Trânsito

Reflexo da manifestação dos caminhoneiros é sentido pelos municípios

No Sul de Santa Catarina, seis pontos da BR-101 seguem interditados na rodovia federal

Foto: Nilton Alves

A manifestação dos caminhoneiros contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno, já completa mais de 24 horas. Desde segunda-feira, dia 31, Santa Catarina já sente os reflexos, como a falta de combustíveis em vários postos, desabastecimento de vacinas e a não circulação de ônibus interestaduais.

Em alguns municípios, diversos serviços de saúde foram comprometidos porque profissionais não conseguiram chegar aos locais para atendimento dos pacientes. No Sul de Santa Catarina, até ao fechamento desta edição, na noite de segunda-feira, sete pontos da BR-101 seguem interditados na rodovia geral.

Ao menos 14 estados registram protestos nas rodovias federais. Santa Catarina possui 43 pontos bloqueados ao total. Segundo a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), 91.192 doses de vacinas saíram da Central Estadual de Rede de Frio para serem distribuídas às Centrais Regionais de Araranguá, Criciúma e Tubarão, mas não chegaram ao destino final por conta do movimento.

Conforme João Augusto Brancher Fuck, responsável pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), o transporte com as vacinas saiu da Central Estadual um pouco antes das 8h da segunda-feira, mas ficou retido no engarrafamento por duas horas, sendo obrigado a retornar ao local de origem.

Entre as vacinas transportadas estavam 83.275 doses de rotina contra a febre amarela, poliomielite, pentavalente, meningocócica, tríplice viral, entre outras, além de 7.917 contra a Covid-19.

Além disso, em Criciúma, Içara, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Tubarão, entre outras cidades, a falta de combustível já está sendo registrada. Beto Benedet, proprietário do Posto São Pedro e Pinheirão, localizados no município criciumense, afirmou que se a paralisação seguir, não haverá mais abastecimento para a população.

“Na segunda-feira, as pessoas começaram a abastecer uma quantidade significativa de gasolina. Já no primeiro turno, suprimos a venda que leva o dia todo para ser feita. Se a manifestação continuar e as pessoas continuarem consumindo desse jeito, até o final desta terça-feira, não haverá mais nada”, informa Benedet.

Pontos bloqueados no Sul catarinense

Sete pontos estão bloqueados no Sul catarinense devido à manifestação dos caminhoneiros. São eles Içara (1), Maracajá (1), Tubarão (1), Santa Rosa do Sul (1), Araranguá (1) e Imbituba (2).

Em Maracajá, o ponto bloqueado da rodovia geral da BR-101 é no km 401, em frente ao posto de combustível Brambila (apenas referência). Cerca de 150 caminhoneiros estão no local desde o último domingo, dia 30, logo após o resultado das eleições 2022, e seguem com o apoio do prefeito do município, Anibal Brambila.

Confira todos os pontos e tipos de bloqueio no Estado

BR 101, km 06, Garuva, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 25, Joinville, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 69, Araquari, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 101, km 83, Barra Velha, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 101, km 116, Itajai, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 138, Balneário Camboriú, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 150, Itapema, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 157, Porto Belo, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 101, km 215, Palhoça, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 265, Imbituba, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 282, Imbituba, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 340, Tubarão, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 379, Içara, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 101, km 401, Maracajá, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 101, km 419, Araranguá, bloqueio parcial no sentido Sul

BR 101, km 445, Santa Rosa do Sul, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 116, km 07, Mafra, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 116, km 34, Itaiópolis, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 116, km 54, Papanduva, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 116, km 165, Ponte Alta do Norte, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 116, km 245, Lages, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 153, km 65, Irani bloqueio total em ambos os sentidos

BR 153, km 97, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 280, km 04, São Francisco do Sul, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 280, km 22, Araquari, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 280, km 55, Guaramirim, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 280, km 80, Corupá, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 280, km 120, Rio Negrinho, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 280, km 231, Canoinhas, bloqueio parcial em ambos os sentidos

