendo a recuperação física e psicológica das pacientes, fortalecendo sua motivação para responder ao tratamento de maneira mais positiva.
A oncoplastia busca recriar uma mama que se assemelha à original em forma, tamanho e simetria. O procedimento pode ser realizado durante a mesma cirurgia em que o tumor é removido ou algum tempo após a cirurgia inicial, conhecida como reconstrução tardia. Totalmente personalizada, a modalidade pode ser feita com a colocação de prótese mamária, igual ao silicone estético, sendo possível, também, a utilização do método de lipoenxertia, em que a gordura é retirada do abdômen ou coxas para reconstruir o seio. Além disso, existe a possibilidade da inserção de um expansor cutâneo, método optado quando a paciente apresenta pouca pele ou falta de elasticidade, feito com uma espécie de prótese vazia que promove a expansão do tecido aos poucos, e que posteriormente pode ser substituída pelo implante definitivo.
De acordo com a cirurgiã oncológica, especialista em oncoplastia e reconstrução mamária, Mara Sanches, a escolha do tratamento é individualizada e pode ter mais de uma modalidade aplicada, como a associação de quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia. “Apesar da similaridade, a oncoplástica é muito diferente de uma cirurgia puramente estética. O cuidado e zelo pela saúde da paciente sempre estarão em primeiro lugar. Sendo assim, é possível que a retirada do tecido tumoral possa dificultar a correção estética, mas as opções de restauração sempre serão estudadas junto à paciente para que os resultados sejam satisfatórios.”
A médica ressalta que a eficácia do tratamento do câncer de mama está intrinsecamente ligada à fase em que a doença é identificada. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as perspectivas de recuperação. Nos casos em que as pacientes apresentam obesidade, diabetes descompensada ou doenças cardiovasculares, o procedimento oncoplástico pode não ser indicado, devido ao elevado risco cirúrgico. “Para nós mulheres, a mama é sinônimo de feminilidade, sexualidade e é também um pilar importante na relação materno-infantil. Com o avançar da medicina, as técnicas cirúrgicas são aprimoradas para que as pacientes tenham maior qualidade de vida e fiquem satisfeitas com o próprio corpo. Isso é muito positivo, elas ficam mais calmas em relação ao tratamento. O medo da mutilação, muito comum no início, é substituído pela segurança do cuidado médico unido com o estético”, finaliza a especialista.
Com informações do TNSul