Segurança

MP ajuíza ação contra ex-PMs suspeitos pelo desaparecimento de Diego Scott em Laguna

O sumiço do morador de Laguna aconteceu no dia 15 de janeiro, após uma abordagem policial

Foto: Reprodução

O Ministério Público ajuizou uma ação civil pública contra dois policiais militares em Laguna, no Sul catarinense, suspeitos pelo desaparecimento de Diego Bastos Scott, de 39 anos. O caso aconteceu em 15 de janeiro de 2021. Ambos já foram expulsos da corporação.

A ação tramita em sigilo judicial na 1ª Promotoria de Justiça de Laguna e foi ajuizada após a conclusão do inquérito civil, que apurava eventual ato de improbidade administrativa cometido pelos policiais Eduardo Rosa de Amorim e Luiz Henrique Correa de Souza, na abordagem de Diego.

Segundo a promotora Bruna Gonçalves Gomes, o documento concluiu que “houve grave violação aos princípios da administração pública, especialmente aqueles da legalidade e moralidade, em razão da condução ilegal de Diego Bastos Scott para local ermo [deserto] e pela inserção de declaração falsa em registro de ocorrência policial”.

Agora, com o ajuizamento da ação, conforme a promotora, “pretende-se que haja condenação dos então agentes públicos ao pagamento de multa civil, perda da função pública também na esfera cível e suspensão dos direitos políticos”.

Em janeiro, os dois já haviam sido expulsos da corporação, como resposta a um recurso apresentado por eles contra a decisão interna que pedia a remoção de ambos do quadro da PM. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado e assinada pelo governador Carlos Moisés.

No mês passado, um dos agentes também teve negado o pedido de indenização contra a esposa, dois irmãos e uma amiga da família de Scott por publicações contrárias a ele nas redes sociais. Além disso, houve a revogação de tutela antecipada que proibia os familiares de fazerem as postagens.

O que dizem as defesas?

Sobre o ajuizamento da ação, a defesa da família de Scott, representada pelo advogado Breno Schiefler Bento, informou que “vai aguardar a análise do Poder Judiciário para se manifestar sobre os autos, mas que segue em busca em Justiça nas esferas cível e penal”.

Já a defesa de Eduardo Rosa de Amorim, representada pelo advogado Rafael Jesus, em comunicado, disse que “não existe a possibilidade de manifestação sobre algo que não fomos oficialmente cientificados e sobre eventual processo que desconhecemos o teor. Em momento oportuno, caso possível e relevante, entraremos em contato”.

A reportagem também procurou a defesa de Luiz Henrique Correa de Souza, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno. O espaço está aberto.

Acusações

Os militares já haviam sido afastados pelo Comando-Geral da PM desde 28 de janeiro de 2021, mas entraram com recurso contra a decisão – pedido que foi negado. Eles também chegaram a ficar detidos no mês seguinte, pois teriam interferido nas investigações.

O pedido de prisão, na época, foi requerido pela própria PM e decretado pela Justiça, com parecer favorável do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). Segundos os órgãos, os agentes estariam subtraindo provas, além de ameaçando e coagindo testemunhas, mesmo afastados de suas funções.

As investigações ainda constataram que os suspeitos teriam eliminado eventuais provas em seus celulares. Além disso, desligaram tablets e câmeras da PM, após a detenção de Diego. Esses equipamentos deveriam ser mantidos em funcionamento durante a ação dos policiais para, entre outras finalidades, permitir a fiscalização das operações.

Relembre o desaparecimento

Conforme as investigações, Diego tinha problemas com álcool e drogas e, às vezes, incomodava a família. Costumeiramente, a PM era acionada para acalmar os ânimos, já que ele respeitava a presença dos militares. Porém, no dia 15 de janeiro de 2021, após mais uma chamada da família à PM ele não retornou para casa.

No dia do sumiço, segundo familiares, ele saiu pela manhã e foi até um posto de gasolina onde começou a beber. Depois seguiu para a casa do pai e iniciou uma discussão pelo fato de ele o ter encontrado no posto. Edson Scott tentou explicar que não estava perseguindo Diego, mas que tinha ido comprar um cigarro para a esposa.

Após Edson chamar a polícia, Diego voltou ao posto, onde os policiais supostamente o abordaram e tiveram uma conversa com ele para que não voltasse para casa.

Já no período da tarde, ele retornou para a casa e novamente a polícia foi acionada. A mesma viatura com os mesmos policiais atendeu a ocorrência novamente.

Eles conversaram com Diego e ele voltou para dentro de casa. Depois de um tempo ele pegou um cigarro e um isqueiro e foi para a frente da residência. Após cerca de 20 minutos, os policiais novamente apareceram na casa e chamaram a esposa de Diego informando que ele não iria mais incomodar.

Vizinhos, então, informaram a ela que os policiais haviam levado Diego na viatura da PM. Uma câmera de segurança flagrou o momento que eles o colocaram dentro da viatura.

Após este fato, os policiais alegaram que o haviam abandonado na região de Laguna Internacional. Buscas com cães, helicóptero e com ajuda de amigos e familiares foram feitas, mas ele não foi encontrado.

Com informações do ND+

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