Fenômeno se concentra em faixa etária em todo o país, conforme dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Em Santa Catarina, os adolescentes de 12 a 17 anos foram os principais casos de desaparecimento registrados entre 2019 e 2021, segundo o Mapa dos Desaparecidos do Brasil, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De 10.865 catarinenses que desapareceram no período, 3.432 são adolescentes, ou seja, 31%. O cenário segue a mesma tendência do quadro nacional, em que a faixa etática constitui o principal grupo de desaparecidos na maior parte do país, com 29,3%.
Mesmo assim, o levantamento diz que as investigações desses casos não são consideradas prioridade pelas Polícias Civis, por que são entendidas como “problemas de família”.
“As famílias são vistas como ‘instâncias produtoras de desaparecimentos’ em função da violência doméstica ou fruto da ‘rebeldia’ dos adolescentes. É comum, portanto, que a polícia, nesses casos, apenas faça o registro, sem que haja uma atuação policial”, aponta o relatório.
Homens brancos são os principais casos em SC
Do total de desparecidos em Santa Catarina, 6.550 são homens, o que representa 60% do total. Mas ao contrário da tendência nacional, na qual a parcela da população atingida pelo fenômeno é majoritariamente negra, os brancos são os principais casos em território catarinense.
Das pessoas que desaparecem, 7.359 são brancas (67%) e 2.855 negras (26%); as demais são amarelas (236) e indígenas (26). A identidade racial de 389 vítimas, porém, não foi informada.
No Brasil, 54,1% das pessoas desaparecidas são pretas e pardas, “mas chama a atenção que em 26% dos registros a raça/cor não foi descrita no boletim deocorrência, uma informação primordial para o processo de busca e investigação”, diz o Mapa dos Desaparecidos.
Assim, sem informar as características físicas da pessoa que desapareceu, é quase impossível identificá-lo quando é encontrada, especialmente se não portar nenhum documento.
‘Desaparecimento de sexta-feira’
Em relação ao dia da semana, pessoas desaparecem mais às sextas e aos sábados, dias que concentram mais de 30% dos registros. Conforme o relatório, o dado é um indicativo que corrobora a fala de um policial civil de Minas Gerais: o desaparecimento de “sexta-feira”.
“Aos jovens do sexo masculino que são registrados como desaparecidos, comumente se utiliza essa nomenclatura nas delegacias para indicar um desaparecimento voluntário, de um adolescente que saiu de casa para passar o final de semana, mas que logo retornará”, explica.
Essa denominação demonstra que o desaparecimento pode ser considerado voluntário e, assim, “de menor importância”.
Vítimas localizadas
No Brasil, 112.246 pessoas foram localizadas entre 2019 e 2021. Mas o relatório aponta que não é possível saber se as pessoas localizadas no período desapareceram neste triênio ou se o desaparecimento aconteceu em outros anos.
Além disso, também não é possível determinar se o número foi subtraído dos registros de pessoas desaparecidas, já que os boletins de ocorrência das polícias civis não vinculam o registro de localização ao registro de desaparecimento (com exceção d0 DF).
O texto diz que também não é possível saber a parcela das vítimas encontradas com vida. Destaca-se, porém, que Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal concentram a maior taxa de registros de localização em 2021, com 56,1%, 55% e 52,7%, respectivamente.
Com informações do ND+