Pentágono informou que tomou a decisão de abater o objeto sobre o Lago Huron "para evitar que atingisse pessoas no solo e aumentar as chances de que fosse recuperado"
O exército dos Estados Unidos derrubou um novo objeto que sobrevoava o Lago Huron em grande altitude no domingo (12), disseram dois legisladores e o Pentágono, o mais recente caso de dispositivos voadores na América do Norte, colocando as autoridades em Ottawa e Washington em alerta.
O presidente Joe Biden, por “recomendação do comando militar”, deu a ordem por “precaução”, informou um funcionário do governo, antes de acrescentar que o objeto – descrito como uma estrutura octogonal da qual pendem cordas – não representava uma “ameaça militar”, mas sim um risco para a aviação civil.
O comando aeroespacial americano (Norad) controlou a trajetória do objeto e tomou a decisão de abatê-lo sobre o Lago Huron “para evitar que atingisse pessoas no solo e, ao mesmo tempo, para aumentar as chances de que fosse recuperado”, informou o Pentágono em um comunicado.
A subsecretária de Defesa para a Segurança Nacional, Melissa Dalton, citou “contatos com a República Popular da China sobre o balão”, sem explicar a natureza da conversa.
Apesar de o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, ter solicitado uma reunião com o homólogo chinês pouco depois de Washington derrubar um balão do país na semana passada, Pequim confirmou na quinta-feira que rejeitou a proposta e classificou a decisão de “irresponsável” a decisão do governo americano de abater o dispositivo.
“O governo dos Estados Unidos não criou o ambiente propício para o diálogo e uma conversa entre os exércitos”, afirmou o ministério da Defesa chinês em um comunicado.
Este foi o quarto “objeto” que o governo dos Estados Unidos derrubou em menos de 10 dias quando sobrevoavam seu território o ou o Canadá.
“O objeto foi abatido por pilotos da Força Aérea e da Guarda Nacional dos Estados Unidos”, tuitou Elissa Slotkin, congressista por Michigan, estado pelo qual o Lago Huron passa ao norte e ao leste. Outro legislador de Michigan, Jack Bergman, disse que os militares “desativaram” um objeto sobre o Lago Huron.
“O povo americano merece mais respostas do que temos no momento”, acrescentou Jack Bergman no Twitter, o que reflete os crescentes questionamentos no país e na classe política sobre esses acontecimentos.
Washington considera que o primeiro objeto abatido, um balão, fazia parte de uma frota de aparelhos que Pequim enviou para 40 países com fins de espionagem.
O governo chinês garantiu, no entanto, que era um dispositivo utilizado para pesquisas, principalmente meteorológicas.
Washington abateu mais dois objetos voadores, sem especificar os detalhes: um na sexta-feira sobre o Alasca e outro no sábado sobre o Canadá.
Restrições
Em um sinal de que as autoridades estão em alerta máximo, parte do espaço aéreo sobre o Lago Michigan, no norte dos EUA, foi temporariamente fechado neste domingo por razões de “defesa nacional”, de acordo com o órgão regulador da aviação civil americano (FAA).
“Estas restrições foram pensadas para garantir a segurança do tráfego aéreo no setor durante as operações do Norad”, explicou a entidade em comunicado.
Na véspera, as autoridades americanas também fecharam o espaço aéreo do estado de Montana, após a detecção de uma “anomalia de radar”. Um caça averiguou o ocorrido, mas não identificou nenhum “objeto”, segundo o exército.
Neste domingo, porém, o legislador daquele estado Matt Rosendale afirmou estar em “contato constante” com os militares e garantiu que “me disseram que têm certeza de que havia um objeto e que não era uma anomalia”, tuitou o representante.
Beligerância
Washington e Ottawa estavam ocupados recolhendo os restos dos dispositivos neste domingo.
Essas operações aumentam as tensões entre a China e os EUA, a ponto de o secretário de Estado, Antony Blinken, adiar uma visita a Pequim após a detecção do primeiro balão.
Michael McCaul, um legislador republicano e presidente do comitê de relações exteriores da Câmara dos Representantes, acusou a China de um ato de beligerância neste domingo.
O envio deste objeto “foi feito com a intenção de coletar informações e elementos de nossas três maiores instalações nucleares”, acusou em declarações à CBS.
Críticas
Os republicanos criticaram fortemente Biden por deixar o balão pairar sobre o país por vários dias antes de derrubá-lo.
O Pentágono disse que “monitorou e analisou continuamente” o balão, o que permitiu entender “mais as capacidades e técnicas” da suposta espionagem da China.
Por sua vez, o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, defendeu as decisões de Biden dizendo à ABC neste domingo que a análise dos restos do dispositivo representa “uma grande conquista para os Estados Unidos”.
Com informações do ND+