Levantamento é da CNT (Confederação Nacional de Transportes) que avaliou 3.510 quilômetros de estradas federais, estaduais no Estado
Santa Catarina necessita de R$ 3,06 bilhões para recuperar 68,2% de 3.510 quilômetros de estradas avaliadas pela Pesquisa CNT (Confederação Nacional de Transportes) de Rodovias 2022.
A informação foi dada pela diretora adjunta da entidade, Fernanda Rezende, durante evento realizado nesta terça-feira (28) na Fetrancesc (Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de Santa Catarina).
Das rodovias avaliadas pela pesquisa em Santa Catarina, as piores situações foram encontradas nas estaduais. Dos 1.123 quilômetros avaliados, 98,1% estão entre regular e péssimo. Entre as federais, essa avaliação foi de 54,1%.
Já as estradas concedidas no Estado 10,2% foram consideradas como regulares, e nenhum trecho foi avaliado como ruim ou péssimo.
Entre os Estados brasileiros, Santa Catarina ocupa apenas a 16ª posição nas condições das rodovias segundo a pesquisa da CNT, com 31,8% classificadas como ótimas ou boas. São Paulo lidera com 76,8% das rodovias melhores avaliadas.
Não é um problema do governo A, do governo B, é um problema histórico, problema de falta de gestão, falta de planejamento de Estado, não só um planejamento dentro de um governo. Nosso objetivo não é só ficar apontando dedo onde está ruim. Mas propor soluções nos problemas indicados na pesquisa”, disse Fernanda Rezende, da CNT.
Na região Sul, 65,3% das estradas foram classificadas como regular ou péssima. Santa Catarina tem o maior índice, seguido pelo Rio Grande do Sul com 66% e o Paraná com 62,5%. “Santa Catarina que está no pior estado. Não que os outros estão em condições muito favoráveis”, frisou a diretora da CNT.
Outro ponto destacado por Fernanda Rezende é que, em relação ao Brasil, 8,9% dos pavimentos tinham sido classificados como condição de superfície perfeita.
“O resultado assustou. Foi a primeira vez da série histórica da pesquisa que esse valor foi menor do que 10% de pavimento perfeito”, afirmou ela, ao lembrar que em Santa Catarina o índice foi ainda menor, somente 2% foram classificados como perfeitos.
O Brasil possui um 1,7 bilhão de quilômetros de rodovia, o que faz com que o país tenha a quarta maior malha rodoviária do mundo. Deste total somente 12,4% das nossas rodovias são pavimentadas, um desafio para transportador de cargas.
Dos 213,5 mil quilômetros avaliados na pesquisa da CNT, 65,5 mil estão sob a responsabilidade do governo federal e apenas 11% são rodovias duplicadas.
Em Santa Catarina existe 108 mil quilômetros de rodovias pavimentadas e não pavimentadas. Desse total, apenas 6,6% são pavimentadas, o número ainda consegue ser mais baixo com relação ao Brasil. “O percentual de rodovias pavimentadas aqui no Estado é muito baixa”, alertou a diretora da CNT.
Colapso
O presidente da Fetrancesc, Dagnor Schneider, foi enfático e solicitou o apoio da Assembleia Legislativa e da base parlamentar de Santa Catarina no Congresso Nacional, além do governador Jorginho Mello para sensibilizar o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Para Dagnor, o setor só é percebido quando falta, como, por exemplo, a greve dos caminhoneiros ocorrida em 2018. “Certo é que nós precisamos de muito trabalho, de muita indignação”, disse o presidente da Fetrancesc, ao reforçar que o desafio é sensibilizar quem precisa ser sensibilizado e a necessidade de ações urgentes efetivas e definitivas para reversão do cenário.
“Nós corremos risco de ter um colapso de atividade econômica por falta de infraestrutura rodoviária. Se o país voltar a uma retomada de um crescimento de 3% ao ano, nesse ritmo que nós estamos caminhando, eu não me surpreendo que nós teremos um colapso na atividade econômica por falta de infraestrutura rodoviária para absorver as nossas operações”, avisou.
DNIT
Alysson Rodrigo de Andrade, superintendente Regional substituto do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Santa Catarina esteve presente no evento e não hesitou em dizer que a queda de desempenho das rodovias é diretamente proporcional ao índice de investimento.
Segundo ele, a perspectiva de investimento federais mudou para melhor a partir da PEC da Transição aprovada pelo Congresso Nacional, em dezembro do ano passado, e houve um incremento de pelo menos R$ 1 bilhão para rodovias federais em SC.
“Nossa carteira de investimentos é a terceira maior do país”, reforçou ele, diante da plateia de empresários do ramo de transporte de cargas.
No que tange à manutenção das rodovias federais no Estado, Andrade informou que metade desse orçamento já está garantido para este ano.
De acordo com o representante do DNIT, dos 1.600 quilômetros abrigados pelo órgão em SC, todos os trechos já possuem contratos de manutenção. “O laço contratual está desenhado em todos os trechos”, pontuou.
Governo do Estado
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade, informou que está viabilizando financiamento de aproximadamente R$ 1 bilhão para obras nas principais rodovias catarinenses.
Esse recurso deve auxiliar a restauração de mais de 5.000 quilômetros de malha rodoviária pavimentada. De acordo com a pasta, a situação apontada na pesquisa da CNT é fruto de um histórico de abandono e pouco investimento.
Estudo da Fiesc
Um estudo divulgado no fim do ano passado, apresentado pela Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), aponta a necessidade de investimentos entre 2023 e 2026 nas esferas federal, estadual, municipal e privada no modal rodoviário no valor de R$ 14,5 bilhões.
No montante requerido pelo modal rodoviário, estão previstos recursos para conservação, manutenção e restauração das estradas. Para as BRs, a Fiesc defende que o ideal seja a aplicação de R$ 400 milhões (no mínimo R$ 250 milhões). Para as rodovias estaduais, o valor recomendado é de R$ 200 milhões (no mínimo R$ 120 milhões).
Com informações do ND+