Três bebês e duas professoras foram brutalmente assassinados em 4 de maio de 2021; saiba quais foram as medidas adotadas pelo município um ano após a tragédia
Paredes pintadas com novas cores. O local que antes era uma sala de aula, hoje é um parquinho infantil. Câmeras instaladas em todos os cômodos. Contratação de vigilantes e até mesmo botões de ‘pânico’ para casos de emergência. Essas foram algumas medidas tomadas após a chacina no município de Saudades, no Oeste de Santa Catarina.
O massacre escolar registrado na manhã de 4 de maio de 2021 na creche Pró-Infância Aquarela completa um ano nesta quarta-feira (4). Três bebês e duas professoras foram brutalmente assassinados por um homem de 18 anos que esfaqueou as vítimas.
A tragédia ocorrida no município de pouco mais de nove mil habitantes deixou marcas permanentes em todos que ali vivem. Um ano após o episódio, moradores ainda tentam se adaptar à rotina em meio ao luto e a sensação de insegurança.
Enfrentamento psicológico
O prefeito Maciel Schneider, pai de uma criança de 2 anos que frequenta o berçário da creche Aquarela, falou sobre as medidas adotadas pelo município após a chacina. Uma delas foi mudar o projeto arquitetônico do ambiente para promover a sensação de acolhimento aos alunos e funcionários.
“Quatorze dias após o ocorrido a unidade já estava em funcionamento. Mudamos completamente o ambiente. Trouxemos um novo projeto arquitetônico. A sala onde aconteceu a cachina foi transformada em uma área de livre circulação. Antes as cores eram escuras. Com a reforma, trouxemos cores mais leves”, explicou.
Ainda pensando no bem-estar emocional das crianças, pais e funcionários, o município disponibilizou apoio psicológico. Foram contratados 24 novos psicólogos por meio do Governo de Santa Catarina para atender a demanda do município. Além disso, voluntários do curso de Psicologia da Unoesc auxiliam até hoje os moradores de Saudades.
“Com certeza foi o maior desafio da minha vida. Tivemos que unir forças para enfrentar essa tragédia. Hoje, como pai, me sinto tranquilo ao deixar meu filho lá todos os dias. O problema não está no ambiente, mas na cabeça de quem fez isso. O crime poderia ter acontecido em qualquer outro lugar, em uma farmácia, em um mercado ou em um banco”, frisou o prefeito.
Sistema de segurança
O sistema de segurança das escolas municipais de Saudades mudou drasticamente. Após a cachina, foram investidos cerca de R$ 500 mil. Segundo Schneider, no dia da tragédia não havia câmeras de segurança instaladas nos ambientes, porteiro eletrônico, vigias e tampouco botão do ‘pânico’ para situações de emergências.
Hoje, a creche Aquarela e as outras sete instituições que atendem crianças de 0 a 5 anos no município contam com uma rede de segurança ampla e moderna. Foram contratados cinco vigilantes, instaladas câmeras em todos os cômodos das escolas, instalado o porteiro eletrônico para a entrada e saída de pessoas e incluído o botão do ‘pânico’ nas salas de aula.
Ao ser acionado, o dispositivo envia um alerta silencioso à central de monitoramento 24 horas. Os botões fazem parte do sistema do Centro Integrado de Videomonitoramento vinculado as polícias Civil e Militar do município.
Trata-se de uma PPP (Parceria Público Privada) realizada com empresas de monitoramento eletrônico. Com isso, os botões e as câmeras acionam as forças de segurança em questão de segundos. As câmeras captam possíveis situações irregulares ou atitudes incomuns.
Operação Escola Segura
Após a tragédia em Saudades, a 4ª RPM (Região da Polícia Militar), que abrange 54 municípios da região, implantou a operação Escola Segura. A ação tem o objetivo de intensificar ações de segurança em escolas públicas e privadas.
De acordo com o comandante da 4ª RPM, Jorge Luiz, a operação busca prevenir a prática de crimes em escolas, orientar educadores, realizar patrulhamento, rondas escolares, palestras e atividades lúdicas nas escolas.
“Em 2021, mesmo com a pandemia, realizamos várias ações preventivas. Em 2022, com o retorno das atividades presenciais, vamos intensificar ainda mais as ações. A nossa preocupação, junto com as demais forças, é garantir a segurança nas escolas”, disse.
Escolas de SC aguardam vigilantes nas unidades
Na rede estadual de ensino, a contratação de guardas foi a solução encontrada pelo Governo do Estado de Santa Catarina para intensificar a segurança nas mais de mil escolas. O objetivo era aumentar a confiança dos pais ao deixar seus filhos nas instituições de ensino. No entanto, o projeto nunca foi tirado do papel.
O processo para a contratação dos profissionais chegou a ser iniciado, mas devido à ausência de uma audiência pública, foi suspenso. Os serviços foram anunciados pela SED no dia 12 de maio de 2021. O processo previa a contratação de vigilantes em 566 escolas do Estado. Além disso, incluía a compra de equipamentos de segurança, como sensores de presença e sistemas de alarme.
Em nota, a SED disse que aquele processo licitatório foi anulado e foi iniciado um outro processo licitatório. “A Secretaria de Estado da Educação está elaborando o termo de referência, que após finalizado será enviado à Secretaria de Estado da Administração para abertura do pregão”, justificou.
Com informações do ND+