Trânsito

‘Foi marketing político iludindo o povo’, afirma secretário da Casa Civil sobre Ponte do Pontal em Laguna

Segundo Estêner Soratto Junior, se a ponte fosse ser executada, a administração não teria recurso

Foto: Divulgação

Há mais de quatro décadas, Laguna e região ouvem falar e esperam pela construção de uma ponte sobre o Canal da Barra, que liga a região do Farol de Santa Marta e a área urbana de Laguna. O sonho, reavivado quatro anos atrás, precisará aguardar mais um pouco antes de se tornar realidade. O governo do Estado irá rever o projeto e as planilhas orçamentárias para se adequar à realidade financeira da administração central estadual.

O governo licitou a contratação de um projeto em 2020 e após um ano em elaboração e cercada de atrasos, a planta da ponte ficou pronta com um orçamento de R$ 345 milhões, o que motivou a expedição de uma autorização para o lançamento de um edital pelo ex-governador Carlos Moisés (Republicanos), no começo de dezembro. Isso aconteceu na fase de transição do governo de Moisés para o de Jorginho Mello (PL), que tornou pública a preocupação com atos do gênero. A equipe transitória chegou a pedir a suspensão ou o não lançamento de concorrências.

Em entrevista ao Portal Agora Laguna, o secretário de Estado da Casa Civil, Estêner Soratto Junior confirmou a informação do não lançamento do edital. “Tem alguns compromissos que são uma fantasia – um deles, a Ponte do Pontal. […] Sabe quanto que o governador anterior deixou reservado pra construir essa ponte, que custa, 360 milhões [sic] de reais? Apenas 20 milhões de reais. Vendeu uma fantasia pra todos nós, moradores do Sul, principalmente os lagunenses, e agora a gente precisa achar, encontrar maneiras, formas de resolver essa questão. Ninguém está se esquivando, só que tem que ser viável e realista”.

Se a ponte fosse ser executada, a administração não teria recurso. “Hoje, infelizmente, não há previsão orçamentária comprovada e nem financeira para executar esse projeto”. Questionado sobre a autorização para o lançamento do edital feita em dezembro, Soratto Junior foi categórico: “Foi só foto, marketing político, iludindo o morador do Sul”.

Ainda conforme o secretário, o governo quer mexer no projeto este ano e uma das possibilidades estudadas é rever a questão de a ponte ser de pista dupla, uma vez que a SC-100 ainda não está duplicada e não há planos para essa obra, bem como se há necessidade de a estrutura ser estaiada – igual à Ponte Anita Garibaldi. “A ponte continua no radar e é uma obra que vai melhorar a vida das pessoas, que são o foco do governo Jorginho Mello. Então, a gente sabe que não é só o lazer, o turismo, é muito mais que isso: a Ponte do Pontal representa acesso à saúde mais fácil, a economia de uma região e não só Laguna, mas todas as cidades da região. Ela está no radar e nós vamos conversar com os técnicos”, pontua.

Plano 1000: ‘Cheque sem fundo’

“A administração anterior, ela fez compromissos além do que era possível o Estado honrar – e aqui não estou falando de político A, político B ou partido A, partido B; estamos falando de um CNPJ que é do Estado de Santa Catarina, que não tem como honrar”, aponta Soratto Junior.

Entre esses compromissos, os convênios dos Plano 1000, anunciado no final de 2021. “Por questões políticas, não se sabe qual, foi se distribuindo dinheiro para os prefeitos, que na verdade não era dinheiro, era só o papel, né? O compromisso de que se repassará recursos e o resultado, hoje, é que nós temos vários prefeitos com esses cheques sem fundos na mão, apavorados”.

De acordo com o secretário, para honrar tudo o que foi prometido seriam necessários 20 bilhões de reais. Por isso, o governo deve dar prioridade aos convênios já iniciados, como obras, e o cancelamento ou revisão dos que ainda não foram efetivados.

Autorização para edital foi dada em 6 de dezembro, em cerimônia liderada pelo agora ex-governador Carlos Moisés (Republicanos).

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Via Agora Laguna