Flávio Vandelinde Pickler foi sequestrado na madrugada de domingo e mantido em cativeiro até a noite de segunda.
Já está em casa o morador de Braço do Norte que estava desaparecido desde a madrugada do último domingo. Flávio Vandelinde Pickler conversou com o Diário do Sul e disse que foi sequestrado e mantido em cativeiro até a noite dessa segunda, quando foi liberado pelos bandidos e conseguiu pedir ajuda. Flávio, também conhecido como Farofa, é taxista e foi fazer um serviço para o ex-patrão, transportando soro de leite em um caminhão até Carambeí (PR).
Segundo Flávio, foi na volta para casa, ainda no Paraná, que ele foi perseguido e abordado pelos ladrões. “Eles estavam em um carro, em quatro pessoas, todos usando máscaras e coletes à prova de bala. Apontaram armas e fizeram eu parar o caminhão, na beira da estrada. Desci do veículo, colocaram uma sacola na minha cabeça e me botaram no carro. Foi tudo muito rápido, questão de minutos. Parecia filme de terror. Depois, eles me levaram para o cativeiro”, conta.
Ele conta ainda que os momentos de tensão foram ainda maiores após ele ouvir que o caminhão roubado não serviria para os bandidos. “Eu já estava bastante assustado com a situação. Quando chegamos na casa onde era o cativeiro, eles me colocaram num quarto, só com um colchão velho no chão, e falaram que o caminhão em que eu estava não era o que eles queriam. Ali, pensei que ia morrer”, relata.
Em seguida, os bandidos teriam conversado com Flávio e explicado a situação. “Eles informaram que precisariam me deixar no cativeiro por algum tempo, já que eles queriam roubar outros caminhões. Falaram que não pretendiam me matar e que me soltariam, desde que eu cooperasse. Expliquei que não tenho uma das pernas e uso prótese. Tentei ficar tranquilo, para passar essa sensação para eles. Eles não me agrediram, mas um dos bandidos chegou a fazer roleta-russa comigo”, diz Flávio.
Enquanto ele estava no cativeiro, um dos bandidos pegou o caminhão, viajou até São José dos Pinhais e abandonou o veículo no pátio de um posto de combustível. Foi através de rastreamento que o ex-patrão de Flávio conseguiu encontrar o caminhão, que foi recuperado ainda no domingo. Em Braço do Norte, família e amigos estavam aflitos após perderem o contato com Flávio. Um boletim de ocorrência foi registrado na cidade e o caso foi repassado para a Polícia Civil do Paraná.
“Somente na noite dessa segunda-feira, por volta das 22h, que eles decidiram me soltar. Devolveram meus documentos e meu celular, me deixaram em uma estrada e falaram para eu esperar até poder ligar o aparelho. Caminhei por quase 40 minutos até uma estrada e encontrei em um posto abandonado da PRF. Ao lado, tinha uma empresa. Chamei pelo segurança e ele ligou para a polícia. Prestei depoimento e depois consegui falar com minha família”.
“Achei que não voltaria”
Flávio chegou em Braço do Norte ontem pela manhã, quando pôde reencontrar a esposa, Janir, e a filha Anabelly, de cinco anos. Ele também é pai de um jovem de 17 anos. “É uma sensação gratificante poder voltar para a minha família. Agradeço as orações e toda a ajuda que eles receberam nesse momento difícil. Achei que não voltaria para casa, que ia morrer, mas graças a Deus deu tudo certo”, diz Flávio. A polícia continua investigando o sequestro. Ao DS, Flávio disse que, em anos passados, já sofreu outras duas tentativas de roubo de caminhão no mesmo trecho onde o sequestro ocorreu.