BR 282, km 15, Palhoça, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 282, km 103, Alfredo Wagner, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 282, km 342, Campos Novos, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 282, km 394, Joaçaba, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 282, km 506, Xanxerê, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 282, km 535, Chapecó, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 282, km 646, Descanso, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 07, Navegantes, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 45, Blumenau, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 57, Pomerode, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 67, Indaial, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 140, Rio do Sul, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 158, Trombudo Central, bloqueio total em ambos os sentidos

BR 470, km 247, Curitibanos, bloqueio parcial em ambos os lados

Segundo os protestantes, as empresas para qual trabalham estão apoiando a movimentação. Eles ainda afirmam que a passagem de carros e ambulância está liberada. De Içara a Maracajá, o trajeto pode ser feito pela marginal. No entanto, caminhões não são permitidos a passar.

“Transposto pisos de cerâmicas e estava indo trabalhar quando saiu o resultado das eleições. O grupo de caminhoneiros já iniciou logo as movimentações e foi no Brasil todo. Eu vim para cá e não vou embora até ter uma resposta. Queremos mostrar para o Lula, que também mandamos no país”, destacou Alexandre Bueno, caminhoneiro participante da manifestação em Maracajá.

O combinado entre os caminhoneiros é que a manifestação dure pelo menos, 72 horas, ou até o momento que o atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se pronuncie a respeito.

“Moro na Içara e vim para cá na segunda-feira de manhã, trouxe meu caminhão e vou ficar aqui para apoiar meus colegas. Estou com carga de madeira para fazer, mas a empresa que trabalho já falou para eu não furar o protesto. Ficaremos aqui até o momento que for preciso”, disse Jucinei Elias Santana, caminhoneiro que está instalado no km 379, na Içara.

Apoio de prefeitos

Na tarde de ontem, dia 31, o prefeito de Meleiro, Eder Mattos, esteve em três pontos bloqueados do Sul declarando apoio a manifestação dos caminhoneiros.

“É nosso dever apoiar a causa, pois todos respiramos esse momento triste que o Brasil está vivendo. O Lula ganhou e não foi diplomado para isso, foi uma eleição atípica que saiu do leito da normalidade. O Brasil precisa de respostas e ninguém pode tirar o direito do cidadão”, salientou Mattos.

O prefeito de Maracajá também declarou apoio à manifestação e tem visitado os caminhoneiros no km 401, que estão instalados no pátio do Posto de Combustível em que ele é o proprietário. No local, os manifestantes instalaram uma tenda, rede de energia e estão com um caminhão com suprimentos.

“Estou ajudando como transportador, pois sou caminhoneiro aposentado. A maioria entende que precisa ter igualdade dos dois lados, e o Bolsonaro sempre foi atacado em tudo que falava. Vamos esperar um pronunciamento dele, para fazer alguma coisa”, destacou Brambila.

Ações para desobstruir as rodovias

Na tarde da segunda-feira, o Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia Oficial promoveu uma reunião com os representantes da Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Polícia Civil, Polícia Científica e Polícia Rodoviária Federal (PRF) para discutir meios de desobstruir as rodovias.

Membros da Associação Catarinense dos Supermercados, Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e do Sindicato dos Comerciantes de Combustíveis e Derivados também participaram da reunião e foram ouvidos sobre a entrega de mercadorias diante dos bloqueios nas rodovias.

Diante dos fatos, o Governo do Estado colocou à disposição da PRF efetivo para buscar o fim dos bloqueios. A ideia consiste, em primeiro lugar, ouvir os manifestantes para tentar negociar a liberação. E, em caso de necessidade, acionar a Procuradoria-Geral do Estado garantia também para legitimar de forma judicial, o uso progressivo da força. Até o fechamento desta edição, nenhuma iniciativa foi tomada.

Com informações do TNSul

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