Estado tem um caso suspeito da doença; documento da Anvisa estabelece diretrizes de combate
A Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina) recebeu nesta terça-feira (31) orientações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para prevenir e controlar a varíola do macaco nos serviços de saúde.
Santa Catarina tem um dos três casos suspeitos do vírus registrados no Brasil até esta terça-feira (31). O paciente é morador de Dionísio Cerqueira, no Oeste. Globalmente as infecções de varíola do macaco superaram marca de 600 no início da tarde desta terça-feira (31). O número corresponde ao dobro do observado há cinco dias.
documento da Agência orienta “os serviços de saúde do país sobre a necessidade de implementar medidas de preparação e resposta com base na prevenção e controle da transmissão“. “Atualizações poderão ser publicadas assim que novas evidências forem identificadas”, ressalta.
Dentre outras coisas, a nota técnica detalha como deve ser realizado o isolamentos dos pacientes, o uso de máscara, a criação de planos de contingência pelas unidades de saúde e precauções para contato aos profissionais de saúde e pacientes.
Santa Catarina adotará os protocolos e estratégias divulgadas pelo Ministério da Saúde e pela OMS (Organização Mundial da Saúde), informou a Dive/SC.
Plano de contingência
A Anvisa norteia os serviço de saúde a criarem um Plano de Contingência. O documento deve ter ações estratégicas para o enfrentamento de possíveis casos. É orientado o manejo dos pacientes “evitando contato com outros pacientes em salas de espera ou quartos com pacientes internados por outros motivos”.
É indicado o uso de EPIs, de acordo com a avaliação de risco de exposição a sangue e outros fluidos ou secreções corporais, a higiene das mãos, a limpeza e desinfecção de superfícies, o manuseio seguro de produtos para saúde e roupas, além do seu reprocessamento, o descarte adequado de resíduos, entre outros componentes.
Isolamento e máscara
Casos suspeitos ou confirmados da Monkeypox devem ser isolados em quartos privativos, com porta fechada e ventilação. A circulação de pacientes e profissionais deve ser reduzida “ao mínimo possível”.
“O paciente deve ser orientado a usar uma máscara cirúrgica bem ajustada à face, cobrindo nariz e boca, seguir a higiene respiratória e a etiqueta da tosse e cobrir as lesões expostas quando outras pessoas estiverem no quarto/área e quando o transporte for necessário”, orienta a nota.
As precauções e o isolamento devem persistir até o completo desaparecimento das crostas das lesões “e uma nova camada de pele tenha se formado, pois esse é o período em que se encerra o período de transmissibilidade da doença”, informa a nota técnica.
Transmissão
A doença é transmitida pelo “contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões de pele ou mucosa de animais infectados”. A comunicação entre pacientes ocorre com o contato com secreções respiratórias, lesões de pele ou com objetos e superfícies contaminados.
A transmissão por gotículas respiratórias, como ocorre com a Covid-19, “geralmente requer contato pessoal prolongado, o que coloca os profissionais de saúde, membros da família e outros contatos próximos de pessoas infectadas em maior risco”.
A nota ressalta que a a cadeia de transmissão documentada mais longa em uma comunidade aumentou nos últimos anos de 6 para 9 infecções sucessivas de pessoa a pessoa. “Isso pode refletir o declínio da imunidade em todas as comunidades devido à cessação da vacinação contra a varíola”, pontua a Anvisa
O período de transmissão da doença se encerra quando as crostas das lesões desaparecem.
Sinais e sintomas
O surgimento dos sintoma após a infecção geralmente ocorre de 6 a 13 dias, podendo variar de 5 a 21 dias. Segundo a Anvisa, a infecção pode ser dividida em dois períodos:
- Período febril (entre os dias 0 e 5): caracterizado por febre, cefaleia intensa, adenopatia (inchaço dos gânglios linfáticos), dor nas costas, mialgia (dores musculares) e astenia intensa (falta de energia). A adenopatia é um sinal importante para o diagnóstico diferencial da Monkeypox com outras doenças que podem apresentar sintomatologia semelhante como a varicela e o sarampo); e
- Período de erupção cutânea (entre 1 e 3 dias após o início da febre): quando aparecem as diferentes fases da erupção cutânea, que geralmente afeta primeiro o rosto e depois se espalha para o resto do corpo. As áreas mais afetadas são a face (em 95% dos casos), as palmas das mãos e as plantas dos pés (em 75% dos casos). Também são afetadas as mucosas orais (em 70% dos casos), genitália (30%) e conjuntiva (20%), bem como a córnea. A erupção evolui sequencialmente de máculas (lesões com base plana) para pápulas (lesões firmes levemente elevadas), vesículas (lesões cheias de líquido claro), pústulas(lesões cheias de líquido amarelado) e crostas, o que ocorre em cerca de 10 dias e após isso essas crostas secam e caem. O número de lesões é variado. Em casos graves, as lesões podem coalescer até que grandes porções de pele se desprendam.
Segundo a nota, a Monkeypox é geralmente uma doença autolimitada com os sintomas que duram de 2 a 4 semanas. Casos graves ocorrem mais comumente entre crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, estado de saúde do paciente e natureza das complicações.
As deficiências imunológicas subjacentes podem levar a resultados piores.
Tem tratamento?
Conforme a Anvisa, ainda não existem tratamentos específicos para a infecção. O documento orienta cuidados com a “erupção”, deixando-a secar ou cobrindo-a com um curativo úmido para proteger a área afetada, se necessário. O paciente deve evitar tocar feridas na boca ou nos olhos.
“Os sintomas dessa doença geralmente desaparecem naturalmente […] os cuidados clínicos para pacientes hospitalizados com Monkeypox devem ser totalmente otimizados para aliviar os sintomas, gerenciar complicações e prevenir sequelas a longo prazo, além das medidas de prevenção de infecções secundárias”, detalha.
Vacina protege, mas é inviável
A vacinação contra a varíola ajuda a prevenir ou atenuar a doença e proteger contra a Monkeypox, com eficácia de 85%. Pessoas vacinadas contra a varíola demonstraram, no passado, ter alguma proteção contra Monkeypox. “No entanto, deve-se notar que a vacinação contra a varíola terminou em 1980; depois disso, a doença foi declarada erradicada”, detalha a nota.
Por conta disso, as vacinas contra a varíola não estão mais disponíveis no mercado para a população geral. Como os casos da Monkeypox são raros, a vacinação universal não é indicada, segundo o documento. De acordo com a Dive/SC, é necessário também saber se houve mudança das características da doença no atual surto.
Com informações do ND+