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Mulheres são maioria entre eleitores no Brasil, mesmo com menor representação política; entenda

Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que as mulheres são 78 milhões dos eleitores e os homens 69 milhões

Foto: Tânia Rêgo/Divulgação

As mulheres são a maioria entre os eleitores do Brasil, como mostram os dados de títulos emitidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os números são de março de 2022. Enquanto os homens contam com pouco mais de 69 milhões da base eleitoral, elas são mais de 78 milhões aptas a votar.

O número maior de eleitores entre as mulheres está ligado ao nascimento, mas outras variáveis podem influenciar nestes dados. Segundo a cientista política da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Anaís Passos, homens têm uma expectativa de vida menor do que as mulheres, fator que também tem influência nos números de títulos eleitorais.

Em Santa Catarina, a diferença entre eleitores dos dois gêneros é menor. São pouco mais de 2,7 milhões de títulos registrados para mulheres no Estado, ou seja, 51,9% do eleitorado. Os homens são cerca de 2,4 milhões entre as pessoas aptas a votar, representando 48% do total.

Não há um padrão de voto que as mulheres tendem a escolher, como lembra Anaís Passos. “O gênero interage com outras questões: idade, classe social, raça, orientação ideológica. É mais complexo do que achamos”, comenta. Ainda assim, pelas sondagens das próximas eleições, os homens jovens têm apoiado os candidatos mais conservador, enquanto as mulheres os progressistas.

Jovens eleitores

Elas também são a maioria entre pessoas na faixa dos 16 a 18 anos que, como mostra o levantamento do TSE, procuraram pela emissão do título na Semana do Jovem Eleitor. Realizado entre 14 e 18 de março de 2022, o período teve como foco o incentivo dos jovens a exercer a cidadania através do voto.

Foram emitidos 96.425 novos títulos no período, a maior parte para jovens de 18 anos. A procura alcançou 52.561 pessoas do gênero feminino e 43.864 do masculino. Um dos exemplos é Maria Clara, que tem 16 anos e ainda está cursando o ensino médio.

A estudante lembra que sempre acompanhou as conversas dos pais sobre política. Quando pequena, acompanhava a mãe até as salas de votação. Na urna eleitoral, era ela quem apertava os botões que a mãe tinha escolhido para depositar o voto. Em 2022, chegou a vez de Maria Clara escolher.

“Estou muito ansiosa e esperei muito por esse momento. Acredito que essa ansiedade vem dos motivos pra eu ter escolhido tirar meu título, mesmo não tendo a obrigatoriedade de votar”, diz. “Acredito que as escolhas que a gente faz hoje, eu principalmente, vão impactar a minha vida, educação, trabalho, renda e vida social daqui a dois, três ou quatro anos”, completa.

Mulheres na política

Enquanto as mulheres são 52% dos eleitores no Brasil, os números de representação política nos governos é bem menor, de apenas 15%. Os dados foram citados presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/SC (Ordem dos Advogados do Brasil Santa Catarina), Claudia Bressan. “É uma disparidade muito grande, que atribuo a uma barreira estrutural e histórica que segregou as mulheres de participar da política como um todo”.

As mulheres também são, ainda, as maiores responsáveis pelo trabalho doméstico e com os filhos. A cientista política Anaís Passos lembra sobre o tema: “Isso pode dificultar ir votar, é claro, mas desconheço pesquisas sobre o tema”. Como ressalta a pesquisadora, sendo um reflexo da sociedade, a política tende a reproduzir as desigualdades.

“Na esfera pessoal, as mulheres sofrem violência, são educadas para ‘o cuidado’ da família, sobrecarregadas pelo trabalho doméstico. Isso dificulta sua entrada na política e, mesmo quando querem se candidatar, pesquisas mostram que elas têm maiores dificuldades para conseguir financiamento para suas campanhas”, lembra a cientista.

Atualmente, há políticas públicas de incentivo à participação feminina na política. Dois exemplos são a cota de 30% de candidatas mulheres e, mais recente, a cota do fundo eleitoral. Com a emenda promulgada em abril de 2022 pelo Congresso Nacional, os partidos são obrigados a destinar 30% dos recursos para as candidatas.

Foi em 1932 que aconteceu a aprovação do direito de voto das mulheres – há menos de 100 anos. “O que estamos tentando fazer desde que a mulher conquistou o direito é conseguir políticas afirmativas que dão suporte para as que trabalham, têm filhos ou têm uma profissão se sintam motivadas a participar da políticas”, finaliza a presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/SC, Claudia Bressan.

Com informações do ND+

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