Dono de uma das vozes mais conhecidas em Santa Catarina, Salvador iniciou em uma rádio de Orleans
Com sua voz marcante, Salvador dos Santos faz parte da história da comunicação de Santa Catarina. Conhecido por ser um dos primeiros âncoras do telejornal RBS Notícias, em Florianópolis, o comunicador iniciou sua carreira no rádio e neste ano comemora 50 anos de atividade.
De família humilde do interior de Lauro Müller, Salvador dos Santos, 68 anos, teve o primeiro contato com a rádio aos 17 anos, com um empurrãozinho do destino. “Jamais imaginei que sairia da minha cidade natal para ser locutor de rádio, até porque onde eu morava sequer existia luz elétrica e às vezes nem o rádio nós tínhamos para ouvir”, conta.
A história aconteceu de maneira inesperada e todos os caminhos o levaram a se encontrar com a profissão que o realizaria até hoje, após cinco décadas. “Quando eu tinha 13 anos, em função da dificuldade e falta de estrutura para ir à escola, meu pai resolveu que deveríamos morar em Orleans, já que uma das minhas irmãs já estudava e morava lá”, relembra.
Na nova cidade, notou que, assim como ele, muitos jovens estavam em busca de um trabalho, mas as vagas eram escassas. A grande oportunidade surgiu quando uma rádio local anunciou que precisava renovar o quadro de locutores.
Foi assim que, em 1971, aos 17 anos, fez o teste para ocupar a vaga e foi selecionado, apesar da timidez. Poucos meses se passaram e ele já fazia sucesso na região, sendo convidado para festas e outros eventos.
Teste na rádio Tubá
Salvador seguiu em frente acreditando no seu potencial. Escolheu uma das melhores rádios de Criciúma, a Rádio Eldorado, e pediu para fazer um teste. “Para minha surpresa e decepção, nem me receberam”, enfatiza. A “saga” continuou e ele não sossegou até conseguir a próxima oportunidade. Dessa vez a cidade escolhida foi Tubarão.
“Lá também escolhi a melhor rádio da cidade, a Rádio Tubá, e pedi pra fazer um teste”. Só que também não foi como ele esperava. “Fizeram o teste comigo, mas ainda não era noticiarista, não trabalhava como jornalista. E me mandaram fazer um teste nessa área, tive que ler um jornal. Quando terminei o teste, falaram que me avisariam sobre a decisão.”
Em seguida retornou para Orleans e ficou aguardando a resposta. “Obviamente que eu devo ter ido muito mal no teste, porque não fui chamado”, comenta.
Nesse período recebeu um convite para ir para Campos Novos, no meio Oeste. No dia 6 de agosto de 1972 chegou na cidade para trabalhar na Rádio Cultura. Um mês após a sua chegada, foi escalado para fazer a transmissão da parada do dia 7 de setembro, ao vivo, um dos primeiros desafios.
Rádio e TV: uma parceria de sucesso
O caminho já estava sendo traçado. De Campos Novos, Salvador dos Santos foi trabalhar na Rádio Princesa, em Xanxerê; depois na rádio Difusora de Lages; teve uma breve passagem por Curitiba; e retornou a Campos Novos. No início de 1978, uma oportunidade surgiu em Porto Alegre (RS), onde se mudou pra estudar e trabalhar na Rádio Caiçara. Lá, teve a oportunidade de fazer um teste na TV Gaúcha, do Grupo RBS, e foi admitido, passando a trabalhar nas emissoras de televisão e rádio da empresa.
Pouco tempo depois, a RBS abriu sua filial em Florianópolis, na época como TV Catarinense, e Salvador viu a possibilidade de retornar a SC. Foi então que no dia 1º de Maio de 1979, ele chegou à capital do Estado para assumir a posição de âncora de telejornais da emissora, onde permaneceu por 15 anos.
Durante sua jornada como locutor de rádio em Florianópolis, ele trabalhou também na Diário da Manhã, que depois virou CBN AM; Diário FM; Guarujá; Gazeta, de São José; e Guararema. “Com isso, foram-se somando anos e anos, e chegou a este momento, quando eu completo 50 anos de atividades”, conta. Desde 2004, Salvador é servidor efetivo da rádio da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
O segredo para exercer essa profissão por tantos anos, ele conta: “Tenho o maior prazer de usar o microfone para ser útil para a sociedade. Considero o meu trabalho como uma atividade altruísta, tenho vontade de servir às pessoas, prestando um serviço realmente social”.